DN_ O Banco Mundial estimava que uma epidemia de gripe da aves teria um impacto de 3 mil milhões de dólares na economia global. É possível prever os impactos desta nova gripe?
Certamente que, brevemente, quando tivermos uma noção mais concreta do impacto e da extensão do problema, irão surgir estimativas do impacto da gripe suína. O que sabemos é que o impacto final irá depender da extensão e difusão desta nova gripe. Tudo vai depender se vai haver realmente uma pandemia, quantos países serão afectados, etc.
DN- O fecho das fronteiras é a principal ameaça? Que efeitos pode ter?
Sim, o encerramento das fronteiras é uma das ameaças mais sérias. Se tal acontecesse, os efeitos económicos seriam bastante consideráveis, pois esta gripe surge num momento em que a economia mundial já está bastante debilitada. O encerramento das fronteiras irá lesar principalmente os países mais dependentes do comércio externo.
DN- Os mercados, depois de um impacto negativo nos primeiros dias, parecem agora estar a reagir bem... é de esperar que continuem a reagir bem?
Tudo vai depender da evolução da doença. Se a febre suína se tornar mesmo numa pandemia, o comércio internacional será muito atingido, o que seguramente irá afectar negativamente os resultados das empresas. Num tal cenário, certamente que os mercados irão reagir de forma negativa.
DN- Há empresas que podem sair a ganhar?
Há sempre empresas que podem sair a ganhar. Obviamente, muitas empresas do sector da saúde irão beneficiar, não só os produtores de medicamentos como o Tamiflu, mas também as empresas que vendem máscaras, produtos desinfectantes e sanitários, etc. Mas há muitos outros potenciais vencedores. Imaginemos um cenário em que se dá mesmo uma pandemia mundial e que o comércio internacional é seriamente afectado. Haverá produtores nacionais que poderão sair beneficiados se os seus concorrentes externos forem atingidos. Obviamente, se os preços dos produtores nacionais forem mais elevados do que os preços dos seus concorrentes internacionais, quem pagará a diferença serão os consumidores.
DN- Quais as que podem perder mais?
As empresas que podem perder mais são exportadores e importadoras, bem como aquelas que dependem de matérias-primas e bens intermédias para as suas produções. Ou seja, as empresas que podem perder mais são aquelas que mais dependem do comércio internacional para as suas actividades.
DN- É importante para as empresas estabelecerem planos de contingência?
Sim, claro que sim. Aliás, é muito provável que muitas empresas já o estejam a fazer, principalmente se dependerem de mercados externos para as suas produções