A CRISE E O SOBREENDIVIDAMENTO NACIONAL
Uma das tendências menos salutares da economia portuguesa tem sido a acentuada subida do endividamento nacional. Assim, enquanto, em 1990, a taxa de endividamento em relação ao rendimento disponível rondava os 18%, em 2007, este valor tinha subido para quase uns astronómicos 130%. Não restam dúvidas que o endividamento nacional foi um dos efeitos perversos da nossa adesão ao euro e da descida das taxas de juros que lhe esteve associada, que levaram muitas famílias e empresas a endividarem-se para níveis nunca dantes vistos. Para agravar a situação, no final dos anos 1990, o nosso Estado paternalista aumentou desmesuradamente as despesas públicas, o que levou a uma correspondente subida do endividamento.
Como é que financiámos este endividamento? Através do recurso a empréstimos que terão que ser pagos pelas gerações futuras, e através de um maior endividamento externo. Actualmente, o nível do endividamento externo bruto já ultrapassa os 200% do PIB nacional, um valor que nos coloca no top 20 dos países mais endividados do mundo. A situação só não é mais grave, porque já não temos o escudo e a nossa dívida externa está em euros.
Uma das tendências menos salutares da economia portuguesa tem sido a acentuada subida do endividamento nacional. Assim, enquanto, em 1990, a taxa de endividamento em relação ao rendimento disponível rondava os 18%, em 2007, este valor tinha subido para quase uns astronómicos 130%. Não restam dúvidas que o endividamento nacional foi um dos efeitos perversos da nossa adesão ao euro e da descida das taxas de juros que lhe esteve associada, que levaram muitas famílias e empresas a endividarem-se para níveis nunca dantes vistos. Para agravar a situação, no final dos anos 1990, o nosso Estado paternalista aumentou desmesuradamente as despesas públicas, o que levou a uma correspondente subida do endividamento.
Como é que financiámos este endividamento? Através do recurso a empréstimos que terão que ser pagos pelas gerações futuras, e através de um maior endividamento externo. Actualmente, o nível do endividamento externo bruto já ultrapassa os 200% do PIB nacional, um valor que nos coloca no top 20 dos países mais endividados do mundo. A situação só não é mais grave, porque já não temos o escudo e a nossa dívida externa está em euros.
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Mesmo assim, o elevado endividamento nacional poderá ser bastante nefasto no contexto da crise internacional. Em particular, enfrentamos um dilema de difícil resolução. Por um lado, num ano que se adivinha difícil, um dos motores da retoma económica passaria por estimular a procura interna. Porém, incentivar o consumo penaliza a poupança e poderá agravar a situação de endividamento já existente. Por outro lado, apostar em projectos de investimento que necessitam de financiamento externo (como o TGV) irá exacerbar ainda mais a dívida externa. O endividamento nacional deixa-nos, por isso, um pouco de mãos atadas.
É certo que a recente descida das taxas de juros irá aliviar os encargos financeiros de muitas famílias portuguesas. Porém, se situação económica se agravar significativamente, a descida dos juros não será suficiente para travar uma possível onda de incumprimentos no pagamento das dívidas. Não adianta muito poupar na prestação da casa se o emprego faltar. Por isso, internamente, o sobreendividamento das famílias portuguesas tem uma consequência imediata: a saída da crise certamente não acontecerá impulsionada pelo consumo.
Mesmo assim, o elevado endividamento nacional poderá ser bastante nefasto no contexto da crise internacional. Em particular, enfrentamos um dilema de difícil resolução. Por um lado, num ano que se adivinha difícil, um dos motores da retoma económica passaria por estimular a procura interna. Porém, incentivar o consumo penaliza a poupança e poderá agravar a situação de endividamento já existente. Por outro lado, apostar em projectos de investimento que necessitam de financiamento externo (como o TGV) irá exacerbar ainda mais a dívida externa. O endividamento nacional deixa-nos, por isso, um pouco de mãos atadas.
É certo que a recente descida das taxas de juros irá aliviar os encargos financeiros de muitas famílias portuguesas. Porém, se situação económica se agravar significativamente, a descida dos juros não será suficiente para travar uma possível onda de incumprimentos no pagamento das dívidas. Não adianta muito poupar na prestação da casa se o emprego faltar. Por isso, internamente, o sobreendividamento das famílias portuguesas tem uma consequência imediata: a saída da crise certamente não acontecerá impulsionada pelo consumo.
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O endividamento nacional é ainda mais preocupante se nos lembramos de que uma das consequências da crise financeira internacional tem sido a contracção do crédito. Deste modo, é provável que os credores internacionais restrinjam o crédito às instituições financeiras nacionais e/ou exijam mais contrapartidas na concessão de novos créditos. Ou seja, nos tempos mais próximos, teremos menos crédito à nossa disposição e, ainda por cima, mais caro. Menos crédito implica menos investimento e, por consequência, menor crescimento económico. Isto é, o endividamento nacional tem efeitos concretos para a economia portuguesa.
Para além do reescalonamento das dívidas, como é que podemos minorar esta situação? Promovendo a poupança nacional e canalizando-a tanto para o investimento produtivo, como para o pagamento das dívidas. Neste sentido, em vez de pensar em gastar mais, o Estado devia dar o exemplo, ao conceder benefícios fiscais à poupança e ao investimento. Em vez de investir em projectos megalómanos, o Estado devia concentrar-se em ajudar as famílias em dificuldades, bem como em auxiliar a competitividade fiscal das empresas. Acima de tudo, o Estado devia compreender que continuar a apostar numa política de betão sem sentido é não só contraproducente, como também agravará ainda mais o grave problema do endividamento nacional.
O endividamento nacional é ainda mais preocupante se nos lembramos de que uma das consequências da crise financeira internacional tem sido a contracção do crédito. Deste modo, é provável que os credores internacionais restrinjam o crédito às instituições financeiras nacionais e/ou exijam mais contrapartidas na concessão de novos créditos. Ou seja, nos tempos mais próximos, teremos menos crédito à nossa disposição e, ainda por cima, mais caro. Menos crédito implica menos investimento e, por consequência, menor crescimento económico. Isto é, o endividamento nacional tem efeitos concretos para a economia portuguesa.
Para além do reescalonamento das dívidas, como é que podemos minorar esta situação? Promovendo a poupança nacional e canalizando-a tanto para o investimento produtivo, como para o pagamento das dívidas. Neste sentido, em vez de pensar em gastar mais, o Estado devia dar o exemplo, ao conceder benefícios fiscais à poupança e ao investimento. Em vez de investir em projectos megalómanos, o Estado devia concentrar-se em ajudar as famílias em dificuldades, bem como em auxiliar a competitividade fiscal das empresas. Acima de tudo, o Estado devia compreender que continuar a apostar numa política de betão sem sentido é não só contraproducente, como também agravará ainda mais o grave problema do endividamento nacional.