11 junho 2010

EMPREGO NAS CÂMARAS

Um dos dados mais interessantes que encontrei ultimamente foi sobre o número de funcionários das câmaras municipais. Como podemos ver no quadro abaixo, cerca de 1,1% da população nacional trabalha para as câmaras municipais. Um valor que não é extremamente elevado se nos compararmos com outros países europeus. Por isso, e apesar de poder haver algum desperdício nalgumas câmaras, não é por aqui que os cortes estruturais nas despesas públicas terão que ser feitos. Disto isto, uma das constatações que podemos retirar dos números de trabalhadores das câmaras municipais é que uma dispersão regional enorme no emprego municipal. Pensa que a maior concentração de trabalhadores se encontra em Lisboa e no Porto? Sim, é verdade em termos absolutos. Mas não em termos relativos. Tanto o Grande Porto como a Grande Lisboa têm um número de funcionários municipais inferior à média do país.
Acha que o despesismo e o favoritismo se passa na Madeira ou nos Açores? Será que é aí que se encontram mais trabalhadores municipais por 1000 residentes? Não, também não é, pois as regiões autónomas têm um número de funcionários municipais semelhante à média nacional.
E se não é aí, onde é que há uma maior percentagem de funcionários muncipais? Sim, exactamente. É no Alentejo, onde o alegado efeito da interioridade é mais forte do que em regiões como Bragança e em Trás-os-Montes. Afinal, não é toa que o Partido Comunista consegue manter o seu irredutível bastião naquela região do país...


NUTS II e III Emprego em CM por 1000 residentes
Portugal 11.2
Norte 9.3
Minho-Lima 9.9
Cávado 7.2
Ave 7.1
Grande Porto 8.7
Tâmega 10.2
Entre Douro e Vouga 7.7
Douro 14.9
Alto Trás-os-Montes 15.1
Centro 10.8
Baixo Vouga 8.0
Baixo Mondego 10.6
Pinhal Litoral 7.1
Pinhal Interior Norte 17.0
Dão-Lafões 12.2
Pinhal Interior Sul 19.6
Serra da Estrela 12.2
Beira Interior Norte 14.9
Beira Interior Sul 10.7
Cova da Beira 7.9
Oeste 10.9
Médio Tejo 11.6
Lisboa 10.5
Grande Lisboa 9.9
Península de Setúbal 11.9
Alentejo 19.9
Alentejo Litoral 24.6
Alto Alentejo 23.7
Alentejo Central 20.5
Baixo Alentejo 24.5
Lezíria do Tejo 13.6
Algarve 18.7


Região Autónoma dos Açores 11.4
Região Autónoma da Madeira 13.7

8 comentários:

Anónimo disse...

1,1%???

Ou 11,2%???

Jonh disse...

se as contas estiverem certas, é 1,1% (11,12 pessoas em mil).

Rolando Almeida disse...

muito interessante esta informação

Alvaro Santos Pereira disse...

Obrigado pelos comentários.
É mesmo 1,1% ou 11 por 1000 pessoas

Obrigado a todos

Alvaro

Anónimo disse...

"Um valor que não é extremamente elevado se nos compararmos com outros países europeus. Por isso, e apesar de poder haver algum desperdício nalgumas câmaras, não é por aqui que os cortes estruturais nas despesas públicas terão que ser feitos."

Não compreendo este raciocínio. Não devemos fazer cortes estruturais porque estamos de acordo com a média europeia, mesmo que haja desperdício? Eu diria que, se há desperdício, deveremos cortá-lo, estejamos acima ou abaixo da média europeia. O nosso objetivo não deve ser o de estarmos de acordo com a média europeia, o nosso objetivo deve ser combater totalmente o desperdício!

Luís Lavoura

Miguel Madeira disse...

Esses valores referem-se só aos funcionários dos munícipios ou incluem também os trabalhadores das empresas municipais?

lmleitao disse...

Boas Álvaro,

Estatísticas bem interessantes que dão que pensar numa altura em que a ideia de a solução para grande parte dos problemas orçamentais passaram exactamente pelo corto dos salários dos funcionários públicos. Pelos números que apresenta fico cada vez mais convencido que não é por esse caminho que se fará a tão desejada consolidação orçamental. Acho que, talvez, a resposta está sim no encerramento de uma quantidade enorme de institutos e direcções-gerais de nada que apenas servem para afundar as contas públicas e a encher os bolsos de alguns 'boys'. Os tempos presentes seriam por ventura a altura certa para se colocar um ponto final deste pobre filme.

abraço,
luís

Unknown disse...

Subscrevo o comentário do Miguel Madeira. Provavelmente estes numeros são dos funcionários do quadro da Câmara, apesar de muitos serviços terem sido transferidos para empresas municipais cuja transparência é sempre duvidosa, nomeadamente na admissão de pessoal (entenda-se empregos para os amigos)