tag:blogger.com,1999:blog-1341672289847404071.post3468254504333701429..comments2023-10-20T14:57:03.268+01:00Comments on DESMITOS: A GRANDE QUEDA DA BOLSAAlvaro Santos Pereirahttp://www.blogger.com/profile/13898435603898462072noreply@blogger.comBlogger1125tag:blogger.com,1999:blog-1341672289847404071.post-54427577961963765432008-07-03T08:17:00.000+01:002008-07-03T08:17:00.000+01:00Caro Álvaro,Hoje estamos mais bem preparados para ...Caro Álvaro,<BR/><BR/>Hoje estamos mais bem preparados para combater a crise? Temos de facto mais aspirinas mas não temos qualquer antibiotico.<BR/><BR/>As crises económicas do seculo passado tiveram todas traços comuns. Elas foram geradas nos paises lideres, que detinham o conhecimento, a tecnologia e a capacidade produtiva. Quando se acumulavam em demasia determinadas tensões ou desequilibrios, a crise estalava. Procediam-se a ajustamentos e havia algumas alterações do tecido económico. Mas no essencial não havia grandes alterações. A bonança voltava e esses mesmos paises continuavam a ser os unicos detentores do conhecimento, tecnologia e capacidade produtiva.<BR/><BR/>Essas crises eram em termos de jardinagem uma especie de podas destinadas a limpar os ramos secos e velhos para que as árvores surgissem ainda mais viçosas.<BR/><BR/>A actual crise tem uma origem bem diferente. Com o passar dos anos surgiram economias (chamadas emergentes) que decidiram disputar a liderança detida durante séculos por meia duzia de paises do mundo ocidental.<BR/><BR/>Estes paises passaram a ser também detentores de conhecimento, tecnologia e capacidade produtiva. Álem de que são também em potência uns fantásticos mercados consumistas.<BR/><BR/>E têm a força da juventude. Têm aquela pujança dos jovens que contrasta com o envelhecimento e torpor das economias habituadas há muito a serem os chefes da matilha.<BR/><BR/>E como acontece na natureza, os machos mais novos acabam por disputar a chefia da matilha aos machos mais antigos.<BR/><BR/>E estas pujantes economias emergentes têm uma capacidade competitiva imparável. São muito menos regulamentadas. Em contraste com as velhas economias já muito aristocratizadas em que existem poderosos movimentos sindicais que ao longo do tempo conquistaram direitos e regalias para os trabalhadores e em que ao longo desse mesmo tempo se criou imensa regulamentação que onera de uma forma brutal a produção desses paises. (simplesmente como esses paises detinham o monopólio do conhecimento, tecnologia e capacidade produtiva não havia qualquer concorrência que fizesse frente aos seus produtos). Daí também a imparável deslocalização das empresas para as economias emergentes.<BR/><BR/>Digamos que durante alguns séculos o mundo esteve dividido num sistema de vasos comunicantes em que existia uma torneira fechada que impedia a comunicação dos fluidos. Assim a ocidente o vaso estava cheio e a oriente o vaso estava vazio.<BR/><BR/>Agora a torneira abriu-se. E eu estou certo de que o Àlvaro ainda se lembra do principio dos vasos comunicantes que aprendeu na Física dos seus tempos de liceu.<BR/><BR/>Por isso esta crise vai prolongar-se até que os fluidos se nivelem. Do lado ocidental os fluidos vão baixar de nivel e nas economias emergentes os fluidos vão crescer a um ritmo invejável. Que é aliás o que está a acontecer.<BR/><BR/>Eu tenho consciência que esta minha visão é politicamente incorrecta. Não pode ser sequer admitida à discussão porque significaria que era admitido como possivel que a sociedade ocidental fosse passar por grandes dificuldades por um prolongado periodo de tempo. <BR/><BR/>E existe a necessidade de sonharmos que daqui a mais dois ou três anos tudo voltará a ser como dantes. A ideia de que esta crise se poderá prolongar por algumas décadas é demasiado dolorosa para que possa ser encarada.<BR/><BR/>E qual é o político que ganharia votos com esta perspectiva ou o economista que admitiria a sua impotência perante o decorrer da história.<BR/><BR/>Mas enquanto não descermos à realidade e fizermos de avestruz, estamos a perder fôlego e a perdermos oportunidades de mudarmos o decorrer da história.<BR/><BR/><BR/>Um abraço e desejos de que fique com algumas duvidas no meio das suas certezas.<BR/><BR/>Antonioantoniohttps://www.blogger.com/profile/04972663607080385491noreply@blogger.com