04 dezembro 2008

BCE RADICAL

Como era esperado, o Banco Central Europeu baixou a sua taxa directora para 2,5%. O corte de 0,75 pontos percentuais foi o maior da breve história do BCE, indiciando que o banco central está realmente preocupado com a recessão da economia. A grande dúvida é saber se este corte é suficiente ou se não seria preferível ser ainda mais agressivo, tal como fizeram o Banco de Inglaterra (que cortou a taxa directora em 1 ponto percentual) e o Banco da Suécia (que baixou os juros em 1,75 pontos percentuais). É de assinalar que, provavelmente, a decisão do BCE faz sentido por dois motivos. Primeiro, a Fed quase nunca baixa os juros mais do que o,5 ou 0,75 pontos percentuais de uma só vez. Neste sentido, o BCE só está a copiar o que a Fed faz. Segundo, e mais importante, é preciso não esquecer que o BCE é uma coligação de 15 bancos centrais, cujas economias têm necessidades muito distintas. Por isso e neste contexto, baixar os juros em 0,75 pontos percentuais é bastante radical. Dito isto, urge perguntar: será que chega? Provavelmente não. Assim, não será de espantar que o BCE continue a baixar os juros nos próximos tempos. Entretanto, e como a política fiscal é fundamental nas recessões, também é preciso que os estados sejam ainda mais agressivos no combate à crise. E que esqueçam o fundamentalismo do défice pelo menos a curto prazo (o que Bruxelas ainda não conseguiu, pelo menos totalmente).

2 comentários:

lmleitao disse...

Boas Álvaro,

Percebo o seu ponto de vista quanto refere que "não será de espantar que o BCE continue a baixar os juros nos próximos tempos". No entanto, ao fazê-lo desta forma radical, como se quisesse dar choques eléctricos para acordar as economias europeias, não estará também o BCE a esgotar as suas forças? Digo isto porque quanto mais baixo as taxas de juro ficarem, menor será a sua margem de manobra para gerir uma realidade de recessão económica e cada vez mais o cenário drástico de uma eventual deflação começar a deixar de ser uma utopia para se tornar numa hipótese bem real na Zona Euro. Mais uma vez vimos as bolsas a não reagirem positivamente a esta notícia, a taxa de desemprego a caminhar para níveis recordes e a confiança dos investidores a deambular pelas ruas da amargura. Pergunto se esta será a política mais correcta. Não deveria antes haver uma concentração dos Estados na sua política orçamental definindo claramente prioridades? Afinal, qual é o caminho mais correcto nos tempos actuais: salvar e oferecer garantias bancárias a quem nos colocou nesta situação ou ajudar quem realmente precisa? Talvez falte coragem a quem manda mas sobretudo, vergonha na cara a quem achou que tinha o rei na barriga!

Abraço

Alvaro Santos Pereira disse...

OLá Luís

Concordo plenamente. Aliás, até acho que provavelmente até é prudente para o BCE deixar uma certa margem de manobra nos próximos tempos. Nunca se sabe o que poderá acontecer e é sempre bom ter alguma margem de manobra
E, claro, não podia concordar mais consigo sobre as políticas orçamentais. É exactamente isso que defendo
Abraço