Agora que se conhecem as caras do novo governo, não é difícil perceber que, apesar de José Sócrates ter perdido a maioria absoluta, tudo continuará como dantes. Ou seja, não haverá controlo da despesa pública e continuará a haver uma aposta dogmática nas grandes obras públicas. Se não vejamos. Teixeira dos Santos manterá a política anterior, em que a desorçamentalização de parte das despesas públicas (através das parcerias público-privadas e de iniciativas similares) permitirá ao governo propagandear-se de rigor nas contas públicas, enquanto o défice e a dúvida pública efectivas (mascaradas nas contas do Estado) continuam a aumentar. Também não interessa que a alegada consolidação das contas do Estado tenha sido toda feita através do aumento das receitas (i.e. mais impostos, o que é mau, e mais eficiência fiscal, o que é bom). Não se antevê que tal venha a mudar. Entretanto, as despesas públicas continuaram e continuam a crescer a bom ritmo (mesmo antes da crise internacional). Mas, certamente, não haverá problema.
Nas Obras Públicas, temos agora um economista que defendeu publicamente as grandes obras públicas. Conclusão: todos(as) os(as) outros(as) que defendiam mais ponderação e uma reavaliação desses projectos estão errados(as). E se é assim, porquê travar o ritmo de execução e adjudicação desses projectos?
Finalmente, na Economia, confesso que fiquei verdadeiramente desapontado. É verdade que Vieira da Silva é "trabalhador" e "dedicado". E até foi dos ministro que mais obra deixou no último governo. Porém, não me parece ter a visão estratégica que penso que seria necessária para o Ministério da Economia. A sua nomeação parece-me ser motivada para tentar estancar a subida do desemprego, em vez de tentar combater os problemas estruturais da nossa economia. Pode ser que me engane (espero que sim), mas, infelizmente, acho que não.