15 setembro 2008

RECESSÃO NAS EXPORTAÇÕES?

A economia portuguesa está a atravessar o período de maior abrandamento dos últimos 80 anos. Quando as coisas pareciam estar a melhorar em finais de 2007, a crise financeira nos Estados Unidos e, principalmente, o choque petrolífero que se tem feito sentir um pouco por todo o mundo, começaram a ter impactos significativos na economia mundial.
Um choque petrolífero é o que em economês se apelida de choque de oferta negativo e é o pior de todos os choques possíveis. Nomeadamente, a acentuada subida dos preços dos produtos petrolíferos tem dado origem a um novo episódio de estagflação, que combina a estagnação económica (e uma subida do desemprego) e o aumento dos preços.
Tanto nos anos 70, como nos 80, os choques petrolíferos levaram a economia mundial à recessão e foram bastante nefastos para a economia mundial. O choque petrolífero actual não será excepção. O pronunciado abrandamento da economia mundial dos últimos meses e, principalmente, a recessão nos nossos principais parceiros económicos não augura nada de bom para a fragilizada economia portuguesa, pois a nossa procura externa cairá. Por todos estes motivos, seria verdadeiramente surpreendente (e um óptimo sinal) se conseguíssemos evitar cair numa recessão.

O que é que poderá acontecer com as recessões na Alemanha e na Espanha. Primeiro, é muito natural que as nossas exportações sejam bastante afectadas, eliminando alguns dos ganhos dos últimos 2 ou 3 anos. Em segundo lugar, é muito natural que, havendo menos procura destas economias, os exportadores procurem outros mercados. Ou seja, haverá uma tendência para diversificar os nossos mercados externos. Quais serão os mercados em causa? Provavelmente Angola, Moçambique, o Brasil, entre outros. Porquê? Não só pelas nossas afinidades históricas, mas também porque estas economias estão em franca expansão, o que tem levado muitos portugueses a investir nestes mercados.
Finalmente, o que é que poderemos fazer para atenuar a recessão? Acabar com a obsessão do défice e combater a crise. Como? Não gastando mais (que é a receita tradicional), mas dando mais incentivos e benefícios fiscais às empresas e aos particulares, de forma a estimular o investimento e o consumo. A lógica é simples: se as exportações decrescerem significativamente por causa da recessão europeia, ficamos sem um dos motores da retoma económica. Por isso, resta-nos tentar utilizar o outro, que é o investimento. Não despendendo mais fundos em obra faraónicas como o TGV, mas sim tornando as nossas empresas mais competitivas.
PS. Resposta a perguntas do DN sobre o efeito da recessão internacional sobre o nosso sector exportador

1 comentário:

Anónimo disse...

Se a solução parece ser assim "tão simples" então porque não se aplica? É tudo por causa da obcessão do défice? ...