13 janeiro 2009

EURO MENOS UM?

Durante a crise financeira, o euro foi várias vezes elogiado por ser uma âncora de estabilidade e como uma moeda de reserva internacional. Países como a Islândia e até a Dinamarca reiniciaram a discussão sobre uma hipotética adesão ao euro, por forma a evitar a instabilidade que as respectivas moedas sofreram durante a crise. Ou seja, boas notícias para a moeda única.
Porém, agora que as coisas estabilizaram um pouco, começaram a surgir indícios que, afinal, a saúde da Eurolândia não é assim tão recomendável. Há países, como Portugal, a Espanha, a Irlanda e a Grécia, onde a contracção do crédito tem sido bastante acentuada. Estes problemas foram ainda mais exacerbados pelo sobreendividamento do Estado e das famílias), o que tem reduzido consideravelmente a disponibilidade de crédito nestes países. Os níveis de endividamento são tais que, quando os bancos desses países se tentam financiar no estrangeiro, não conseguem ou só o alcançam com condições menos favoráveis. (No fundo, tudo se passa como quando um indivíduo acumula demasiada dívida em cartões de crédito, em prestações, etc. Se quiser obter mais crédito ou refinanciar a dívida, terá que enfrentar condições mais severas, inclusivamente juros mais elevados).
Por isso, quando os Estados respectivos se tentam financiar através da emissão de obrigações da dívida pública, vêem-se obrigados a aumentar o retorno dessas obrigações (com juros mais altos) para tentar aliciar possíveis investidores.
Conclusão? Nas últimas semanas, o diferencial entre as principais obrigações alemãs e as obrigações espanholas, as gregas, as irlandesas, e as portuguesas, já aumentou 4 vezes desde meados de 2008, um nível que ainda não tinha sido visto desde a criação do euro.
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Qual é o problema? O diferencial entre as diversas obrigações nacionais são de tal modo elevadas que há já quem ponha em causa a coesão da moeda única, de maneira que há já quem aposte que um dos países "periféricos" irá ser forçado a abandonar o euro até 2010. Sinceramente, não acredito que tal aconteça, pois os países da Eurolândia sabem que as consequências para a estabilidade da moeda única seriam bastante negativas. Porém, vale a pena pensar sobre o assunto e perceber as razões que nos levaram a chegar a este ponto.
Se quiser saber mais, vale a pena ver este video do Financial Times.

1 comentário:

Gi disse...

Em Inglaterra também se discute uma possível adesão ao euro - por exemplo aqui (pró?) e aqui (contra!)