Dois ilustres historiadores económicos, Barry Eichengreen e Kevin O'Rourke, compararam o que aconteceu à economia mundial durante a Grande Depressão e durante os primeiros meses da recessão actual. Os investigadores chegaram à conclusão que a descida do PIB mundial desde Abril de 2008 tem sido tão acentuada como durante a Grande Depressão (ver gráfico acima). Pior, na crise actual os mercados financeiros mundial e o comércio internacional já desceram ainda mais do que na década de 1930. Quer isto dizer que estamos mesmo numa nova Grande Depressão? À primeira vista, parece que sim. No entanto, como já aqui falámos e como estes investigadores demonstram aqui, a grande diferença entre a Grande Depressão e a crise actual tem ocorrido ao nível da resposta da política económica. Esssencialmente, desde Abril de 2008, as taxas de juros já desceram muito mais depressa do que durante a Grande Depressão, oferta monetária tem aumentado muito mais depressa do que então (gráfico abaixo) e os governos têm aumentado os défices orçamentais a um ritmo muito superior. Por outras palavras, tanto a política monetária como a política fiscal têm sido muito mais agressivas (e expansivas) actualmente do que na Grande Depressão. Isto é, os governos e os bancos centrais aprenderam as lições do período da Grande Depressão e têm actuado mais rapidamente. Resta saber se vai resultar. É verdade que já há indícios que algumas economias na OCDE têm dados sinais que poderão estar a começar a recuperar, mas ainda é cedo para termos certezas.
Gráfico 2 _ Oferta monetária mundial na década de 1930 e actualmente
PS. Gráficos retirados daqui
Gráfico 2 _ Oferta monetária mundial na década de 1930 e actualmente
PS. Gráficos retirados daqui
2 comentários:
Bom dia Álavaro,
Uma coisa parece certa, a Europa não irá recuperar tão cedo. Basta ver as manifestações que decorrem pelas grandes cidades da Europa.
Ontem em Madrid e Paris, no fim de semana em Bruxelas e Bucareste.
Os trabalhadores e sindicatos europeus aristocratas continuam a achar que são o sol e que os outros astros giram à sua volta.
Reinvidicam os direitos em abstrato recusando-se a entender, não por serem estúpidos mas por mera conveniência, de que o mundo mudou e já não podem querer para eles no dia a dia aquilo com que muitos milhares de milhões nem sequer sonham ter daqui a trinta anos. Sobretudo se não souberem marcar a diferença.
Recusam-se a admitir que o direito ao pão pressupõe que se semeie o trigo, que se faça a moagem e que se amasse e coza o produto. Os sindicatos europeus parecem apenas querer berrar: Nós temos direito ao pão! Não há sindicato que diga: temos de semear, amassar e cozer.
Mas a história, tal como o tempo, é inexorável.Segue o seu curso independentemente das manifestções e declarações de Lisboa.
E depois há Portugal. Com um tecido económico anquilosado. Com milhares de empresas que nunca deviam ter chegado a existir, e milhares que já deviam ter acabado há muito. Mas que graças a uma enorme complexidade legislativa se mantêm nos cuidados intensivos consumindo recursos sem qualquer benificio anos a fio.
E claro, temos uns sindicatos, que no nosso caso nunca chegaram a ser aristocráticos mas simples correias de transmissão de partidos.
Portanto espera-nos um futuro auspicioso.
Antonio
Caro Álvaro
Pede-se um esclarecimento:
O Governo anuncia 19% de quebra nas receitas do IVA. O Governo anuncia uma quebra do PIB de 5.4%.
Sabendo que, fora os bens exportados, todos os outros são sujeitos a IVA em território nacional como é que é possivel entender números tão dispares? Até porque as exportações também estão em quebra acentuada.
Números do desemprego. 8,9%.
A estes temos de juntar 70.000 (1,4% em acções de formação) e mais 67.000 (1.4%) que estão à procura do 1º emprego ou que não estando anteriormente a trabalhar estão hoje à procura de emprego. Vamos em 11.7%. E se somarmos os 100.000 portugueses que este ano emigraram a coisa fica mais preta. E como todos concordamos, em Portugal é muito dificil despedir. É preciso as empresas entrarem em ruptura total para que isso possa acontecer.
Quais serão pois os verdadeiros números da crise?
Antonio
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