Uma das propostas do novo livro que estou a escrever é que um próximo governo devia fazer os possíveis para alcançar o equilíbrio orçamental o mais brevemente possível, um feito inédito no período democrático. A ideia era credibilizar a descredibilizada política económica e dar um sinal aos mercados que um próximo governo irá comportar-se de forma diametralmente oposta ao que se tem passado nos últimos anos. Como há um objectivo consensual de reduzir o défice orçamental para baixo de 3% do PIB até 2013, não é de todo despropositado ir um pouco mais longe e tentar alcançar o défice zero até 2016. É isso que defendo neste artigo no Jornal de Negócios. Para uma opinião diferente da minha, clique aqui.
4 comentários:
O Álvaro tem razão. A ideia avançada é oportuna. E bem se pode dizer que ficava bem enquadrada naquela outra que o presidente Sarkozy também veio adiantar de consagrar o equilíbrio orçamental na Constituição.
Penso que a definição usada aqui de défice orçamental é a que se obtém depois de lhe ser retirada a componente cíclica. Aproveitava mesmo para juntar à ideia do Álvaro aquela outra de tornar mandatória uma contribuição anual de 0,5% do PIB para um fundo nacional destinado a proteger o destino demográfico do país.
E já que o espírito reformador se alevanta, aqui vai a última. A de procurar substituir as actuais participações «especiais» do Estado em empresas cotadas, por participações sem quaisquer direitos em empresas que pagam bons dividendos. Seria uma boa via para esperar que algum dia deixaríamos de pagar impostos. Só porque as empresas onde o Estado seria accionista sem relêvo, seriam também as mais rentáveis.
Claro está que nisto das reformas há pouco de novidade. As circunstâncias mudam, os contextos renovam-se, e as medidas podem ser de novo propostas. Parece-me pois curioso que o equilíbrio orçamental seja hoje apelidado de medida «neoliberal». Foi parte do programa do governo socialista Chileno.
Por sso, aviso desde já que o «novo» programa de investimento do Estado é uma actualização para o século XXI da política «cameralista» do século XVIII. O problema dos dias de hoje é que Angela Merkel não é um Frederico Guilherme...
Obrigado.
F
Concordo!!! e já agora fechava-se o país por tempo indeterminado...
Deveríamos ir para além do défice zero e atingir o superavit. Um superavit, mesmo que pequeno, iria permitir o pagamento antecipado das dívidas da República, sendo que com o pagamento dessa dívida a despesa a curto prazo com o pagamento de juros iria diminuir, o que ia contribuir para o aumento do superavit, criando um ciclo vicioso bastante positivo para o país. No entanto, infelizmente, parece um bocado utópico!
Cumprimentos.
Caro Álvaro,
A ideia de não sermos deficitários devia vir do berço. Não é possivel ser deficitário de uma forma permanente. Só se pode ser deficitário hoje se esse deficit servir para sermos superavitários amanhã.
Infelizmente estivemos habituados a ser pedintes durante os ultimos 34 anos.
mas atenção, isto não vai resolver em nada o problema das economias ocidentais e sobretudo as europeias. O rigos nas contas publicas que se avizinha vai introduzir alguma credibilidade no sistema financeiro. Mas o verdadeiro problema da Europa não é financeiro, é económico. È uma perca de competitividade, é uma população envelhecida, é uma população jovem sem futuro, é uma produção a mudar-se para oriente, é uma segurança social insustentável etc etc..
E do ponto de vista financeiro a questão principal não é falta de liquidez mas de solvabilidade.
Não tenha ilusões, meu caro Álvaro.
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