Muitos(as) acreditam que a crise da dívida soberana é fundamentalmente um problema com o euro. Talvez sem, talvez não. Ainda assim, vale a pena discutir a questão. Aqui está mais uma opinião de um analista da Bloomberg;
"The euro has turned into a bankruptcy machine. Once the markets have finished with Ireland, they will simply move on to Portugal and Spain, and after that to Italy and France."
Alvaro Santos Pereira tem razão.
ResponderEliminarCom efeito, o euro tornou-se uma máquina de criação de risco de dívida pública, na medida em que 1) esta deixou de poder ser monetarizada; 2) deixou de ser possível o recurso à desvalorização, o que permitiria aliviar o défice aliviar o défice da balança corrente e atenuar a necessidade de capitais externos.
Que vantagens teve a entrada no euro, que se iniciou com a entrada na segunda fase em 1993? Permitiu que se iniciasse uma política de disciplina monetária de redução da inflação e de ruptura com o anterior ciclo vicioso da desvalorização deslizante. Principal senão: Portugal entrou no euro com um défice da conta corrente, que iria "automaticamente" agravar-se, como aconteceu, uma vez desaparecido o sinal dado pelo mercado de câmbios, referente ao desajustamento da cotação externa da moeda em relação ao seu valor de equilíbrio.
Poderá a economia portuguesa sobreviver fora da zona euro? Pode! e até poderá iniciar, de forma consistente, a correcção do desequilíbrio externo, se não for retomada a monetarização da dívida pública, e se a desvalorização inicial que terá lugar for acompanhada por uma política monetária de contenção do refinanciamento, e na qual a expansão da base monetária se faça essencialmente como contrapartida do aumento das disponibilidades sobre o exterior.
José Soares da Fonseca