31 março 2008

DITH PRAN


Há pessoas que fazem a diferença. Dith Pran, fotojornalista do New York Times que lutou para dar a conhecer ao mundo os horrores dos Kmer Vermelhos, ficou celebrizado pelo filme Killing Fields. As atrocidades do Cambódia foram das maiores e das mais horríveis de todo século 20, quando um povo inteiro foi arrastado para o genocídio e para a barbárie por causa de um ditador e dos seus fanáticos seguidores. Se hoje sabemos o que se passou durante a carnificina dos Kmer Vermelhos foi graças à coragem de pessoas como Dith Pran.
Dith Pran morreu ontem. O New York Times presta-lhe a merecida homenagem aqui.

MAIS MUÇULMANOS QUE CATÓLICOS



A tendência já existia há algum tempo. No entanto, só agora é que se confirmou o que era inevitável (devido às diferenças do crescimento populacional): já há mais muçulmanos do que católicos no mundo. Os católicos são cerca de 17.4% da população mundial, enquanto os muçulmanos constituem mais de 19% do tol mundial. Segundo o Monsenhor Vittorio Formenti, "For the first time in history we are no longer at the top: the Muslims have overtaken us". O que seria interessante era que a igreja católica se perguntasse o porquê do declínio relativo (e absoluto?) da sua religião (para além dos factores populacionais). O que é que a igreja católica estará a fazer mal para ver os números dos seus fieis decrescer de uma forma consistente? O que é que os muçulmanos fazem para verem os seus fieis a aumentar crescentemente?
PS. Os cristãos (católicos, protestantes e ortodoxos) ainda são o grupo religioso maior. Cerca de um terço da população mundial considera-se católico. Desconheço se os números agora apresentados contêm ateus e agnósticos.

OS ELOGIOS DE GAMA A JARDIM

Numa atitude pouco habitual, o PS-Madeira criticou publica e severamente Jaime Gama, presidente da Assembleia da República e um histórico do Partido Socialista. Porquê? Porque Gama, contra a corrente dominante, decidiu elogiar publicamente (cruz credo!) João Jardim (abrenúncia!). Segundo o PUBLICO, o PS-Madeira afirma que Jaime Gama “ofendeu todos os cidadãos deste país, particularmente aqueles que, na Região Autónoma da Madeira, têm sido severamente prejudicados, no seu corpo e na sua alma, pelo exercício autocrático do poder regional vigente, já lá vão trinta anos... Elogiar alguém que tem perseguido madeirenses, ofendido sistematicamente os seus adversários políticos, atentado constantemente contra a unidade da Pátria e atacado sucessivamente, muitas vezes de forma boçal, os titulares de órgãos de soberania e os mais altos detentores de cargos políticos deste país é no mínimo uma falta de respeito para com os princípios indeléveis que enformam o socialismo democrático, como sejam a Liberdade e a Democracia, a que todos estão vinculados quando aderem ao Partido Socialista, quanto mais um dos seus fundadores" .
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O que estes(as) senhores(as) não entendem é que Jaime Gama não estava a elogiar a democracia (ou a falta dela) na Madeira. Estava a fazer uma coisa que é rara (raríssima) em política que é elogiar um oponente pela obra feita. Tiro o chapéu a Jaime Gama por esse nobre gesto. Com essa atitude, Gama demonstrou que está acima da politiquice barata e demagógica. O que está em causa não é se João Jardim é mais ou menos boçal, mais ou menos grosseiro, mais ou menos correcto. O que está em causa (e o que é inegável) é que, contrariamente a muitos dirigentes nacionais e incontáveis autarcas, João Jardim tem obra feita. João Jardim vai ficar para a história da Madeira por causa da sua obra, por causa do impressionante desenvolvimento madeirense, não por causa do seu estilo "boçal". Digo isto sem qualquer interesse e/ou favoritismo. Eu até nem gosto do estilo pessoal de João Jardim, mas que é eficaz é, que resulta resulta. E se resulta, porque é que o homem há-de mudar?

A FACE HUMANA (2) _ COMENTÁRIOS DOS LEITORES (11)

A propósito da nova face humana do primeiro-ministro, o joshua (a face parece-me familiar..., onde é que eu já o vi?), do Palavrossavrvs Rex (entre muitos outros) tem o seguinte comentário (entre outros):
"E por que diabo não pode a face reformeira ser uma face humana, ó Álvaro Santos Pereira? Parece que estavas a adorar a face desalmada, desumana, hostilizante, crispante, jamézizante, OTA-Otitante."

Concordo, Joshua, que uma face reformista pode ser e ter uma face humana. No entanto, nos três anos de governação o primeiro-ministro nunca se preocupou com o seu "lado humano" (aliás, como ele próprio admitiu). A alteração deste estado de espírito ocorreu não porque o combate ao défice já acabou (porque isso ainda não aconteceu), mas sim porque as eleições estão à porta. Considero que a protecção social é fundamental para a coesão social. No entanto, neste momento, a prioridade tem que ser só uma: o crescimento económico. Com ou sem face humana, com alma ou sem alma, com hostilidades ou sem elas, com crispação ou não, com a Ota ou sem Alcochete, o que interessa é que a economia saia do marasmo.
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Mais crescimento económico significa maior criação de mais empregos, maiores rendimentos. Mais crescimento económico significa maior colecta de impostos (a nível total ou asboluto) e menos obsessão com o défice. Mais crescimento económico significa maior protecção social, nem que não seja porque teremos mais recursos para o fazer. Os(as) portugueses(as) não querem esmolas, querem empregos. Os(as) portugueses(as) não querem as faces risonhas do primeiro-ministro, querem reformas que lhes facultem um aumento do nível médio de vida.

DE PEQUENINO...

Kazuhiro Nogi/AFP/Getty Images
Uma academia de música em Tóquio.

30 março 2008

ANTÓNIO BORGES

Num dos registos mais lúcidos dos últimos tempos sobre a economia nacional, António Borges dá uma entrevista de fundo ao PUBLICO. Vale a pena ler. Não seria óptimo termos uma oposição assim, com propostas e uma visão para o país? O debate político e económico subiria de tom e a qualidade das propostas aumentaria consideravelmente. É sabido que grandes governos têm quase sempre por trás grandes oposições. Ora, actualmente, independentemente da qualidade do governo, a verdade é que a oposição continua a ser simplesmente patética. Sem propostas, sem visão, sem uma linha de rumo definida. Esperemos que o regresso de António Borges augure algo de novo no debate político e económico.

O GOVERNO DA FACE HUMANA

Segundo o PUBLICO, o primeiro-ministro "assumiu ontem uma governação de "face humana" depois de três anos que apelidou de "muito difíceis", em que teve de "disfarçar estados de alma"". Hmmm... Quererá isto dizer que se acabaram as reformas até às eleições? Não mais lutas com os professores? Com os sindicatos da Função Pública? Com os médicos? Provavelmente. Se assim for, mais uma vez, ficarão as reformas incompletas à espera de melhores dias. E, mais uma vez, fica o país adiado por mais uns meses.
Ora, perante a estagnação actual, o governo não se devia preocupar com a sua face humana. Pelo contrário. Devia concentrar-se em manter a face das reformas, tão vitais para o nosso país.

O SEXO E OS JAPONESES

Está explicada a baixa fertilidade japonese. O trabalho é tanto (pelo que dizem) que a maioria dos casais não tem relações sexuais. Segundo o Observer: "A quarter of married couples in Japan have not had sex in the past year. The problem worsens with age. While the study found that the 42 per cent of couples in their twenties who had lived together for fewer than five years had sex at least once a week, almost 38 per cent of married couples in their fifties have none... According to one study a fifth of Japanese husbands say they are bored with intercourse, while about 15 per cent say they are simply too tired. A similar proportion of women agree that the spark has gone out of their love lives, although fewer than one in 10 blames their lover's poor performance in bed."

A CRISE E AS ELEIÇÕES


29 março 2008

O MILAGRE MOÇAMBICANO _ DN

O meu artigo do Diário de Notícias da última semana:
"Em 1992, quando os acordos de paz foram assinados, poucos acreditavam no futuro de Moçambique. Após 500 anos de colonização e de três décadas de conflitos sangrentos e devastadores, Moçambique parecia um caso perdido, um caso clássico de um país preso nas chamadas armadilhas de conflito e da pobreza.
Quinze anos mais tarde, e contra todas as probabilidades, Moçambique é o exemplo mais nítido de uma África renascida. Um verdadeiro milagre económico. Nos últimos 15 anos, a economia moçambicana cresceu a uma média de 8 por cento ao ano, a pobreza decresceu, os investidores estrangeiros afluíram com entusiasmo ao país, e a indústria cresceu a mais de 20 por cento ao ano.

Sustentado pelo programa de privatizações mais bem-sucedido de toda a África, pela liberalização da economia, pelas exportações industriais, e pelo dinamismo económico dos moçambicanos, Moçambique tornou-se num dos maiores casos de sucesso da economia mundial.
É verdade que ainda há muito para fazer. Afinal, apesar do crescimento sem precedentes, Moçambique ainda é um país extremamente pobre. Os recentes tumultos relacionados com a subida dos preços dos transportes semi-públicos mostram que permanecem desequilíbrios que têm que ser corrigidos. Ainda há riscos e incertezas, as desigualdades sociais e regionais têm que ser atenuadas, a dependência da ajuda externa tem que diminuir e os níveis de pobreza têm que ser reduzidos.
No entanto, o mais difícil está feito. As forças do desenvolvimento económico foram desencarceradas, a jovem democracia mostra sinais de vitalidade e o futuro de Moçambique é verdadeiramente promissor. Como nunca foi.

Como antiga potência colonizadora e como amigo de Moçambique, Portugal pode ajudar a manter este milagre económico. Como? Não só continuando a investir no país, mas também perdoando a dívida moçambicana. Outros países já o fizeram. Chegou a nossa vez de fazer o mesmo. Chegou a nossa vez de acreditar também em Moçambique."

O NOVO RUSHDIE

Como já aqui falámos, um dos melhores autores de língua inglesa, Salman Rushdie, está prestes a lançar o seu novo livro, "The Enchantress of Florence". As primeiras críticas já surgiram e são extremanente favoráveis. Será este o tão esperado romance que poderá rivalizar com o fabuloso "Midnight's Children" ("Os Filhos da Meia-Noite")?
Segundo uma crítica do Guardian:"Salman Rushdie's sumptuous mixture of history and fable in The Enchantress of Florence is magnificent... The essential compatibility of the realistic and the fantastic imagination may explain the success of Rushdie's sumptuous, impetuous mixture of history with fable. But in the end, of course, it is the hand of the master artist, past all explanation, that gives this book its glamour and power, its humour and shock, its verve, its glory. It is a wonderful tale, full of follies and enchantments. East meets west with a clash of cymbals and a burst of fireworks."
Promete. Já anseio por vê-lo nas livrarias.

TIBETE (3)

Retirado da www.slate.com

28 março 2008

IVA A CAIR

Depois dos piercings, o governo arrisca-se a cair ainda mais no ridículo. Agora foi a vez do o Ministro das Finanças a propósito da descida do IVA. Segundo o PUBLICO, "Teixeira dos Santos... quer reforçar a vigilância em sectores "em que os mecanismos de fixação de preços nem sempre são muito transparentes". E apelou, ainda, ao papel dos consumidores nesta matéria, referindo como importante "a [sua] consciência cívica e pressão" para que "a descida do IVA se reflicta nos preços e o mercado funcione de forma correcta".
Controlar as empresas para verificar se a descida do IVA leva a uma descida de preços??? Controlar as empresas por causa de um mísero decréscimo de 1 ponto percentual no IVA??? Give me a break!, como dizem os ingleses. Enfim, um disparate, um perfeito disparate. Um desperdício de recursos.
Neste sentido, o governo tem que aprender que este tipo de acções é simplesmente contraproducente e um desperdício de recursos escassos. O governo tem que ser relembrado que os executivos são menos poderosos a nível económico do que pensam. O governo tem que se convencer que há batalhas que não vale a pena lutar. Sob pena de se arriscarem a perder as próximas eleições ou, pelo menos, perder a maioria absoluta.

JORNAIS

A imprensa generalista continua a passar por dias menos bons. Em 2007, quase todos os jornais baixaram as suas vendas em relação a 2007. A única excepção foi o Correio da Manhã. Em parte, esta tendência de descida dos últimos anos deve-se à internet. Há muita gente que simplesmente não compra mais jornais porque as edições estão disponíveis online. Mas há mais. A segunda razão do declínio das vendas dos jornais prende-se com o aparecimento dos jornais de distribuição grátis. Basta andar de transportes públicos para nos apercebermos o quanto estes jornais alteraram os hábitos dos leitores(as) portugueses(as)
O problema da imprensa escrita é que estes dois factores apareceram quase em simultâneo, o que tem dificultado a recuperação dos jornais e revistas em Portugal.

PAREM COM A AJUDA EXTERNA!

Um economista queniano faz um apelo aos países desenvolvidos: por favor parém com a ajuda externa dos últimos 40 anos. De acordo com James Shikwati, se o Ocidente quiser mesmo ajudar os países sudesenvolvidos, a melhor forma de o fazer é investir mais. Segundo ele, a ajuda externa é contraproducente e não chega às populações que dela de necessitam (mas sim a diversos organismos governamentais), mas sim às burocracias governamentais. Nada disto é completamente novo, mas vale a pena reiterar.

MAIS VIOLÊNCIA NO IRAQUE

Faleh Kheiber/European Pressphoto Agency


Há uma nova espiral de violência no Iraque.

27 março 2008

A DESCIDA DO IVA

A descida do IVA é ou não é uma boa notícia? É óbvio que sim. Não só pelo (pequeno) decréscimo da carga fiscal, como também pela nossa atractividade e competitividade fiscal. A fiscalidade não é tudo, mas é óbvio que a carga fiscal interessa quando uma empresa decide investir neste ou naquele país. Países como a Espanha ainda praticam taxas do IVA inferiores à nossa. E, por isso, baixar o IVA era um imperativo da política económica. Aliás, vai continuar a sê-lo.
A descida do IVA era ou não era inevitável? Claramente. Assim como a descida para os 19 por cento também é inevitável. Porquê? Porque o governo não quer chegar às eleições e ser acusado de ter aumentado os impostos à custa dos portugueses e da competitividade da economia nacional. Por isso, o IVA irá baixar novamente até 2009, aliás como o primeiro-ministro já indicou.

Qual será o impacto da descida do IVA na economia nacional? Nulo ou quase nulo. Não é uma descida de um (ou mesmo de) dois por cento do IVA que fornece o estímulo necessário para a retoma económica. Não é uma descida do IVA de um ou dois por cento que irá fazer os consumidores gastar mais, pelo menos não de uma forma significativa.
A descida do IVA é significativa não pelo seu impacto económico directo, mas principalmente porque tem uma componente psicológica importante: assinala uma inversão da política do governo. O apertar do cinto acabou e agora interessa ganhar eleições.
Será a descida do IVA irresponsável no contexto da crise orçamental? Não. O pior já passou e já começa a haver alguma margem de manobra para desapertar o cinto. Isto não quer dizer que devemos voltar às irresponsabilidades orçamentais do final dos anos 90. Não. Bem pelo contrário. Interessa manter o rigor das contas públicas, pelo menos ao longo do ciclo económico. Mesmo assim, urge acabar com a obsessão do défice o mais depressa possível. A descida do IVA ajuda, mas é preciso fazer mais.
O mais importante neste momento é ressuscitar o moribundo que é a economia portuguesa. O reatamento do crescimento económico tem que ser a prioridade das prioridades. É neste sentido que a descida do IVA é um bom sinal. Tal medida é um sintoma que algo está a mudar nas nossas prioridades económicas. E essas são notícias que devemos saudar.

O IRAQUE NOVAMENTE

A ESPIONAGEM DO LIDL


O LIDL alemão foi acusado de espionagem dos seus empregados. Segundo a revista alemã Stern, há centenas de páginas documentais que provam que a cadeia de supermercados na Alemanha empregou uma série de métodos para vigiar e controlar os seus funcionários, quer através da contratação de detectives privados quer introduzindo mini-câmaras nos seus estabelecimentos. O LIDL alemão angariou informações pormenorizadas sobre quantas vezes os seus empregados iam às casas de banho, em que lugares do corpo tinham tatuagens, bem como detalhes sobre as suas finanças pessoais, as suas vidas amorosos, e, inclusivamente, os ciclos menstruais das suas empregadas (para quê sinceramente ultrapassa-me).

Um escândalo e uma vergonha. Um verdadeiro abuso pessoal. Espero agora os(as) empregados(as) do LIDL ponham a cadeia de supermercados nos tribunais e recebam como compensação algumas largas dezenas de milhões de euros por esta prática vergonhosa. Nem que não seja para servir de exemplo.Esperemos é que, com as tendências recentes do PS em relação aos piercings, não existam por aí alguns senhores(as) que aproveitem a ideia do LIDL para fazer o mesmo com os funcionários públicos portugueses... Ou será que não teriam coragem?

MISS MINA TERRESTRE


Ora aí está uma excelente ideia. No próximo dia 2 de Abril os angolanos vão eleger a Miss Mina Terrestre. O concurso destina-se às mulheres estropiadas pelo flagelo dos milhões de minas anti-pessoais existentes em Angola e tem por objectivo realçar a beleza destas mulheres, bem como aumentar a sua auto-estima. A vencedora será contemplada com uma prótese. Segundo a coordenadora da comissão de desminagem de Angola, Madalena Neto, um objectivo adicional do concurso é tornar as concorrentes embaixatrizes das dezenas de milhares de vítimas das minas pessoais. Uma iniciativa fantástica e louvável. Simplesmente bonita.

26 março 2008

O MILAGRE MOÇAMBICANO

PIB em Moçambique 1991-2006

Extractos de um artigo meu (em inglês) sobre o milagre económico moçambicano:

"In Mozambique, peacebuilding went in tandem with economic reform. The timid policies of the 1980s gave way to sweeping structural reforms, macroeconomic stability and the promotion of foreign direct investment in the 1990s. In part, it could be argued that the reform program was implemented because there was no other credible alternative... The protracted war, the sluggish economy and the onset of a severe drought in 1991/92 left the country on the verge of a critical humanitarian crisis. In 1992, Mozambique was host to “26 UN agencies, 6 multilateral non-UN agencies, 44 bilateral donors, official agencies from 35 countries, and 143 external NGOs from 23 countries”.

The economic recovery of Mozambique is nothing short of amazing, especially when we remember that, for decades, this was a country caught in conflict and poverty traps. After 1992, the growth of Mozambican GDP averaged rates above 8 per cent, and, between 1991 and 2004, GDP per capita (in purchasing power parity) grew at an annual rate of 7.8 percent, implying an increase in income per capita from US$615 to US$1,641, even though, in 2000, the country registered its worst floods on record. According to the latest Africa Economic Indicators, between 2000 and 2005, Mozambique had the second highest rate of per capita growth in the non-oil African countries, with an average growth of 5.3 percent per year, just slightly below than Botswana (with 5.6 percent growth). Mozambique also had the second highest rate of growth of agriculture value added in Africa during the same period. Industrial value added has been growing at rates higher than 10 per cent per year since the early 1990s. Value added in the services sector has been growing at rates averaging almost 8 percent per annum since 2000.

Although all sectors of the economy registered high growth rates, the industrial sector has had particularly an outstanding performance with rates of growth averaging more than 20 per cent per year. This industrial growth was mostly due to the great dynamism of the aluminum sector, as well as construction. Agriculture and services have also reached annual average rates above 6 per cent, thanks to the growth of Mozambique’s traditional crash crops as well as other crops."

A continuar...

A TIMIDEZ DE PORTUGAL

Segundo Durão Barroso, Portugal demonstra uma "certa timidez" na Europa. Muito bem. Temos então que mudar isto. No entanto, o que eu gostaria realmente de saber é o que é que o governo de Durão Barroso fez para que Portugal perdesse essa timidez quando esteve dois anos no poder? A famigerada cimeira das Lajes???

PARAR A HISTERIA

Aqui está um excelente artigo, da autoria de Robert J. Samuelson, sobre a actual crise financeira actual e como, por enquanto, a crise é mais fumo do que fogo.
Já tínhamos alertado para isto mesmo no blogue há umas semanas atrás sobre o Mito da GRANDE Crise:
"Há uma aura de incerteza e até um certo pânico a pairar sobre a economia mundial. Os mercados continuam nervosos e nem mesmo a maior descida das taxas de juro americanas dos últimos 25 anos parece ter acalmado os ânimos. A nível nacional, os receios com a crise financeira também se fazem sentir. Por exemplo, Fernando Ulrich, presidente do BPI, alertou que esta é a crise mais séria da sua vida profissional. Não, não estava a falar sobre a crise da economia nacional, mas sim sobre a crise financeira mundial. É mais um aviso, desta vez interno, do quão grave e danosa pode ser a crise dos mercados financeiros mundiais. Os sinais de crise sucedem-se quase diariamente. Em parte, sem dúvida que muito do que se vê e ouve nas notícias é especulação. Afinal, é sabido os media gostam de empolar as coisas. No entanto, há sintomas preocupantes em vários quadrantes das economias ocidentais (principalmente a americana). É a contracção do crédito. É o rebentar da bolha especulativa do mercado imobiliário. É o défice orçamental desmesurado. É uma administração americana fundamentalista que só tem uma receita para combater as crises (os cortes de impostos). É a Europa que não emerge decisivamente da crise. É o Japão ainda praticamente estagnado. É o preço do petróleo a atingir valores nunca dantes vistos.
Parecem assim estar reunidos todos os ingredientes para uma crise grave e com contornos globais. Pelo menos é nesse sentido que os mercados estão a reagir. Ora, será que a crise se irá mesmo materializar? Ninguém tem a certeza. Nem mesmo o poderoso Ben Bernake. Um abrandamento é inevitável e, pelo que parece, uma recessão também. O que resta saber é quão longa, quão extensa e quão profunda será esta recessão. Por um lado, estamos, sem dúvida alguma, mais bem preparados para combater uma recessão global do que nos anos 70 (quando o preço do petróleo triplicou em poucos meses). Por outro lado, a economia mundial também está bem mais integrada do que então, o que quer dizer que um choque numa economia como a americana terá maior impacto e maiores ramificações. No entanto, temos que levar em linha de conta um factor que não existia nos anos 70, que é a entrada da China e de outros importantes países subdesenvolvidos no processo do crescimento económico internacional. Nunca os países subdesenvolvidos cresceram tanto como actualmente e nunca a economia mundial esteve tão dependente destes países. Pelo menos na era moderna.
Por isso, apesar dos sinais de alarme se repetirem um pouco por todo o mundo ocidental, não carreguemos já no botão de pânico à espera da maior recessão mundial desde os deprimentes anos 30. Ainda não estamos lá (bem longe disso) e é provável que lá não cheguemos. Nem que não seja porque actualmente estamos muito mais bem equipados para lidar com este tipo de ameaças. Os bancos centrais sabem melhor como actuar (veja-se a decisão da Fed que surpreendeu os mercados), os governos não têm receio de usar políticas económicas agressivas, e os agentes económicos podem diversificar e investir os seus portfolios noutros mercados e economias. Por isso, manter a calma é a melhor estratégia. Pelo menos por agora. Pode ser que as coisas descambem, mas é provável que não. Se tal acontecer, poderemos, pela primeira vez, agradecer aos países subdesenvolvidos por nos resgatarem de uma recessão com contornos globais. E perceberemos então que o extraordinário crescimento económico destes países é muito mais uma oportunidade do que uma ameaça para todos nós. China incluída."

TATA

A Jaguar e o Land Rover, dois ex libris britânicos actualmente nas mãos da Ford, devem ser vendidas à companhia indiana Tata, um dos maiores conglomerados do mundo. É a industrialização indiana a dar frutos, revertendo a tendência de domínio ocidental iniciada nos últimos 200 anos (com a Revolução Industrial britânica).

ACORDO ORTOGRÁFICO

O acordo ortogrático é hoje retratado no Guardian.
"The seemingly innocent letters y, k and w have provoked a bitter linguistic row among Portuguese speakers, with plans for them to oust three existing letters from the language. The letters c, p and h could be consigned to orthographic history if the Portuguese government revives a proposal mooted in 1990 to standardise the language spoken by about 200 million people around the world. At an international conference in Lisbon next month, supporters of the move will attempt to revive the Orthographic Accord, which was supported in 1990 by the governments of Portugal, Brazil, Angola, Mozambique, Guinea Bissau, São Tomé, Cape Verde and Western Timor. The idea was to standardise the Portuguese spoken in Oporto, Rio de Janeiro or Luanda - at least officially.

This would mean eliminating letters such as c, p and h, which exist in written words such as húmido (humid) but are never pronounced. While some letters would be removed from the alphabet, the letters y, k and w, which until now have been excluded, would be introduced.
Though the 1990 accord had the support of more than three countries - enough for it to be officially adopted - it was never put into practice. Now the government of prime minister José Sócrates wants to revive the idea with the proviso that it is introduced gradually over six years.

Portugal's culture minister, José António Pinto Ribeiro, has defended the "necessity to unify the Portuguese language in order to consolidate it internationally". But writer and Euro MP Vasco Navarro da Graça Moura condemned the move as a "grave error" that would reduce Portuguese to "ridicule in the world". "This will lead to chaos in the teaching of Portuguese," he said. The Nobel prize-winning novelist José Saramago has preferred to stayed out of the battle, asking merely that whatever happens he should not be forced to write in a different way."

DEMOCRACIA NO BUTÃO


O pequeno reino de Butão, nos Himalaias, facultou o voto democrático às populações.

25 março 2008

LIÇÕES PORTUGUESAS

Depois das lições de outros países, chegou a vez de falarmos das lições portuguesas para outros países.

NÃO FICAR DESLUMBRADO PELA MIRAGEM DOS JUROS BAIXOS
A convergência nominal no período antecedente à adesão ao euro é caracterizada por uma baixa generalizada das taxas de juro. Este factor não será tão pronunciado para os novos estados membros que aderirem ao euro como aconteceu em Portugal (pois as nossas taxas de juro eram mais elevadas). No entanto, é muito provável que haja uma descida das taxas de juro, que originarão pressões consideráveis no consumo e no investimento. Ora, se é verdade que as descidas dos juros são uma óptima notícia para o investimento (e, assim, para a economia), estas também poderão levar a uma corrida aos empréstimos para consumo corrente e para o financiamento para a aquisição de habitações, aumentando o nível geral de endividamento dos particulares e das empresas. Ou seja, estes países deverão evitar o que aconteceu em Portugal no final da década de 90, quando o Estado e os particulares aumentaram as suas despesas de consumo e os níveis de endividamento para níveis que puseram em causa a saúde financeira da economia. Tanto o Estado como os particulares portugueses gastaram então acima das suas possibilidades reais, e nos anos seguintes tiveram que apertar o cinto consideravelmente, o que exerceu uma pressão negativa sobre o crescimento económico.

FAZER UMA POLÍTICA DE CONTENÇÃO NOS ANOS ANTERIORES À ADESÃO DO EURO
O exemplo português demonstra que facilmente se cometem erros de cálculo, que se podem pagar caro nos anos seguintes. Nomeadamente, a irresponsabilidade fiscal e orçamental do final dos anos 90 tem sido a grande responsável pelo apertar do cinto dos últimos anos. A responsabilidade fiscal é fundamental para quem aspirar aderir ao euro.

NÃO TER PRESSA PARA ADERIR AO EURO
Uma das grandes lições dos últimos anos foi que o choque da adesão ao euro pode ser bem maior do que se pensa à primeira vista. A adesão ao euro implica que duas das três políticas de estabilização económica desaparecem (a política monetária e a política cambial) e a terceira fica grandemente restringida (a política fiscal, devido ao Pacto de Estabilidade). Isto quer dizer que quando uma economia é sujeita a um choque negativo idiossincrático (i.e, quando o choque afecta essa economia de maneira distinta das outras economias na Eurolândia), praticamente fica de mãos atadas como proceder. Se a economia ainda estiver em desenvolvimento (como Portugal e os novos estados membros), a quase ausência de políticas de estabilização será sempre sinónimo de maior desemprego e de maiores sacrifícios a curto e médio prazos. Por isso, não há que ter pressa em aderir ao euro, a não ser que se tenham problemas graves das autoridades monetárias a nível doméstico. O euro virá mais cedo ou mais tarde, não é preciso apressá-lo. Entrar na UE já é um choque enorme para a maioria das economias. Não é saudável impôr um novo choque com a adesão ao euro imediatamente.
A grande excepção dos novos países membros da UE é a Lituânia, que tem uma currency board e, por isso, já não tem políticas monetária e cambial independentes. Se a adesão ao euro fosse feita somente por critérios económicos (que não é), então a lógica ditaria que a Lituânia fosse o senhor que se segue na Eurolândia.

ADERIR AO EURO SERÁ BOM PARA A PRODUTIVIDADE?
A longo prazo, a história poderá ser outra. Nomeadamente, a longo prazo, uma adesão ao euro poderá ser bom para os países aderentes. Acabadas as muletas artificiais das desvalorizações competitivas, os empresários nacionais são forçados a tornarem-se mais competitivos, tanto a nível dos custos dos seus factores produtivos, como a nível do valor acrescentado dos seus produtos. Mais cedo ou mais tarde, a adesão portuguesa ao euro dará indicadores preciosas (e mais concretas) aos novos países membros se existe ou não esta ligação entre o euro e a produtividade.

USAR OS FUNDOS ESTRUTURAIS PARA FINANCIAR INFRA-ESTRUTURAS E O INVESTIMENTO EM CAPITAL HUMANO
Uma das coisas que Portugal fez bem na sua adesão à União Europeia foi aproveitar os fundos estruturais para se dotar de uma moderna e impressionante rede de transportes, bem como de outras infra-estruturas, tais como a modernização de estruturas portuárias e dos aeroportos principais. Para percebermos o quão revolucionário foi o impacto dos fundos estruturais nas redes viárias nacionais, basta recordarmos que até 1991 não havia uma auto-estrada a ligar as duas principais cidades do país. Igualmente, as viagens do Norte até ao Algarve ou do interior ao litoral eram uma autêntica tortura para quem as efectuava. No entanto, os fundos estruturais não devem ser vistos como uma panaceia para o desenvolvimento nacional. Os fundos europeus ajudam, mas são apenas parte de um pacote muito maior necessário para o deselvolvimento de um país (que inclui reformas institucionais, a reforma do Estado, etc).
Para além do mais, os novos países aderentes têm que perceber que os fundos estruturais, por maiores que sejam, nunca serão por si só suficientes. Por exemplo, há décadas que os governos italianos transferem fundos muito mais substanciais em termos relativos para o Sul do país do que algum dia a UE poderá ou irá transferir através de fundos estruturais. Apesar disso, milhares de milhões e liras e euros não foram suficientes para diminuir significativamente o gap entre o Norte e o Sul de Itália.
Por outro lado, um dos erros que Portugal cometeu foi utilizar os dois primeiros pacotes de fundos estruturais para somente aumentar as infra-estruturas. Contrariamente, países como a Irlanda preferiram aplicar grande parte dos seus fundos estruturais à melhoria e a uma maior qualificação dos seus recursos humanos, o que teve reflexos positivos para a produtividade dos seus factores produtivos.

APROVEITAR A BOLEIA EUROPEIA PARA REFORMAR
A economia e a sociedade portuguesas são muito diferentes hoje do que quando aderimos à então CEE. A nível das mentalidades muito mudou. Somos hoje mais abertos, mais receptivos à mudança e até menos provincianos. O medo secular sobre o perigo espanhol esbateu-se e somos menos avessos à recepção de imigrantes. A nível da economia, a mudanças também são muitas. Aproveitámos a boleia europeia para liberalizarmos a economia, para realizarmos privatizações de muitos sectores da economia, para abrirmos mais a economia ao exterior, e para aumentarmos a flexibilidade da economia. Bruxelas continua a ser uma óptima desculpa para efectuar reformas, principalmente quando estas são impopulares (veja-se o que se passa actualmente com a reforma do Estado). Os novos países certamente farão o mesmo.

A UNIÃO EUROPEIA NÃO É UMA PANACEIA PARA O DESENVOLVIMENTO
A adesão à UE quase sempre gera efeito imediato nas economias, levando a um aumento do investimento directo estrangeiro e comércio internacional. As trocas comerciais do país aderente tornam-se muito mais dependentes do espaço europeu e a atractividade do país para os investidores aumenta. No entanto, como o exemplo português demonstra, para que este efeito imediato positivo seja mantido a médio e longo prazo, é crucial que exista um esforço concertado de atracção dos investidores estrangeiros e nacionais. Para tal, é não só necessário ter uma política macroeconómica estável, como também é preciso existirem benefícios fiscais consideráveis.
Isto é, os novos estados membros não devem contemporizar com o seu sucesso inicial, por muito espectacular que este seja. Lá por se ser bom aluno num ano não significa que não se reprove num outro.

CALÇADO NACIONAL

Boas notícias para o sector do calçado. O sector aproveitou a sua crise para se reestruturar e para ficar mais competitivo e produtivo. O resultado tem sido impressionante. Segundo o PUBLICO:
"Desde o início dos anos noventa que não se via um desempenho externo tão bom da indústria portuguesa de calçado. No ano passado, as exportações de sapatos atingiram os 70 milhões de pares, o que representa um crescimento de 9,2 por cento face a 2006.A consolidação da França como principal mercado português na área do calçado e a crescente apetência dos espanhóis pelos sapatos fabricados em Portugal são algumas das razões que explicam este desempenho sectorial. Em território gaulês venderam-se, no ano passado, 19 milhões de pares (um aumento homólogo de 20,3 por cento). No caso do país vizinho, dos últimos a serem conquistados pelo design e pela confecção portugueses, o crescimento ainda foi maior (23,3 por cento), para 11 milhões de pares.A Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes e Artigos de Pele e Seus Sucedâneos (APICCAPS) salientou ontem, em comunicado, que os dados de 2007 mostram que, pela primeira vez na sua história, o sector exportou 90 por cento da sua produção global."

PESCA NA SOMÁLIA


Fotografia do New York Times

OBAMA GIRL E CLINTON EM RISCO

As eleições americanas continuam interessantes. A Obama Girl (que tem um "fraquinho" por Obama) tem um video novo, um analista do Washington Post aconselha Obama a mostrar o seu "lado branco" (um artigo divertidíssimo que vale a pena ler), enquanto Hillary está debaixo de fogo dos jornalistas por ter alegado que em 1996 visitou a Bósnia em circunstâncias perigosíssimas (sob o fogo de snipers, abrigando-se de fogo inimigo, etc). O problema é que se descobriu que Hillary embelezou um pouco a história... (clique aqui para ver os videos).

24 março 2008

MOÇAMBIQUE RESSUSCITADO

Se há uma razão que me levou a estudar Economia foi a questão do desenvolvimento económico. E para um(a) economista há poucas coisas mais interessantes e recompensadoras que um milagre económico. Nós não precisamos de olhar muito longe para vermos um. Não temos que olhar para a China. Não temos que nos virar para Ásia, para a América ou para a Europa. Na economia mundial, um dos milagres económicos mais impressionantes da última década tem-se passado num país que diz muito para muitos(as) portugueses(as): Moçambique. De caso perdido nos anos 80 a milagre económico, a viagem de Moçambique é verdadeiramente fascinante. Uma autêntica lição para muitos países subdesenvolvidos.

Moçambique é hoje em dia um exemplo a seguir pelos países subdesenvolvidos, um exemplo constantemente citado pelas principais organizações internacionais, desde a ONU ao FMI ao Banco Mundial. É claro que Moçambique é ainda um país extremamente pobre, um país ainda bastante desigual, um país com enormes carências sociais e económicas. Ainda assim, Moçambique é hoje um país que pode e deve sonhar. Um país com futuro. Um país independente, sem guerras e com crescente prosperidade. Um país que deve ser admirado. E estudado.

Há uns meses atrás eu sabia pouco sobre Moçambique. Pouco mais do que as ideias correntes que vigoram entre nós. Pouco mais do que as imagens que vemos nos telejornais e que lemos nos jornais. Foi então que surgiu a oportunidade de efectuar um estudo comparativo das economias angolana e moçambicana. Desse estudo nasceu um outro estudo mais aprofundado da economia moçambicana através de um trabalho para as Nações Unidas. Desde então, não tenho deixado de ficar verdadeiramente impressionado com o progresso de Moçambique, que é um dos casos de sucesso da África actual. É por isso que, a propósito da visita de Cavaco Silva, irei nos próximos dias colocar alguns posts sobre a economia moçambicana e o enorme progresso que o país tem feito desde que a paz foi alcançada em 1992. Entretanto, para aumentar o apetite, fica aqui a trajectória do produto interno bruto por moçambicano desde 1950:



Fonte: Calculado com dados de Maddison (2001, 2007)

SHANKAR

Um dos projectos mais interessantes da fusão da música indiana e ocidental tem sido protagonizado por Anoushka Shankar, filha do famoso (e saudoso) Ravi Shankar. No seu último álbum, Breathing Under Water, Shankar convida músicos vários músicos indianos, bem como Sting e Norah Jones (ela própria filha ilegítima de Ravi Shankar). O resultado é um trabalho bem interessante. Não sendo uma obra-prima, vale a pena ouvir.
(eu sei, eu sei, a capa do disco é terrível, arrepiante mesmo, mas a música é bem melhor...)

MEDO DE MORRER

Segundo o cardeal-patriarca de Lisboa, o medo da morte deve-se à noção de pecado. Hmmm. Quererá isto dizer que uma das intenções da igreja católica ao introduzir uma série de novos "pecados mortais" (p.e. não poluir o ambiente) é contribuir para aumentar o medo da morte? Ou será que não?
Aqui está o extracto da notícia do PUBLICO:
"O cardeal-patriarca de Lisboa defendeu ontem que a noção de pecado incutiu no homem "o medo de morrer", alterando "a própria compreensão" da existência, com a morte a aparecer "como a negação da vida". "A morte é um processo biológico normal e inevitável, que atinge toda a criação. As consequências do pecado fizeram-se sentir na dimensão psicológica e espiritual da morte, ou seja, na maneira de viver a morte", disse D. José Policarpo na homilia da Ressurreição do Senhor, na Sé Patriarcal de Lisboa. Entre as consequências do pecado surge "antes de mais, o medo de morrer". É necessário, assim, que se recupere "o verdadeiro sentido da vida", dado que será dessa forma que "se resgata a morte e se lhe restitui o sentido de passagem para a vida definitiva", prosseguiu D. José Policarpo"

MAIS UM DIA NO IRAQUE

A PROCISSÃO VAI NA PRAIA

Fotografia: Diego Tuson/Agence France-Presse -- Getty Images

Procissão da quadra pascal em Valência, Espanha.

23 março 2008

UM MILAGRE AFRICANO

Amanhã Cavaco Silva inicia a sua visita a Moçambique, e falaremos então sobre o milagre moçambicano. Hoje falemos do Botswana. O Botswana é o exemplo mais conseguido de um milagre económico no continente africano. Nos anos 60, este país era um dos mais pobres em África. Hoje em dia, é um exemplo para ser emulado. Apesar de ser um país com sérias limitações geográficas, o Botswana tem conseguido crescer a taxas verdadeiramente asiáticas nos últimos 30 anos, aproveitando da melhor forma os seus recursos naturais (principalmente diamantes) para alcançar um crescimento sustentado. De assinalar que a existência de diamantes em abundância devia ser um factor negativo para o Botswana, pois a grande maioria dos países pobres sofre da chamada "maldição dos recursos" (em que a existência de recursos como o petróleo ou diamantes dão azo a conflitos e a corrupção). No Botswana a maldição dos recursos não aplica devido às boas políticas económicas dos seus governantes.
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Nomeadamente, o milagre económico no Botswana deveu-se principalmente a uma melhoria da qualidade das instituições e ao combate à corrupção endémica. Assim, desde os anos 60, os governos do Botswana têm-se preocupado com a desburocratização da máquina administrativa estatal e com a desburocratização relacionada com a criação de empresas. Os governos têm também fomentado o estabelecimento de direitos de propriedade bem definidos e de instituições que facilitem as operações do sector privado. Finalmente, os governos lançaram um combate sem tréguas à corrupção e, deste modo, o Botswana é provavelmente o país menos corrupto de África. Todos estes factores foram conjugados num ciclo económico virtuoso, que pode e deve servir de modelo a outros países africanos e asiáticos. Quem disse que de África não vêm boas notícias económicas?

MATÉRIA DE VIDA

Astrónomos da NASA descobriram um planeta extra-solar que contém partículas de metano, uma das moléculas orgânicas necessárias (pensa-se) para a origem da vida. O planeta em questão tem o nome pouco romântico HD 189733b e certamente não albergará vida, pois orbita demasiado perto da sua estrela e a temperatura média é acima de 1000 graus Celsius. Ainda assim, a sua descoberta é uma óptima notícia, pois esta é a primeira vez que astrónomos detectaram moléculas orgânicas fora do nosso sistema solar.

A CHINA E OS JOGOS (2)

22 março 2008

LISTAS DE ESPERA


O PUBLICO destaca hoje as listas de espera nos hospitais. Como podemos ver, a oftalmologia é a área mais carenciada pelo SNS, com quase 120 mil pessoas à espera de uma consulta. E se é assim, o que eu gostaria de saber é: o que é que o governo propõe para diminuir este flagelo? E já agora, e a oposição? E os médicos?

A DOR DA FÉ


A Páscoa nas Filipinas. Sempre me meteu impressão os extremos que as pessoas vão nas Filipinas durante a quadra pascal.

ARTHUR C CLARKE

Uma pequena biografia de Arthur C. Clarke, falecido aos 90 anos, encontra-se aqui.

TIBETE E OS JOGOS


Nancy Pelosi (na foto), líder da bancada parlamentar Democrata no Congresso americano, foi a primeira represente dos países ocidentais a visitar o Dalai Lama e a condenar a violência no Tibete. Pelosi não defendeu um boicote dos Jogos Olímpicos, mas avisou a China que o "mundo estava atento ao que se estava a passar". Esperemos que sim. Mas, sinceramente, duvido.

21 março 2008

LIÇÕES ESTÓNIAS

Nos últimos anos, a Estónia está rapidamente a tornar-se num dos casos de sucesso europeu. Sendo um país de dimensão muito reduzida e de independência muito recente, os governos estónios cedo apostaram nas reformas macroeconómicas e sociais que permitiriam o seu país aderir à União Europeia. Neste sentido, os governos encetaram uma série de medidas, que incluíram um grande programa de privatizações, políticas fiscais prudentes, uma reforma monetária, a liberalização comércio, e uma flexibilização do mercado de trabalho. A Estónia inovou a nível fiscal, com a introdução de uma taxa de imposto única para todos os contribuintes (24% a nível do rendimento individual). Acima de tudo, os governos estónios apostaram desde cedo na atracção do investimento estrangeiro (IDE), principalmente proveniente dos seus vizinhos escandinavos, Finlândia e Suécia.
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Um regime fiscal simples e com baixas taxas de imposto, conjugado com recursos humanos qualificados e uma grande abertura ao capital estrangeiro foram os preceitos necessários para a atracção do IDE. Em 2004, o IDE totalizava cerca de 8.5% do PIB. Uma das grandes chaves de sucesso a nível de investimento estrangeiro na Estónia é a ausência de nacionalismo económico. Por exemplo, 90% do sector bancário espanhol está na mão de estrangeiros. Mesmo assim, poucos são os que andam a apregoar que os russos, finlandeses ou suecos estão a conseguir a nível económico o que não alcançaram a nível político...
A Estónia é actualmente uma das economias mais dinâmicas da UE com taxas de crescimento acima dos 6% ao ano. O tigre báltico continua a sua aposta na atracção de empresas estrangeiras, principalmente as empresas associadas aos sectores de TIC. A grande abertura e o sucesso da economia estónia ameaçam tornar este país de reduzida dimensão num paradigma da inovação e da excelência tecnológica a nível europeu.

NARCO BISSAU (2)

O PUBLICO dedica hoje duas páginas à situação na Guiné Bissau, onde se salienta a influência dos narcotraficantes e a grave situação que se vive nesse país. Aqui est+a um extracto:
"A Guiné-Bissau é hoje, apesar da relativa estabilidade, muito mais pobre do que antes do conflito de 1998 e 1999 e dos quatro anos da presidência de Kumba Ialá. Em meados dos anos 1990, um terço da população vivia com menos de um dólar por dia. Hoje, são cerca de dois terços nessa situação. Mesmo assim, diz o secretário de Estado português dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, João Gomes Cravinho, que esteve recentemente em visita oficial ao país: "Houve uma melhoria nos últimos 12 meses. E, por isso, há que continuar este caminho."O Parlamento guineense aprovou recentemente a controversa Lei da Amnistia, que perdoa os crimes no âmbito dos conflitos político-militares até Outubro de 2004 - nesse mês foram assassinados o chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA), general Veríssimo Correia Seabra, e o responsável pela Informação das FA, coronel Domingos de Barros. A lei é porém vista como um passo para uma "verdadeira reconciliação" e para se avançar para a urgente reforma das FA. Subjacente a esta reforma tem de estar a aceitação por parte dos militares de partirem, sem receio de serem perseguidos judicialmente ou de viverem sem recursos. Junto ao quartel-general e ao Ministério da Defesa, em Bissau, estão a ser construídos, com dinheiro da cooperação chinesa, casas para os oficiais.
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Também estes têm sido elogiados pela sua contenção. Estará ela ligada a uma maior satisfação? Para alguns, terá sido o dinheiro do narcotráfico, desde que a Guiné-Bissau se transformou num importante ponto de passagem para a droga (que vem da Colômbia com destino à Europa), que permitiu satisfazer algumas altas patentes das FA e propiciar esta estabilidade... Vivendas de dois ou mais pisos, com espaçosas varandas, estão a ser construídas. Dão um ar diferente à capital. Pertencem a altos responsáveis militares, ex-ministros (alguns muito próximos de Nino Vieira) ou funcionários em posições-chave, como por exemplo um responsável das alfândegas. Para Luiz Vaz Martins, esta é uma importante razão para a recente acalmia no país. "A droga tem criado riqueza para alguns sectores das Forças Armadas que deixaram de ver a política como forma de enriquecimento. São pessoas que levam uma vida de luxo, com carros topo de gama e grandes vivendas. Tal só é possível com o dinheiro do narcotráfico", considera. "Este negócio, embora ilícito, acomodou aqueles oficiais que antes estavam interessados em interferir na política. Agora, uma situação de desestabilização também não lhes interessa, porque podem vir a perder tudo." Reconhece que há aqui um "outro lado da moeda". E diz: "A droga tem um aspecto muito negativo. Mas veio trazer uma certa calma e estabilidade ao país."O cineasta Flora Gomes tem outra visão. Para ele, a acalmia é sinal de uma "tomada de consciência" dos próprios militares. Quanto às informações que circulam sobre supostas conivências de militares com os narcotraficantes, diz: "É bom não generalizar. Desses homens, muitos deles fizeram coisas extraordinárias, na luta de libertação. É verdade que deve haver pessoas com alguma influência envolvidas nisso. Mas o que terá trazido essa estabilidade é também a consciência de que não é com a guerra que se reivindicam coisas, muitas das vezes justas."

ENERGIA DE MOÇAMBIQUE

Nas vésperas da visita de Cavaco Silva a Moçambique, o DN traz hoje um artigo sobre o potencial energético desse país, referindo ainda as oportunidades de investimento nesse país.

TATUAGENS E AMEAÇAS À SAÚDE

Se este senhor fosse português não poderia protestar contra a guerra desta forma, pois o PS poderia proibi-lo de ter tatuagens tão perto do cérebro. Um autêntico risco para a saúde.
E se Valência fosse em Portugal, certamente que a famosa festa das Fallas não se poderia realizar, se o PS levasse a sua avante. Perigosíssimo para a saúde pública!

20 março 2008

LICÕES FINLANDESAS


Depois da Irlanda, da Espanha e do Reino Unido, chegou a vez de analisarmos as lições que nos dá a Finlândia sobre a recuperação e excelência económica. Mais uma vez, como aconteceu com a Irlanda, os pactos sociais entre os sindicatos, o governo e as entidades patronais revelam-se determinantes para o sucesso do modelo económico de um país:

A Finlândia é o grande paradigma europeu da Excelência e Inovação. Tradicionalmente, a economia finlandesa estava especializada em produtos abundantes em recursos naturais, tais como produtos madeireiros, pasta de papel e papel. Após a Segunda Guerra Mundial, a economia finlandesa também investiu grandemente no sector mineiro, na construção naval e na indústria siderúrgica. O aumento da acumulação de capital associado com estas indústrias contribuiu decisivamente para o sucesso finlandês do pós-guerra. Desde 1950 até ao início dos anos 70, as taxas de crescimento económico atingiram um valor médio anual de 5.2%. Porém, nos anos 70 e início dos anos 80, o modelo económico finlandês baseado em recursos naturais e na acumulação de factores começou a esgotar-se. E aqui é que as coisas se tornam relevantes para a situação económica portuguesa actual.
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Depois de uma prolongada crise durante os anos 70, o governo e os diversos parceiros sociais chegaram a acordo entre si, introduzindo um conjunto de medidas destinadas à revitalização da economia e das exportações finlandesas. Por um lado, a estabilidade social e laboral foi mantida através de um pacto social assinado em 1978 entre os diversos parceiros na concertação social, no qual se moderaram os aumentos dos salários reais. Por outro lado, numa altura quando ainda haviam dúvidas sobre o impacto na produtividade do novo sector das TIC, os finlandeses decidiram apostar séria e sistematicamente nesse cluster. No início dos anos 80, o governo criou o Conselho da Política Científica e Tecnológica, no qual os principais parceiros sociais e o governo discutem as grandes linhas da estratégia tecnológica nacional. Na mesma altura, criou-se o Tekes, ou Agente Tecnológico Nacional, que assumiu um papel activo e preponderante no apoio, financiamento e consultoria das empresas de TIC. Adicionalmente, investiram-se grandes somas na requalificação dos recursos humanos, na qualidade da educação, e nas infra-estruturas associadas às telecomunicações.
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Por último, a liberalização do sector das telecomunicações finlandês (completada em 1994) prosseguiu deste o final dos anos 80, mesmo em alturas recessiva. Deste modo, as empresas finlandesas deste sector (como a Nokia) ficaram preparadas internamente para a competitividade a nível internacional. Assim, a Nokia, entre outras, tornou-se num “campeão nacional” sem ter sido preciso uma intervenção desmesurada ou artificial do Estado.
Graças ao enorme investimento no cluster das TIC, a Finlândia é actualmente um dos países mais avançados a nível dos desenvolvimentos das novas tecnologias. O sistema educativo finlandês é exemplar, e a Finlândia é, juntamente com a Suécia, o país europeu que mais gasta em despesas de Investigação e Desenvolvimento (I&D), num valor acima dos 3% do PIB.
É claro que para o impressionante milagre finlandês, é preciso não esquecer a contribuição da Nokia. Esta empresa é, por si só, responsável por cerca de 50% das despesas finlandesas em I&D, e no ano 2000, contribuiu para 1.6% do PIB finlandês (este valor é inferior a 1% actualmente). Mesmo assim, apesar de a Nokia ter tido um papel fundamental no desenvolvimento do cluster das TIC na Finlândia, é preciso não esquecer que este tipo de empresas de vanguarda não seria possível sem estabilidade social (e macroeconómica), nem sem as políticas tecnológicas levadas a cabo pelos sucessivos governos e parceiros sociais finlandeses.

MÁS NOTÍCIAS

Depois da quase euforia registada aquando da publicação dos indicadores do último trimestre de 2007, a realidade volta a mostrar-se bem menos agradável do que era desejável. Acompanhando a tendência descendente dos nossos mercados externos, as exportações quase não cresceram nos primeiros meses do ano. Ainda pior, o investimento (que parecia finalmente estar a recuperar após anos e anos negativos ou de quase estagnação) volta a dar sinais de fraqueza. Veremos se a tendência negativa continua nos próximos meses. Esperemos que não.

VISITA A PORTUGAL


No próximo dia 21 de Abril estarei em Braga, onde participarei nas XX Jornadas de Teologia, que este ano têm por tema "O Big Bang de Deus". Irei falar sobre literatura, mais especificamente do meu livro "Diário de um Deus Criacionista". As jornadas são organizadas pelos estudantes de Teologia da Universidade do Minho e pela revista Cenáculo.

AINDA O DISCURSO DE OBAMA


Cartoons da www.Slate.com

MAUS LENÇOIS

Hillary Clinton está em maus lençóis de acordo com os conselheiros da campanha da candidata.

A GRANDE VITÓRIA

No quinto aniversário do ínício da guerra do Iraque, George Bush discursou ontem para enaltecer os feitos alcançados. Segundo ele, a América está hoje mais segura e o Iraque melhor do que antes da invasão. Uma vitória, afirmou Bush. Quem não parece concordar com ele é o povo americano. Os índices de aprovação do presidente americano não param de descer. A guerra já é o conflito mais longo que os EUA participaram desde a Segunda Guerra Mundial e a guerra mais cara desde essa altura. Uma vitória, sem dúvida alguma.

19 março 2008

MENOS JUROS... OUTRA VEZ

A Fed cortou as taxas de juro novamente. Mais um corte agressivo (de 0.75 pontos percentuais), quase com contornos desesperados. Um dia depois do Secretário do Tesouro americano ter admitido que a economia estava num "declínio acentuado" (isto é, perto da recessão), a Fed actua. Os mercados já reagiram em alta. O que resta saber é se estes cortes todos das taxas de juro serão suficientes para travar a recessão da economia americana. Provavelmente não.
O que mais preocupa é que, com tantas baixas nas taxas de juro, pouca margem de manobra resta para futuras descidas dos juros. Supostamente as descidas dos juros devem estimular uma economia, conduzindo quer a uma subida do investimento quer do consumo. Mas a estratégia pode não resultar devido ao sobre-endividamento das famílias americanas. Neste caso, juros mais baixos podem não estimular um maior gasto dos consumidores e investidores, mas sim um maior pagamento de dívidas acumuladas.
No entanto, se esta política agressiva da Fed resultar em diminuir o impacto da recessão, certamente que Ben Bernanke se tornará tão mítico como o Alan Greenspan (a quem muitos, ironicamente, já culpam pela crise actual).

LIÇÕES ESPANHOLAS


A Espanha foi um dos países europeus que mais cresceu nos últimos anos. Este feito foi alcançado principalmente devido às reformas do mercado laboral efectuadas nos anos 80 e 90, bem como graças ao clima de estabilidade macroeconómica e política que os nossos vizinhos têm vivido. A liberalização do mercado de trabalho foi fundamental. Depois de ter atingido em 1994, o incrível valor de 24%, a taxa de desemprego espanhola baixou de forma consistente na última década. Dado que algumas das reformas laborais foram introduzidas nos anos 80 e outras nos anos 90, a lição que devemos retirar é que a flexibilização do mercado de trabalho é um processo moroso e penoso. Porém, a actual vitalidade da economia espanhola é testemunha como este tipo de reformas é por vezes fundamental para o relançamento do dinamismo económico.

LIÇÕES PARA PORTUGAL
Os problemas do mercado de trabalho português não são muito semelhantes aos problemas do mercado de trabalho espanhol no início dos anos 90. Porém, as lições que podemos retirar do caso espanhol são duas. Em primeiro lugar, reformas estruturais bem efectuadas mais cedo ou mais tarde surtem efeito. Em segundo lugar, não podemos esperar um efeito imediato dessas mesmas reformas. A paciência é uma virtude que resulta em Economia.

GELO (NÃO MAIS) PERENE

Mais indícios dos dramáticos impactos que as alterações climáticas estão a ter no Ártico. Com base em imagens de satélite, investigadores detectaram o maior declínio de gelo perene do Ártico desde que os registos começaram. O Washington Post dá mais detalhes sobre esta história.

TIBETE (3)

O DISCURSO DE UM PRESIDENTE


(Reacção de um apoiante ao discurso de Barack Obama)
Confrontado com graves acusações relacionadas com os discursos inflamados do pastor da sua igreja, Barack Obama transcendeu a polémica, transcendeu as divisões raciais, transcendeu a habitual retórica política e fez um discurso de um presidente, de um presidente invulgar. Um discurso de uma geração. Mesmo que não ganhe a nomeação Democrata e/ou as eleições em Novembro, este discurso não será esquecido. Um discurso que foi escrito por Obama (e não nenhum speech writer) e que foi proferido contra a opinião do "staff" da sua campanha. Um discurso que poderá dar a presidência a Obama.
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As reacções não se fizeram esperar. De conservadores a Democratas, de brancos a negros, de latinos a asiáticos, os elogios vieram de todo o lado. Os jornais de hoje também estão cheios de elogios. Aqui fica uma amostra do editorial do New York Times (que apoia Hillary Clinton):
"There are moments — increasingly rare in risk-abhorrent modern campaigns — when politicians are called upon to bare their fundamental beliefs. In the best of these moments, the speaker does not just salve the current political wound, but also illuminates larger, troubling issues that the nation is wrestling with... Mr. Obama spoke of the nation’s ugly racial history, which started with slavery and Jim Crow, and continues today in racial segregation, the school achievement gap and discrimination in everything from banking services to law enforcement. He did not hide from the often-unspoken reality that people on both sides of the color line are angry...
There have been times when we wondered what Mr. Obama meant when he talked about rising above traditional divides. This was not such a moment. We can’t know how effective Mr. Obama’s words will be with those who will not draw the distinctions between faith and politics that he drew, or who will reject his frank talk about race. What is evident, though, is that he not only cleared the air over a particular controversy — he raised the discussion to a higher plane. "
Aqui está um extracto do editorial do Washington Post:
"Obama's mission in Philadelphia yesterday was to put the controversy over inflammatory statements made by the Rev. Jeremiah A. Wright Jr., his spiritual mentor and pastor for 20 years, behind him. But Mr. Obama (D-Ill.) went deeper than that. He used his address as a teachable moment, one in which he addressed the pain, anger and frustration of generations of blacks and whites head-on -- and offered a vision of how those experiences could be surmounted, if not forgotten. It was a compelling answer both to the challenge presented by his pastor's comments and to the growing role of race in the presidential campaign...
Mr. Obama's speech was an extraordinary moment of truth-telling. He coupled it with an appeal that this year's campaign not be dominated by distorted and polarizing debates about whether he or his opponents agree with extreme statements by supporters -- or other attempts to divide the electorate along racial lines. Far better, he argued, that Americans of all races recognize they face common economic, social and security problems. "

18 março 2008

POBREZA MUNDIAL

Níveis de Pobreza da População (em percentagem)
Dados do Banco Mundial


Contrariamente aos que pensam que tudo vai mal, aos que julgam que a globalização é um papão destinado a explorar os mais fracos, aos que estão certos que os ricos estão cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres, existem cada vez mais indícios que algo de novo se passa na economia mundial. Não, não é a tão temida "maior crise desde a segunda guerra mundial". Não, não é a internet que dá azo a uma nova economia. Nem sequer é a estagflação que poderá estar a ser ressuscitada pela subida dos preços do petróleo e dos produtos alimentares. Não, não é nada disso.

O facto mais significativo da economia mundial nos últimos 5 anos é que todas as regiões do globo têm registado taxas de crescimento económico significativas e que, por isso, a pobreza tem decrescido a olhos vistos. Mesmo na África Sub-sahariana. Mesmo na América Latina.
Quem disse que o crescimento económico era um privilégio dos países ricos?

O SANTO PORTUGUÊS

Segundo o PUBLICO: "O Papa Bento XVI aprovou o decreto que reconhece as "virtudes heróicas" do padre Joaquim Alves Brás, fundador do Instituto Secular das Cooperadoras da Família (ISCF), obra criada para apoiar as empregadas domésticas. Este é o primeiro passo no caminho de uma eventual beatificação do "apóstolo das empregadas domésticas".Após o exame das virtudes cristãs do candidato, serão agora analisadas curas miraculosas. Se uma delas for inexplicada pela medicina, abre-se a porta para a beatificação de mais um português. Com um segundo milagre, o beato pode ser canonizado."
Que bom. Mais um santo nacional. Não haverá também por aí um santo-de-virtudes-heróicas que arranje uma cura milagrosa para a economia nacional?

RECUO DOS PIERCINGS

Perante o espanto geral provocado pela ridícula decisão de proibir os piercings a menores e nas áreas genitais, o PS começa a recuar. Segundo o PUBLICO:
"O Partido Socialista manifestou-se ontem disponível para acei-tar que cidadãos menores de 18 anos sejam autorizados a usar piercings ou tatuagens, desde que as respectivas famílias assumam a res-ponsabilidade em termos de consequências para a saúde. "O objectivo do nosso projecto não é proibicionista, mas regular uma actividade para salvaguardar a saúde dos seus utilizadores, assim como para prevenir a transmissão de doenças", declarou à agência Lusa o deputado socialista Renato Sampaio, eleito pelo círculo do Porto e primeiro subscritor da proposta entregue no Parlamento.Da mesma forma, o presidente do PS-Porto adiantou estar aberto a rever a ideia de proibir os cidadãos em geral de aplicarem piercings em zonas do corpo humano como a língua, vasos sanguíneos, junto do pavimento da cavidade oral, na proximidade de nervos e de músculos, e sobre quaisquer tipos de lesão cutânea."

Ou seja, depois de se terem exposto ao ridículo e à chacota nacional, os iluminados do Partido Socialista fazem uma inversão de marcha na aplicação da medida. Os puristas e os moralistas perderam uma batalha, mas, certamente, continuarão a pensar que não perderam a guerra. Até já devem estar a pensar noutra lei para nos salvaguardar a nossa estimada saúde...

30 ANOS DE JARDIM

Os 30 anos de João Jardim à frente dos destinos da Madeira foram quase ignorados pelos continentais (os "cubanos" segundo João Jardim), que continuam a ver a Madeira de Jardim, com um certo incómodo (pelo estilo invulgar de João Jardim, bem como pelo alegado "défice democrático" na região). Não sejamos cínicos nem ingénuos. Os(as) madeirenses não são burros(as), nem são tão controlados(as) nem manipulados(as) como os(as) pintamos. Se João Jardim conseguiu manter-se à frente dos destinos madeirenses foi porque merece.
Mesmo que não gostemos do estilo e dos discursos de João Jardim, é preciso dar mérito ao mérito. A Madeira de hoje não é a Madeira de 30 anos atrás. Na última década, a Madeira foi simplesmente a região mais bem sucedida do país. Não são só tuneis (como muitos afirmam ao tentar minimizar a obra do governo madeirense). São aumentos dos níveis de rendimento e aumentos de produtividade. E contra estes factos há poucos argumentos.

A EXTINÇÃO DOS GLACIARES (2)

Um novo estudo das Nações Unidas estima que o recuo dos glaciares tem acontecido a uma velocidade bem mais rápida do que anteriomente previsto.

TIBETE (3)


Os tumultos continuam no Tibete. Preocupadas com a imagem da China neste ano de Jogos Olímpicos, as autoridades chinesas já reagiram, acusando o Dalai Lama de estar por detrás da violência. Quando é que a China perceberá que os custos da anexação do Tibete são bem mais elevados do que os (supostos) benefícios? Não é certamente assim que as autoridades chinesas ganharão adeptos em Taiwan...
Se desejar ver um pequeno vídeo do Guardian sobre a violência no Tibete clique aqui.

17 março 2008

PORQUE É QUE SOMOS UNS MAL EDUCADOS (6)

Retomamos aqui o tema da nossa falta de educação.
Contrariamente ao que se passa com outros níveis de ensino, Portugal nem gasta acima da média da OCDE a nível do ensino superior. É verdade que gastamos mais por aluno do que a Grécia, a Coreia do Sul ou a República Checa. Gastamos quase tanto como a Espanha e mesmo a Islândia e a França não estão muito longe. No entanto, o caso muda de figura quando comparamos os nossos gastos por aluno do ensino superior com os gastos correspondentes da Bélgica, da Holanda, do Canadá, ou da Irlanda e da Aústria. Ou seja, contrariamente aos outros graus de ensino, ainda há muitos investimentos e despesas para fazer no ensino superior. Principalmente a nível da investigação. É evidente que existe um excesso de professores no ensino superior. Mesmo assim, os gastos com a investigação têm que aumentar para aumentarmos a qualidade do nosso ensino superior .

Figura: Despesas com o ensino superior relativamente ao PIB per capita


(clique na figura para melhor resolução)


Para além dos abandonos escolares e da falta de eficiência nos outros graus de ensino, existe uma patente falta de qualidade do nossos ensino. Pelo menos é isso que nos dizem as estatísticas comparativas do programa PISA, que compara o sistema educativo em 57 países.
A nível dos conhecimentos matemáticos, o gráfico abaixo mostra claramente que os resultados dos nossos estudantes (até aos 15 anos de idade) é pouco satisfatório. É verdade que os nossos estudantes têm melhores resultados do que os estudantes mexicanos e gregos. Mas isso só acontece porque gastamos muito mais por estudante do que esses países. Mais ineficientes que nós só os italianos (que gastam mais por estudante e têm resultados semelhantes a nós). Como podemos ver, a Espanha, a Coreia, a Irlanda, a Hungria, a Polónia e até a Eslováquia gastam menos por estudante do que nós e, mesmo assim, têm resultados superiores ao registados pelos nossos alunos ao nível da matemática. É o que se chama ineficiência educativa.


Nos próximos dias, veremos o que as estatísticas nos dizem a nível das ciências e da leitura.

VENTOS DE INSTABILIDADE

A cada dia que passa parece que aumentam os ventos da instabilidade financeira. Na sexta-feira ficámos a saber que um dos maiores bancos de Wall Street, o Bear Stearns, entrou em colapso e teve que ser resgatado pela Fed. O banco foi agora adquirido pela JP Morgan.
Agora ficámos a saber que a Fed está tão preocupada com o que se está a passar que baixou a sua taxa de desconto (a taxa com que empresta dinheiro aos bancos) de 3.5% para 3.25%. Não parece que os ventos da instabilidade irão abrandar tão cedo.

À DERIVA

O PS encalhou no mar da opinião pública com a sua inacreditável iniciativa dos piercings.

CUSTO ZERO

O meu post "A Utopia do Custo Zero" publicado no De Rerum Natura encontra-se aqui.

MARIJUANA CANADIANA



A Colômbia Britânica (British Columbia, mais conhecida por BC) é provavelmente a região mais bonita e majestosa do Canadá. As montanhas nascem no mar e sobem aos céus de uma forma tão dramática como surpreendente. Florestas de árvores imensas estendem-se por centenas e centenas de quilómetros em que montanhas, glaciares e lagos cristalinos se sucedem sem parar. A British Columbia é, sem dúvida alguma, uma das regiões mais (sobre-)naturais do mundo, não sendo por acaso que muitos dos movimentos ambientalistas globais tivessem surgido aqui.

Graças à sua riquíssima vegetação, as maiores exportações da BC são os produtos florestais (madeira, pasta de papel, etc). A BC é uma zona pacata, segura, com elevados rendimentos por habitante (apesar dos preços astronómicos das casas), sendo das mais avançadas do Canadá. Por isso, pode estranhar o que vou dizer a seguir. Sabe qual é a segunda maior indústria exportadora e a segunda maior empregadora da BC? A marijuana, também conhecida por "BC bud" (a amiga da BC").

As exportações (e produção) de droga canadiana empregam mais de 100,000 pessoas e a produção desta indústria ilegal totaliza mais de 5 mil milhões de dólares. A BC Bud é tão conhecida na América do Norte, que chegam a haver websites dedicados à venda de diferentes qualidades da mesma (veja, por exemplo, este).
Todos os anos, mais de 400 a 500 plantações de marijuana são detectadas pelas autoridades (quase sempre devido ao alto consumo de electricidade), mas muitas outras centenas (milhares) não são apanhadas pela lei. De vez em quando ouve-se sobre algum crime cometido entre os gangs que comercializam a droga, mas nada de especial. A BC é tão ou mais pacífica do que Portugal.
Apesar da sua intensa beleza, o interior da BC é muito desertificado. Há poucos empregos. Poucas oportunidades. Pouco desenvolvimento. As comunidades que vivem à custa da indústria madeireira sofrem de episódios recurrentes de recessão e desemprego devido à natureza cíclica da indústria. Como é que os habitantes do interior da BC resolveram o problema da desertificação e da falta de oportunidades? Como é que combateram este seu Mezzogiorno? Investindo em grande escala na produção e exportação da BC Bud...
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Os factos já são conhecidos pelos locais há muito tempo. Porém, o The Guardian de hoje tem uma reportagem sobre o assunto que vale a pena ver.

16 março 2008

A EXTINÇÃO DOS GLACIARES



Há poucas coisas tão bonitas como a visão de um glaciar, o verde intenso das águas glaciares, a beleza intensa de um glaciar. Quantos versos não foram escritos por poetas, quanta prosa, quantas vidas não mudaram perante a imensidão de um glaciar?
Com as alterações climáticas, os glaciares estão em risco de extinção um pouco por todo o mundo. Para além da perda estética e imaterial, o desaparecimento dos glaciares poderá ter um significativo impacto económico. O Observer deste domingo refere alguns desses impactos.

CRISE? QUAL CRISE?

Dezenas de milhares de portugueses(as) vão aproveitar as férias da Páscoa para fazer turismo noutros países. Só para o Brasil vão mais de mil. A EasyJet estima transportar quase 65 mil passageiros provenientes de Portugal durante esta semana. Perante este cenário, o DN conclui: "Para esquecer as amarguras da crise, os portugueses aproveitaram o feriado da Páscoa para fazer umas miniférias." Amarguras da crise??? Que crise??? Se o "mito da maior crise da nossa história" fosse verdade, certamente que as "amarguras da crise" não permitiriam a estes portugueses(as) viajar...

TIBETE (2)

A violência alastra-se no Tibete. Depois de Lassa, a capital, já se registaram confrontos noutras localidades tibetanas. O governo chinês já lançou um ultimato aos monges e aos manifestantes. Mas estes(as) não parecem ter intenções de parar os protestos. O (exilado) Dalai Lama já falou sobre o assunto nesta entrevista à BBC.

A ESTRADA DAS ROTUNDAS

O novo traçado da EN125 já foi apresentado e, pelo que parece, vai haver mais rotundas do que estações de serviço. Uma por cada quatro quilómetros! Tudo porque supostamente mais rotundas irão fazer os motoristas abrandar a velocidade nessa estrada de alta sinistralidade. Ou seja, para o governo, as rotundas são o oposto dos piercings: quantas mais melhor para aumentar a segurança pública. Já estou a ver as filas e mais filas e mais filas de carros estacionados na EN125 à espera de entrarem nas rotundas, enquanto os(as) motoristas preguejam sob calor de Agosto.

15 março 2008

AS LIÇÕES BRITÂNICAS

Este é um outro exemplo de um país que teve um completo volte-face em relação à sua situação económica. Até aos anos 80, os economistas não se cansavam de apregoar a “doença britânica", visto que a economia britânica cresceu substancialmente menos do que as suas congéneres europeias desde o final da Segunda Guerra Mundial. O ponto de viragem aconteceu nos anos 80 com o ímpeto reformista dos governos da era Thatcher, os quais introduziram uma série de medidas estruturais destinadas a combater os problemas de produtividade desse país. Entre as reformas estruturais implementadas incluem-se a desregulamentação da economia, a descida dos impostos, a desburocratização do aparelho estatal, e uma redução substanciail do poder dos sindicatos ingleses.
Outra das medidas da altura foi a decisão de deixar cair alguns dos sectores tradicionais ingleses de baixa produtividade, tais como a indústria mineira do carvão. Esta indústria empregava cerca de 250 mil trabalhadores nos anos 80, mas sofria de várias ineficiências e graves problemas de produtividade. Em vez de decidir manter essas ineficiências através de um programa de generosos subsídios, o governo da altura preferiu não o fazer, o que fez com que a maioria das empresas mineiras não subsistissem. A longo prazo, esta revelou-se como uma boa medida, visto que os fundos aplicados nessa indústria foram aplicados em outros sectores com maior produtividade e grande parte dos trabalhadores mineiros foram empregues em sectores mais produtivos.
LIÇÕES PARA PORTUGAL
O governo português igualmente poderia fomentar ainda mais a desregulamentação da economia, e principalmente continuar a promover a desburocratização do aparelho estatal, o qual não só é demasiado grande, mas também é extremamente ineficaz. Assim, o aparelho estatal português muitas vezes é mais um empecilho do que uma ajuda para o sector privado.
O exemplo da (penosa) reestruturação da indústria mineira britânica fornece também uma lição válida para um dos sectores de menos valor acrescentado em Portugal, que é o sector têxtil. Como o exemplo britânico demonstra, por vezes, é mais importante haver uma reestruturação radical dos sectores menos produtivos das economias do que tentar mantê-los a todo custo. De facto, de uma forma geral, está provado que um reinvestimento dos recursos afectos aos sectores menos produtivos para outros fins mais produtivos melhora a produtividade global da economia.

PIERCINGS

O governo prepara-se para introduzir legislação para proibir os piercings e as tatuagens nos orgãos genitais e para os menores de 18 anos. De acordo com o DN: "Os piercings na língua e "na proximidade de vasos sanguíneos, nervos e músculos" vão ser proibidos. Para os menores de 18 anos a interdição é total - "é proibida a aplicação de piercings, tatuagens e de maquilhagem permanente... De acordo com a proposta socialista, quem faça uma tatuagem ou coloque um piercing terá que passar a assinar uma declaração de consentimento (confidencial, que terá de ser arquivada por um período de cinco anos)... Quanto à proibição total que o PS pretende impor no caso dos piercings, o parlamentar argumenta que a "boca é uma das partes do corpo onde mais facilmente se transmite e absorve qualquer vírus ou bactéria." Já no que se refere à interdição "na proximidade de vasos sanguíneos, nervos e músculos", remete para a Direcção-Geral de Saúde uma definição mais concreta... Considerados os três itens, sobrancelhas, umbigo e genitais ficam também interditos na aplicação de piercings. Tal como a mucosa do nariz. Sobra o lóbulo da orelha."
Eu até não gosto de piercings e de tatuagens, mas proibi-los??? Restringir a sua prática??? Onde é que está a liberdade individual? Porque é que o Estado há-de proibir a minha opção de usar um piercing na língua? De tatuar a minha testa? De colocar um piercing na barriga ou, cruz credo!, noutro local mais doloroso? Porquê? O que é que o Estado tem a haver com isso? o quê?
Há leis e intenções legislativas perfeitamente ridículas e desnecessárias. Esta é certamente uma delas. Um atentado à liberdade individual. Um perfeito disparate.