14 julho 2009

OS PARTIDOS E A CRISE

Estamos a dois meses e meio das eleições e, sinceramente, ainda não vi uma discussão (ou um plano sequer) dos principais partidos portugueses sobre as medidas que precisamos de tomar para combater a crise estrutural que a economia portuguesa vem vivendo na última década. Suspender as grandes obras públicas certamente não chega e continuá-las ainda menos. Se se fala em apoiar as PMEs, como é que tal vai ser feito e com que impacto nas contas públicas? Como é que os partidos tencionam ajudar a economia a fazer a transição de um modelo baseado em salários baixos e baixa produtividade para outro com maior produtividade? Que sectores vamos privilegiar? Como vamos fazê-lo? Como vamos aumentar os apoios às exportações? Como é que vamos estimular uma maior diversificação dos destinos das exportações? Haverá lugar para cortes de impostos? Se sim, quais e como? Como é que o combate ao desemprego vai ser feito? Através do investimento público ou de um maior estímulo à criação de empresas?
Estas são algumas das questões (entre outras) que eu gostaria de ver respondidas pelos partidos políticos. Infelizmente, até agora, sabemos pouco ou nada sobre o que é que os partidos pensam sobre estes assuntos. Esperemos que a situação mude até às eleições.

07 julho 2009

O "REI" ESTÁ MORTO

As televisões americanas e as canadianas estão num estado de perfeita histeria com a morte de Michael Jackson. Não se fala de outra coisa. Faz-me lembrar quando a princesa Diana morreu e o Reino Unido ficou num estado de catatonia mórbida durante dias a fio. Hoje só se enaltece o auto-proclamado "rei da pop". Entretanto, ontem a televisão pública canadiana, a CBC, transmitiu um documentário da série Passionate Eye, onde a imagem de Jackson era bem menos abonatória Narrado e contado por antigos colaboradores do cantor, o documentário retrata Jackson como nada menos que um pedófilo e abusador de crianças. Nada que não se sabia, mas com bastante mais pormenores. Numa altura em que Jackson é glorificado por milhões de fãs em todo o mundo, convém não esquecer o lado menos glamorioso do homem. Penso que o documentário ainda não está disponível na net, mas, quando estiver, pode ser encontrado aqui. Muito interessante.

03 julho 2009

A DEMISSÃO DO MINISTRO

Após a lamentável cena no Parlamento, era quase inevitável que Manuel Pinho se demitisse. Se nos lembrarmos das outras gaffes do ex-ministro, talvez a demissão não tivesse acontecido se não estivessemos tão perto das eleições. Assim, não havia grande alternativa. O desgaste para o governo seria demasiado se Pinho não tivesse saído. Como estamos a menos de 3 meses das eleições, os riscos para o governo da permanência de Pinho seriam enormes. A oposição argumentou logo que o gesto de Pinho era mais um sinal do desnorte do governo. Talvez. Porém, o mais provável é que as culpas se centrem mesmo no ex-ministro. É que, quase desde o primeiro dia, ele não conseguia evitar as gaffes. Enfim.
Dito isto, interessa também realçar que o primeiro-ministro esteve muito bem neste episódio. É certo que José Sócrates já devia ter remodelado o ministro há muito tempo. Contudo, perante o gesto de Pinho no parlamento, Sócrates procedeu bem e com a dignidade que se impunha.
Qual é o principal legado de Manuel Pinho? A aposta nas energias renováveis. Não tenho dúvidas que este será um dos sectores mais importantes para a economia portuguesa nos próximos anos. Pinho teve a visão de ser o primeiro a apostar no sector de forma considerável. E por isso, e apesar das gaffes terríveis, Manuel Pinho deixa um importante legado que deve ser continuado.