Uma das consequências mais graves da actual crise internacional tem sido o aparecimento de défices orçamentais gigantescos, que ameaçam fazer "explodir" as dívidas públicas nacionais. Por enquanto, quase todos concordam que a prioridade tem que ser o combate à crise. O défice é um problema cuja resolução terá que esperar. Faz todo o sentido, principalmente devido ao acentuado crescimento do desemprego. Contudo, fora de Portugal, já muitos começam a debater o que fazer para fazer travar o descontrolo das contas públicas.
Em Espanha, o primeiro-ministro propõe um aumento de impostos na ordem dos 1,5% do PIB para fazer face ao crescimento do défice orçamental. Em Inglaterra, todos (repito, todos) os principais partidos políticos debatem que despesas é que se irão cortar para lutar contra o défice orçamental. E em Portugal? Será que nos preocupamos com isso? Claro que não. Para quê? Afinal o défice do subsector Estado só subiu 154% nos 8 primeiros meses do ano.
Mas não faz mal. O dinheiro há-de dar para tudo. Para TGVs, para auto-estradas, para novos aeroportos, para ajudas às PMEs, para aumentar os salários acima da inflação, para Planos Tecnológicos, para para para...
É que, como sabemos, as regras que se aplicam aos outros não se aplicam a nós. E, se é assim, para quê nos preocuparmos?
4 comentários:
Espero que nunca, nunca passe de um mau sonho o TGV - Porto/Lisboa.
Estava a ler no "i" on-line o que muito bem disse na Conferencia da Exame. E TGV Porto/Lisboa = jamais..................................................................
Caro Álvaro,
A divida publica e a divida externa portuguesa são absolutamente astronómicas e estruturais. Acontecem por más razões e não sabemos viver sem elas.
As eleições vieram infelizmente fazer crescer ainda mais a ambas. Ao nivel do poder local, as câmaras gastam fortunas em alcatrão, em pavilhões gimnodesportivos e afins para apresentarem obra em Outubro. O governo promete abrir contas a prazo a todos os recém nascidos para que aos 18 anos os putos possam fazer uma enorme festa com os amigos à custa do contribuinte.
Não há qualquer alteração de mentalidades. Tudo se promete sem o mais pequeno sentido de responsabilidade. E eu não tenho dúvida que vamos pagar caríssimo a nossa irresponsabilidade e ineficiência. A vida é muito justa. De uma forma ou doutra a vida cobra-nos as nossas burrices.
Para além disso prevê-se uma forte subida da esquerda comunista e radical que ficará com um peso muito acima das suas congéneres de qualquer outro país europeu. O que irá desencentivar o investimento. De facto, com a carga fiscal a subir, com o anti simplex que complica a vida das empresas de uma forma brutal e com uma esquerda radical que vai impedir que este país passe a ser não só o país dos direitos mas também dos deveres, investir em Portugal só poderá ser obra de parolos. Com um código de trabalho comunista e em que a unica coisa em que se avançou foi no "banco de horas" que nunca funcionará pois depende da autorização dos sindicatos, o país não está apto a quaisquer reformas.
Portugal já foi....
E eu estou plenamente convencido que isto não é uma análisa pessimista. Porque pelo meu lado e com algum sucesso tudo faço para remar contra a maré.
E cada vez mais ouço dizer que Portugal já foi. E claro, para além da falta de pesssoas brilhantes, não vão sair destas eleições quaisquer condições politicas parav se governar.
Antonio
Caro Álvaro,
Neste seu texto você fala de duas soluções diferentes para fazer face aoa deficites. A espanhola cuja solução passa por um aumento da carga fiscal e a inglesa que passa pelo corte das despesas.
Só a segunda é que é solução. Aumentar impostos é como um aumento de dose de coca de jum viciado. Um viciado que se quer curar corta na dose. Não a aumenta. Até porque os estados sociais europeus começam a ser uns verdadeiros gatunos cujo objectivo principal parece ser andar à procura de vítimas para sacar mais. E cada bocadinho que sacam a mais não serve para resolver qualquer problema mas sim para lhes alimetar o vicio. Porque passados meia duzia de meses essa cobrança extra já entrou na rotina e torna-se necessário andar à procura de outras vitimas e de novas situações para se conseguirem maiores receitas.
António
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