Os resultados do PISA 2009 divulgados ontem são, sem dúvida, boas notícias. É certo que ainda é cedo para se saber todos os pormenores referentes à melhoria dos resultados dos(as) alunos(as) portugueses(as). (Pessoalmente, entre outras coisas, gostaria de saber um pouco mais sobre a amostra das 212 escolas portuguesas em que o inquérito foi feito). É igualmente verdade que ainda é cedo para se saber se os progressos agora alcançados serão mantidos no futuro (o PISA 2012 será assim fundamental para percebermos se os resultados agora divulgados foram extraodinários ou se se enquadram numa tendência de progressão assinalável). No entanto, parece-me uma questão de elementar bom senso dar os parabéns aos professores e ao Ministério da Educação por finalmente termos um indicador de qualidade educativa que revela um claro progresso em relação aos anos anteriores. Agora o que há a fazer é manter o esforço efectuado até aqui e tentar melhorar ainda mais no PISA 2012.
Porquê? Porque apesar da progressão registada, a verdade é que ainda há muito para andar para ficarmos satisfeitos com os resultados alcançados. Ainda estamos abaixo da média da OCDE em todos os indicadores de desempenho educativo, e não nos podemos esquecer que continuamos a ter a terceira taxa de abandono escolar mais alta da OCDE (à frente do México e da Turquia), e que temos ainda os mais baixos anos de escolaridade média de toda a União Europeia.
Isto não quer dizer que os resultados divulgados ontem não são de enaltecer. Bem pelo contrário. No entanto, de nada nos valem estes resultados se o esforço de melhoria dos indicadores da qualidade educativa não for continuado nos próximos anos.
Dito isto, analisemos então os rankings de desempenho nacional em relação aos restantes países da OCDE. Comecemos pela leitura. Como podemos ver no gráfico 1, nos indicadores de leitura, Portugal já se encontra bastante perto da média da OCDE, e à frente de países como a Itália, a Eslovénia, a Grécia, a Espanha, Áustria e a República Checa, e já não muito longe de países como o Reino Unido e a Dinamarca. Este é um dos nossos melhores indicadores e que já tem vindo a progredir desde o início da década.
Gráfico 1 _ Resultados do PISA 2009, leitura
Em relação à matemática, os indicadores do PISA 2009 são igualmente animadores, pois não só registámos resultados quase 5% superiores ao obtidos em 2006, mas também porque, como podemos ver no gráfico 2, a média obtida pelos alunos portugueses é praticamente igual à média da OCDE, e acima da Espanha, da Itália e da Grécia, e empatada com a Irlanda e com os Estados Unidos.
Gráfico 2 _ Resultados do PISA 2009, matemática
Finalmente, em relação à ciência, as comparações ainda não nos são tão favoráveis, mas, mesmo assim, os resultados denotaram um progresso assinalável, na ordem dos 4%, em relação a 2006. Mais concretamente, os resultados dos alunos portugueses em Ciência estão acima dos resultados alcançados pelos alunos do Luxemburgo, da Grécia, da Espanha, da Itália e da Eslováquia (gráfico 3).
Gráfico 3 _ Resultados do PISA 2009, ciência
Em suma, uma primeira análise dos resultados do PISA 2009 só nos podem deixar satisfeitos. Ainda há muito para andar, mas, pelo menos, os primeiros passos de progresso significativo já parecem ter sido dados. Veremos se estas tendências se mantêm no futuro. Esperemos que sim. Nos próximos dias continuarei a analisar os resultados do PISA 2009.