30 junho 2008
JUROS MAIS ALTOS
VIVA ESPAÑA
28 junho 2008
MANDELA AOS 90
ENTREVISTA _ LIVROS COM RUM
27 junho 2008
OS NOSSOS IMPOSTOS
- É fácil ver que os que pagam mais impostos em percentagem do PIB são os países escandinavos. Nenhuma surpresa aí.
- Os que pagam menos são quase todos mais pobres do que nós (em termos de rendimento per capita). Mesmo assim, há excepções. A Grécia, a Irlanda, Malta e Luxemburgo têm todos rendimentos per capita superiores ao nosso e, no entanto, têm cargas fiscais menos pesadas.
- A carga fiscal portuguesa aumentou 10 por cento nos últimos 1o anos. Foi das que mais aumentou
- Ainda assim, houve países em que a carga fiscal aumentou ainda mais: Chipre, Malta e Espanha viram um agravamento das suas cargas fiscais ainda maiores do que os portugueses
- É de assinalar que alguns dos países que melhores desempenhos registaram nos últimos anos foram os que viram as suas cargas fiscais diminuir na última década. A Eslováquia, a Letónia, a Estónia, a Irlanda, a Polónia, o Luxemburgo, a Hungria, a Alemanha, a Holanda, a Aústria, a Finlândia e a Suécia, todas tiveram desagravamento fiscal nos últimos 10 anos. Ou seja, quase metade dos países da UE viram as suas cargas fiscais diminuir, enquanto a nossa aumentou.
26 junho 2008
PORTUGAL ULTRAPASSADO
MISTÉRIO DOS PÉS (2)
25 junho 2008
PODER LOCAL E ASSIMETRIAS REGIONAIS
Os próprios subsídios europeus têm tido um papel ambíguo no desenvolvimento destas regiões. Por um lado, aumentaram consideravelmente a qualidade das infraestruturas. Por outro, os subsídios europeus fomentaram a corrupção e o compadrio do poder local, e criaram a ilusão de que os problemas das assimetrias regionais poderiam ser resolvidos simplesmente com a injecção de fundos. Qual é então a solução para um desenvolvimento regional sustentável? Apesar de não existirem receitas fáceis, uma das mais importantes condições é a existência de estruturas do poder local que estejam verdadeiramente interessadas no bem-estar das populações. É por isso que é tão importante que exista um verdadeiro combate contra a corrupção e o nepotismo do poder local (e central). Uma tarefa que não é nada fácil, assim como é demonstrado pelos recentes casos de suspeita de corrupção e favorecimento que poucos resultado deram (pelo menos até agora).
24 junho 2008
HORAS TRABALHADAS
Austria 1,519
Belgica 1,611
Chipre 1,809
Dinamarca 1,575
Espanha 1,774
Finlandia 1,714
França 1,529
Grécia 1,912
Holanda 1,413
Irlanda 1,636
Italia 1,592
Luxemburgo 1,540
Malta 1,790
Portugal 1,709
Reino Unido 1,624
Suécia 1,588
POLÍTICA ENERGÉTICA DOS EUA
CÃO MAIS FEIO
CITAÇÃO DO DIA
DEMOCRACIA À MUGABE
Está provado. As eleições do Zimbabwe serão mesmo uma farsa. Face ao crescendo de violência, a oposição já abandonou o escrutínio e o líder do principal partido da oposição encontra-se refugiado na embaixada holandesa. Já foram assassinados dezenas de opositores do regime e os militares continuam a apoiar o regime assassino de Mugabe. Mugabe já mostrou que prefere matar o seu povo à fome do que abandonar o poder. A comunidade internacional já condenou os últimos acontecimentos no Zimbabwe, mas continua bastante passiva. Afinal, quem é que verdadeiramente se importa com um pequeno país do sul de África sem petróleo ou grandes riquezas naturais?
23 junho 2008
NIVELAR PELA MEDIOCRIDADE
22 junho 2008
GASTOS DAS FAMÍLIAS
GASTOS DAS FAMÍLIAS (1)
Na passada sexta-feira o DN noticiou o inquérito do Eurotsat mais recente sobre os gastos das famílias. Aqui está a notícia:
"As famílias portuguesas são as que, na União Europeia, maior fatia dos seus orçamentos gastam em despesas de saúde (6,1%), revela um relatório do Eurostat divulgado ontem. Os dados colocam ainda os portugueses no topo das despesas em restaurantes e hotéis e em quarto lugar, entre 27 países, na lista dos que maior fatia do ordenado aplicam no ensino.Os gastos das famílias com a saúde, diz Natália Nunes, da Deco - Associação de Defesa do Consumidor, não deixam de ser um sinal de que algo está mal com o Serviço Nacional de Saúde: "É contraditório que se gaste tanto em despesas privadas, atendendo ao que todos nós investimos, através dos impostos, no SNS", admitiu.Para o economista, Álvaro Santos Pereira , é também claro que esta despesa, da qual só os gregos (5,9%) se aproximam, indica a "ineficiência" do sector público e parece comprovar a "impaciência" dos portugueses com situações conhecidas, como as listas de espera. "Há países, nomeadamente os escandinavos, que pagam mais impostos, mas depois quase não ? têm despesas privadas".
Já em relação ao ensino, diz Albino Almeida, da Confederação Nacional das Associações de Pais, "os números provam que os portugueses não facilitam na educação, como se tem dito ultimamente". O responsável da confederação de pais considera, no entanto, que há despesas "incomportáveis", dando o exemplo dos manuais: "O nosso salário mínimo não chega aos 500 euros e há alguns cabazes de livros, no terceiro ciclo, que chegam aos 250". O Estado, reconhece, poderia ajudar mais, nomeadamente "ampliando" a rede de creches públicas, "mas também podemos esperar melhorias graças à escola a tempo inteiro, que reduziu os gasto pelas famílias com a ocupação dos tempos livres".
21 junho 2008
TAXA ROBIN DOS BOSQUES
SER EMIGRANTE
20 junho 2008
AINDA O BOICOTE DOS COMBUSTÍVEIS
Um dos problemas que se colocariam seria com a produção e distribuição de alimentos. Como mencionei, há umas décadas atrás o petróleo não era tão importante como hoje. Porém, na altura, uma grande parte das populações ainda vivia ligada à terra. O mesmo não é verdade hoje em dia. Nos países ocidentais, somente entre 3 e 10 por cento das populações nacionais trabalham directa ou indirectamente da agricultura. Por isso, num cenário de escassez absoluta de combustíveis, as pessoas certamente iriam tentar armazenar a maior quantidade possível de alimentos. É provável até que houvesse um certo pânico das populações que tentariam guardar o mais possível alimentos não perecíveis. Prontamente surgiria um mercado negro (ou não oficial) de todo o tipo de produtos (alimentares incluídos), a especulação aumentaria, e os preços cresceriam de uma forma significativa. Um outro mercado negro surgiria certamente para os próprios combustíveis, que seriam mais valiosos que o ouro.
Os sectores mais afectados inicialmente seriam os ligados aos transportes e à distribuição de produtos. Táxis e transportes privados seriam os primeiros a sentir o efeito, e só mais tarde os transportes públicos (porque, certamente, seria dada prioridade a este tipo de transportes). Aos poucos e poucos até estes transportes seriam afectados. Os menos afectados seriam as actividades do sector dos serviços, tais como o sector financeiro e as empresas ligadas às novas tecnologias de informação (principalmente àquelas que dependem da internet).
Passadas umas semanas, e se os combustíveis ficassem realmente escassos, toda uma série de serviços públicos (p. ex. A recolha do lixo, etc) iriam ser afectados consideravelmente. Para evitar situações de ruptura da ordem pública e para manter a saúde pública, a prioridade total seria dada ao abastecimento dos serviços do Estado. Para tal, seria declarado o estado de emergência, no qual seriam mantidas reservas nacionais de combustíveis para sectores como a defesa e a segurança interna, bem como para o sector da saúde.
Numa situação de desespero, alguns poderiam ser tentados a reintroduzir alguns animais de carga e de transporte, como os burros (se ainda existirem...) e outros. Muitos poderiam ser tentados a procurar alternativas ao petróleo, mas estas tentativas seriam quase todas em vão. É certo que existem algumas energias alternativas. Contudo, mesmo que houvesse um maior investimento nessas áreas, a verdade é que levaria demasiado tempo para que quaisquer alternativas surtissem efeito a curto ou médio prazo.
O tempo de resistência dependeria muito do sector em causa. Os mais rapidamente afectados seriam os dos produtos perecíveis e o sector dos transportes. Os sectores que não dependem directamente do sector dos transportes seriam menos afectados.
Os hábitos dos consumidores e dos privados seriam muito afectados. O chamado “tele-commuting” (trabalhar de casa) aumentaria exponencialmente. Muitos iriam para os seus empregos a pé ou de bicicleta. Muitas escolas fechariam, etc., etc. Somente serviços essenciais seriam mantidos.
O impacto macroeconómico seria tremendo. A Inflação dispararia. A Economia entraria em recessão. O desemprego e o sub-emprego cresceriam dramaticamente. A escala das actividades económicas seria substancialmente reduzida
O comércio internacional seria gravemente afectado. A maior parte das nossas exportações iria acabar. Se o mundo não fosse afectado, as nossas maiores importações seriam alimentos e combustíveis. Se o mundo fosse afectado, então o comércio internacional seria reduzido quase para zero.
19 junho 2008
NEAR MISSES
ASSIM SE VÊ A FORCA (sem cedilha) DO PC
A FOME DE MUGABE
O MISTÉRIO DOS PÉS
FALTAS AOS EXAMES (2)
A propósito das faltas aos exames, o Rolando Almeida, autor do blogue Filosofia no Ensino Secundário, comenta: "Sinceramente ainda nem sei quais as consequências desta falta (só na sala onde estive faltaram 5 alunos em 20). Há muitas lições a tirar dos exames, entre as principais:1) muitos professores defendem um ensino sem exames2) Existe um verdadeiro drama em relação aos exames, o que prova a falta de hábitos dos nossos estudantes em fazer exames.3) muitos professores trabalham com 30 ou mais alunos na sala de aula, mas para os exames estão dois professores vigilantes para um máximo de 20 alunos por sala;4) Dada a extinção de mais alguns exames, os alunos fazem , este ano, dois ou três exames e ficam com metade de Junho, Julho inteiro, Agosto inteiro e mais alguns dias de Setembro sem escola.5) mesmo que os estudantes faltosos não pudessem usar outra oportunidade para fazer o exame, o certo é que tem muitas alternativas duvidosas para completar o ensino secundário.6) Hoje mesmo li nas notícias que a Ministra da Educação está feliz pelos resultados das provas de aferição. Quanto a avaliações internas temos o assunto resolvido. São os noventas e tais de sucesso a matemática e português. Só mesmo em avaliações externas é que estas percentagens perdem qualquer significado."
Obrigado pelo esclarecimento, Rolando.
18 junho 2008
MALÁRIA EM PORTUGAL
ELEGER UM MORTO
FALTAS AOS EXAMES
17 junho 2008
UM ANJO PREVENIDO VALE POR MUITOS
JUROS A SUBIR
16 junho 2008
A LINHA DA FRENTE E O ABANDONO ESCOLAR
TRÊS FS
Será que nos devíamos envergonhar por a Mariza ser a coqueluche da World Music nos mercados internacionais? Por cantar em Carnegie Mellon e no David Letterman Show? Será que nos devíamos envergonhar do extraordinário sucesso de José Mourinho e do Cristiano Ronaldo na Inglaterra? Dos recentes feitos da selecção nacional? É claro que não. O Portugal actual já não é, felizmente, o Portugal atrasado, analfabeto e ultra-conservador dos anos 60. Portugal já não é um país de coitadinhos, mas sim um país moderno. Ora, eu não preconizo um retrocesso a esse Portugal tradicional. Pelo contrário. O fado de Mariza não é o fado de Amália. É mais experimental, mais inovador, e mais internacional. Igualmente, o futebol português tem tido sucesso a nível internacional devido às nossas excelentes escolas e academias, que utilizam os melhores métodos existentes para formar jogadores de qualidade. Ora, se temos vantagens comparativas nestas actividades, porquê desprezá-las? Porquê envergonharmo-nos da sua existência? Porquê estigmatizá-las como sendo um retrato de país atrasado? É claro que os três F’s não podem ser as nossas únicas apostas. Temos que apostar cada vez mais em sectores de maior valor acrescentado. Porém, os três F’s deviam ser parte integrante das nossas apostas económicas.
Dá aulas fora de Portugal – que diferenças encontra nos países onde tem trabalho face ao ensino e ao mercado de trabalho portugueses?
A nível do ensino, claramente a transparência e a meritocracia. Quando concorro para uma posição numa universidade internacional, eu sei que vão olhar para o mérito do meu currículo quando me avaliam. Se for bom contratam-me, mas, se não o for, não serei escolhido. Não interessa a minha cor política ou os meus conhecimentos e amigos na faculdade em questão. Só os meus dotes de investigador e professor. Pelo contrário, em Portugal, se concorrer a uma posição numa universidade, preciso ter cuidado com a cor política da faculdade, e nunca se sabe se o concurso em questão é uma farsa, destinada a preencher uma vaga já previamente atribuída (o que é o habitual). Ora, estes comportamentos premeiam a mediocridade, o compadrio, a imobilidade e a ineficiência. Somente mudando estas práticas é que poderemos aspirar a um ensino superior com qualidade internacional.
CRIMES CONTRA O PAI DA NAÇÃO
MANGAS A EXPLODIR
PORTUGAL A DESAPARECER
15 junho 2008
REFERENDO IRLANDÊS
O DESESPERO DE MUGABE
CITAÇÃO
14 junho 2008
13 junho 2008
QUANDO SE CEDE...
PEDIDO DE DESCULPAS (2)
12 junho 2008
CUBA REFORMADORA
PEDIDO DE DESCULPAS
ESCOLAS MALDITAS
11 junho 2008
A PARALISAÇÃO DOS CAMIONISTAS
MAIS UMA VITÓRIA
A ENERGIA, O BURRO E O ELEFANTE
10 junho 2008
ATRAIR EMIGRANTES
MAIS INFLAÇÃO
09 junho 2008
A NOVA GRANDE FOME
PEQUENOS GRANDES CONTOS
REGRESSO DA INFLAÇÃO
REGRESSO
06 junho 2008
O COLOSSO EUROPEU
Em suma, se olharmos para a maioria dos indicadores de performance económica, será fácil concluir que a UE está bem e recomenda-se. Contudo, neste caso, os números são um pouco enganadores. Apesar do seu peso económico, na prática a UE continua a ser um gigante de pés de barro. Para além de não ter relevância política nem força diplomática, a UE é ainda um anão económico, sem força nem músculo a nível global.
Por um lado, a fraqueza económica da UE deve-se à sua fragmentação política e cultural. E se a constituição do mercado único foi um passo decisivo para a consolidação da UE, a verdade é que na prática ainda persistem demasiadas barreiras culturais e nacionais. Porém, a principal razão para a fraqueza económica europeia deve-se ao facto de a UE ainda não ser um verdadeiro líder tecnológico. Afinal, nos últimos 150 anos, a Europa quase nunca foi o líder nas tecnologias de ponta, e os indicadores mais recentes não sugerem uma inversão desta tendência.
Apesar das recentes campanhas destinadas a aumentar a competitividade da UE, os desafios são realmente extraordinários. Em primeiro lugar, a UE está à porta de uma crise demográfica, pois desde o início dos anos 70 que a taxa de fertilidade está abaixo do limiar da renovação populacional. Neste campo, a solução passa necessariamente tanto por aumentos dos incentivos de natalidade (principalmente a nível do pre-éscolar e das estruturas de apoio paternal), como por um aumento da imigração qualificada. Em segundo lugar, a emergência da China e da India criam desafios sem precedentes a nível comercial e industrial. Mesmo assim, a resposta da UE não deve ser o proteccionismo (penalisadora dos consumidores), mas sim uma maior competitividade económica, principalmente nos sectores de maior valor acrescentado.
Para tal, é imperioso continuarmos a insistir na implementação de uma maior flexibilização das economias europeias bem como na atribuição de maiores incentivos à inovação e à investigação. Somente quando se afirmar nos campos da investigação e da inovação tecnológicas é que a UE se poderá tornar verdadeiramente num colosso europeu.
05 junho 2008
A HIPOCRISIA DA UE
Perante este crescente nacionalismo económico e devido à crise económica que assola o Velho Continente, existe o risco de que a UE ceda às pressões dos grandes e admita excepções implícitas ou explícitas ao mercado único. Se tal acontecesse, o equilíbrio de forças na UE poderia estar em risco. De facto, é completamente inaceitável que numa Europa de Estados supostamente iguais, as regras sejam tacitamente distintas dependendo do peso económico e político dos países em causa. No entanto, quer se goste quer não, em grande medida, actualmente na UE as regras para os pequenos são para se cumprir, enquanto para os grandes as regras são negociáveis. Foi assim com o Pacto de Estabilidade e agora, se a Comissão não assumir uma posição firme e determinada, poderá acontecer o mesmo com o sector energético.
É claro que não podemos ser ingénuos. Afinal, quando a Alemanha espirra o resto da Europa constipa-se. A economia portuguesa poderia até ter uma doença quase terminal e poucos seriam os parceiros europeus que sofreriam consequências. O mesmo se passa com Malta, Chipre, a Lituânia, entre outros. Mesmo assim, a sustentabilidade da UE poderá ficar em risco se as regras continuarem a ser sistematicamente diferentes para grandes e pequenos. Ora, num mundo crescentemente globalizado e competitivo, é importante que a Europa fique unida para poder fazer face aos imensos desafios do futuro. Para tal, é imperioso que as regras sejam cumpridas por todos e que não seja dado tratamento preferencial a ninguém. Caso contrário, o equilíbrio e o futuro da própria Europa unida poderão estar em causa.
04 junho 2008
O NOVO KENNEDY
PERSISTÊNCIA SEM SENTIDO
Apesar de já não ser possível matematicamente ganhar a nomeação democrata, Hillary Clinton não desiste. Ontem, quando devia ter dado os parabéns a Obama e ter feito tudo para unir o partido, Hillary preferiu enaltecer as suas virtudes e pedir aos seus apoiantes para lhe dizerem o que fazer a seguir. Como é natural, todos os comentadores americanos acharam que esta é uma atitude lamentável e inclassificável. Não aceitar a vitória de Obama é negar o óbvio e é de um narcisismo descomunal. Há pessoas que amam os seus egos acima de tudo e contra todos. Hillary é uma delas. Esperemos que Obama não ceda à tentação e a nomeia candidata à vice-presidência. Se assim, fosse, a chantagem dos Clinton teria resultado. E a "mudança" representada por Obama seria bem menor.
OUTRAS VÍTIMAS DO SISMO
03 junho 2008
OS DOIS PORTUGAIS
Historicamente, Portugal foi sempre um país muito dual, no qual a riqueza e opulência de Lisboa contrastavam com o atraso económico das regiões restantes. A situação melhorou nos séculos XIX e XX com a industrialização e com o crescimento do turismo. Mesmo assim, Portugal ainda é um país com grandes assimetrias regionais. O rendimento médio das regiões Norte, Centro, do Alentejo e dos Açores é cerca de dois terços por cento da média da UE-25. Este valor é de 81 por cento para a região algarvia e de 89 por cento para a Madeira. Em contraste, um habitante da região de Lisboa dispõe de 112 por cento do rendimento de um europeu médio. Ou seja, se Portugal fosse só Lisboa, já estaríamos acima do rendimento médio europeu na UE-25 (mas não na UE-15).
Estas diferenças de desempenho económico regional explicam-se não só pelo atraso histórico (que é difícil de eliminar), mas também porque as regiões menos desenvolvidas têm um capital humano menos qualificado e piores infra-estruturas. Ora, será necessário uma regionalização para reduzir as assimetrias regionais? A resposta é claramente negativa. De facto, os últimos anos têm demonstrado que a convergência das regiões mais atrasadas é possível, visto que as regiões do Algarve, do Alentejo, dos Açores e da Madeira continuaram todas a sua convergência real em relação à média europeia. Em contrapartida, uma das causas da crise dos últimos anos tem origem no fraco desempenho da região lisboeta, que divergiu significativamente em relação à média europeia.
Estes indicadores sugerem que é possível apostar no aumento da convergência das regiões portuguesas. Neste sentido, a convergência real das regiões poderá ser auxiliada por uma série de políticas, que deverão incluir: a) maiores responsabilidades e poderes das estruturas locais existentes, b) maiores competências fiscais para as regiões menos desenvolvidas, c) benefícios fiscais adicionais na atracção do investimento para as regiões mais carenciadas, e d) promoção de sectores alternativos (como o turismo rural). A implementação deste conjunto de medidas práticas poderia dar um contributo muito mais significativo para a atenuação das assimetrias regionais do que a regionalização, a qual certamente criaria ainda mais burocracia num país com um Estado já balofo.