06 janeiro 2008

PORQUE É QUE JOÃO JARDIM IRÁ SER AINDA MAIS JOÃO JARDIM


Como é debatido no Mitos, nos últimos anos Madeira tem sido um dos poucos pontos brilhantes da economia nacional. A Madeira tem registado um crescimento económico significativo, bem como um aumento da produtividade. Com efeito, na última década, se Portugal fosse a Madeira, não estaríamos para aqui a lamentarmo-nos que somos um país de coitadinhos, que não chegamos a lado nenhum, que os espanhóis vão comprar tudo, que que que...

O problema, para a Madeira, é que o arquipélago tem sido vítima do seu próprio sucesso. Como o rendimentos madeirense está acima da média nacional e já ultrapassa os 75 por cento do rendimento médio europeu, tanto os subsídios nacionais como europeus têm diminuído (e vão continuar a decrescer nos próximos anos).

É neste contexto que devem ser entendidas as afirmações mais recentes de Alberto João Jardim. Durante a cerimónia de abertura das comemorações do quinto centenário da elevação do Funchal a cidade, João Jardim acusou os "cubanos" (os continentais) de 500 anos de "extorsão e roubo de dois terços do produto do suor dos madeirenses, que foi retirado da Madeira e levado para as fantasias do Reino".

Penso que as afirmações crescentemente nacionalistas e independentistas de João Jardim se devem compreender no âmbito de uma correcta (e planeada?) estratégia e racionalidade económica. Podemos não concordar ou gostar do estilo, mas é indubitável que João Jardim tem sido extremamente eficaz no uso da cartada independentista quando lhe é conveniente. Quando existem ameaças veladas ou implíticitas de corte de fundos, João Jardim torna-se ainda mais João Jardim e, quase sempre, os governos do continente cedem. O problema é que agora o governo do continente está numa crise orçamental e os fundos europeus para a região autónoma vão igualmente diminuir. Deste modo, as receitas do governo regional irão ser grandemente afectadas.

O que é que resta a João Jardim para tentar contrariar este estado de coisas? A cartada independentista e a retórica nacionalista. Podemos ter a certeza que nos próximos meses João Jardim irá ser ainda mais João Jardim e as ameaças independentistas irão subir de tom. Como é que podemos ter tal certeza? Porque esta estratégia é a que tem uma maior racionalidade económica. E, podemos estar certos, de racionalidade económica percebe João Jardim. Não é à toa que João Jardim é João Jardim.

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