31 dezembro 2007
BOM ANO NOVO
AS MÁS NOTÍCIAS DO QUÉNIA
30 dezembro 2007
SEIS MESES PARADOS
A GRANDE CONTRACÇÃO DO CRÉDITO
Primeiro foi a descida surpresa das taxas de juro nos Estados Unidos, logo seguida por outros países. Depois, foi a inédita acção concertada por parte dos principais bancos centrais mundiais. Agora, um aviso do Primeiro-Ministro britânico, Gordon Brown, sobre a evolução da economia mundial em 2008. Segundo ele, a crise financeira iniciada nos Estados Unidos (que tem levado a uma grande contracção do crédito em várias economias mundiais) é o principal desafio da economia do mundo em 2008. Segundo as suas próprias palavras: "The global credit problem that started in America is now the most immediate challenge for every economy."
Claro que Brown é um político astuto para quem o próximo ano é crucial para ser reeleito em 2009. Mesmo assim, este aviso conjugado com tudo o que foi feito anteriormente pelos bancos centrais indiciam que a grande contracção do crédito poderá ser ainda mais grave do que inicialmente previsto. Vivem-se momentos de ansiedade no sector financeiro, bem como no sector imobiliário. Esperemos que 2008 não seja tão sombrio quanto o preocupante aviso de Gordon Brown.
29 dezembro 2007
AINDA VALE A PENA TER SINDICATOS?
A forte conotação política não ajuda, principalmente porque muitos dos nossos sindicatos estão associados a conceitos e construções utópicas, que estão completamente desajustadas ao mundo actual. Mesmo assim, o que os torna maus e ineficientes é não terem uma visão de conjunto nem de longo prazo da nossa economia. Por exemplo, os sindicatos nos países escandinavos são extremamente poderosos, mas quando as coisas vão mal (ou seja, em tempos de crise) não vão para as ruas denunciar a suposta exploração dos capitalistas e/ou a reivindicar aumentos salariais irrealistas. Pelo contrário, negoceiam com as centrais patronais para encontrarem conjuntamente uma solução para os problemas das suas economias. Claramente, nós devíamos fazer o mesmo.
Ainda vale a pena ter sindicatos ou deveriam acabar de vez?
NOBEL DA LITERATURA 2008
28 dezembro 2007
EDITORIAL DO FINANCIAL TIMES
What is more, while there are obstacles ahead, there is every reason to hope that this progress can continue, lifting many more people out of poverty. Everyone who cares about the fate of the world’s poor should be celebrating far more than they tend to.
But it is hard to feel too cheery when war and famine lurk on the doorstep. Dramatic progress in poverty reduction notwithstanding, hundreds of millions of people live in countries that are extremely poor and look likely to stay that way. Development economist Paul Collier has dubbed them the “bottom billion”. Their plight is one of the big policy challenges of the new year – and for many years to come. The institutions charged with thinking about these problems are aid agencies. But development requires much more than aid – indeed, it frequently does not require aid at all. It is not that the aid industry does a bad job – if truth be told, some aid agencies are excellent, some are not, and donor governments have not made it a priority to find out which is which. But the difficulty is more profound: aid is not, mostly, what the poorest countries lack..." (o resto do editorial pode ser lido aqui)
O GRANDE DEGELO
Como acontece todos os anos, os cientistas do Environment Canada elegeram os dez eventos meteorológicos do ano. Num país tão vasto, não é surpreendente que hajam as mais variadas catástrofes, bem como fenómenos climáticos extremos. No entanto, o evento eleito como sendo o mais marcante do ano tem implicações não só para o Canadá, como também para o resto do mundo. Para surpresa de todos, em meados de Setembro, imagens de satélite revelaram que o degelo do Ártico tem ocorrido a um ritmo muitíssimo mais elevado do que estimado pelas previsões mais pessimistas dos cientistas. No final do Verão de 2007, havia cerca de 23 por cento menos gelo do que em 2006. O degelo é extremamente dramático e revelador, pois uma grande maioria dos nossos modelos climáticos previa um degelo desta magnitude somente daqui a 30 anos! Claro que um ano não são anos, e uma observação não faz uma tendência. O problema é que a tendência existe. Nos últimos 15 anos, os Invernos no Ártico têm sido demasiado brandos e temperados, e os 5 dos 10 anos mais quentes que há registo aconteceram desde 2001.
CRITICA DO PÚBLICO _ Mitos da Economia Portuguesa
Freakonomics À Portuguesa
Autor: Álvaro Santos Pereira
Editora: Guerra e Paz
Páginas: 222
Preço: 16.65
Ranking 4 estrelas
MÚSICA PARA ESCREVER
27 dezembro 2007
BHUTTO (2)
COMENTÁRIOS DOS LEITORES
O QUE FAZER PARA MELHORAR OS NOSSOS SERVIÇOS (1)
26 dezembro 2007
PROGRESSOS DO ATRASO
O MITOS NOS TOPS
1. Bolsa - Investir e Ganhar Mais
Miguel Gomes da Silva
2. Mitos da Economia Portuguesa
Álvaro Santos Pereira
3. Ganhar em Bolsa
Fernando Braga de Matos
4. Organizem-se - A Gestão Segundo Fernando Pessoa
Filipe Fernandes
5. A Era da Turbulência
Alan Greenspan
LIVROS DO ANO (3) _ Observer
Death of a Murdererby escrito por Rupert Thomson
When We Were Bad de Charlotte Mendelson
Girl Meets Boy de Ali Smith
The Digby de John Preston
Winnie and Wolfby escrito por AN Wilson
What is the What de Dave Eggers
Tokyoby de David Peace
Inglorious de Joanna Kavenna
Exit Ghost escrito por Philip Roth
A MORTE DE UM GIGANTE
24 dezembro 2007
23 dezembro 2007
LIVROS DO ANO _ NPR
Richard Russo Bridge of Sighs
Min Jin Lee Free Food for Millionaires
Stewart O'Nan Last Night at the Lobster
Roddy Doyle Paula Spencer
Salley Vickers The Other Side of You
Ian McEwan On Chesil Beach
Fred Vargas Wash This Blood from My Hands
Ann Patchett Run
Philip Roth's Exit Ghost
LIVROS DO ANO _ NEW YORK TIMES
MAN GONE DOWN escrito por Michael Thomas
OUT STEALING HORSES escrito pelo Norueguês Per Petterson.
THE SAVAGE DETECTIVES do Chileno Roberto Bolaño
THEN WE CAME TO THE END escrito por Joshua Ferris
TREE OF SMOKE de Denis Johnson
IMPERIAL LIFE IN THE EMERALD CITY: Inside Iraq's Green Zone.de Rajiv Chandrasekaran
LITTLE HEATHENS: Hard Times and High Spirits on an Iowa Farm During the Great Depression.de Mildred Armstrong Kalish
THE NINE: Inside the Secret World of the Supreme Court de Jeffrey Toobin
THE ORDEAL OF ELIZABETH MARSH: A Woman in World History de Linda Colley
THE REST IS NOISE: Listening to the Twentieth Century de Alex Ross
20 dezembro 2007
FESTIVAL LITERÁRIO INTERNACIONAL _ VOTOS PARA 2008
Sendo Portugal um país com poucos leitores, tudo o que faça para estimular o aumento da leitura é bem-vindo. É neste contexto que as velhinhas Feiras do Livro ainda têm um papel meritório a desempenhar. Nem que seja para atrair as pessoas para perto de livros.
Mesmo assim, é mais que notório que as Feiras do Livro já não são o que eram. Antigamente ia-se a uma Feira do Livro não só porque era (e é) agradável, mas também porque fazia sentido economicamente. Muitas vezes era nas Feiras do Livro que se conseguiam os melhores descontos e os preços mais baixos. Com a chegada das grandes livrarias ao mercado nacional, com os seus constantes descontos e promoções, isto já não acontece. Assim, para quê ir a uma Feira do Livro se, durante o ano inteiro, podemos ir on-line e comprar o mesmo livro a um preço comparável ou mais baixo? (Ainda por cima, as livrarias e as grandes superfícies têm as suas próprias feiras nos períodos coincidentes às Feiras do Livro, o que diminui a atractividade das mesmas).
Mesmo as sessões de autógrafos já não justificam a ida às Feiras, pois as livrarias estão cada vez mais agressivas na promoção e organização desses eventos. Por todos estes motivos, é mais que provável que a tendência dos últimos anos continue, e que, nas próximas edições, os visitantes das Feiras do Livro diminuam mais. E mais. E mais. Em parte, a diminuição dos visitantes das Feiras poderia ser atenuada com melhores campanhas de marketing e/ou com um design dos pavilhões menos conservador. Mesmo isso poderá não chegar.
Penso que o que há a fazer para alterar este estado de coisas é mudar modelo. Não é que as Feiras do Livro estejam necessariamente condenadas. Estão é esgotadas. O seu modelo já não resulta. Já não atrai. Já não vende.
Qual é a alternativa? Muito simples: mudar de modelo. Inovar. Copiar os outros. Noutros países o modelo seguido nas últimas décadas tem sido o do festival literário, no qual escritores de vários países confluem a uma cidade ou localidade para falar sobre as suas obras, bem como para interagir com os leitores. Claro que há sessões de autógrafos. Claro que há palestras. Claro que há debate. Acima de tudo, há uma saudável e estimulante troca de ideias. Há o redescobrir de escritores. Há conhecimento de novas escritas. De novas correntes de escrita.
Penso que é chegada a hora de fazermos o mesmo. E nem é preciso sermos demasiado megalómanos. Para ter sucesso, não precisamos necessariamente de atrair os Paul Austers, os Roths, os Pamuks, ou os Rushdies do mundo. Poderá que o consigamos, mas não é necessário, pelo menos no início. Lá chegará o tempo. Para começar, poderíamos organizar um festival literário das letras lusófonas. Um festival de Saramagos, de Lobos Antunes, de Agualusas, de Mias Coutos, bem como doutros autores menos conhecidos.
Para o alcançar, é preciso que existam pessoas interessadas a organizar tal evento. É preciso arranjar mecenas. É preciso angariar apoios. É preciso dinamismo e inovação. Esperemos que sim. Que existam. Acima de tudo, é preciso vontade e dinamismo. Ficam aqui os meus votos para que, em 2008, comecemos a pensar organizar um Festival Literário Internacional em Portugal, um evento que verdadeiramente fomente a divulgação literária neste país de tão poucos leitores.
PS. Foto retirada do site: http://arquivo.forum.autohoje.com/
PRENDAS DE NATAL (7)
STARBUCKS
Apesar de todos os protestos que se avizinham, será um sucesso, com toda a certeza.
19 dezembro 2007
PORQUE É QUE PRECISAMOS DE MAIS ROMENOS
ASP
ENTREVISTA À REVISTA SÁBADO (2)
Em primeiro lugar, porque a nossa relação bilateral a nível económico é ainda bastante inferior à registada entre outros países vizinhos com dimensões relativas comparáveis, tais como entre o Canadá e os Estados Unidos ou entre a Alemanha e a Holanda. Em segundo lugar, os recentes alargamentos da União Europeia mudaram o eixo de desenvolvimento da UE do Sul para o Leste europeu. Ora, a nível da atracção do investimento estrangeiro as condicionantes geográficas ainda são muito importantes. Assim, é natural que os investidores alemães ou holandeses prefiram localizar um maior número dos seus projectos de investimentos em países vizinhos. É neste contexto que os nossos próprios vizinhos se tornam ainda mais importantes. Por outro lado, existem sinergias entres as economias ibéricas que ainda não estão totalmente aproveitadas. Todos estes factores fazem com que a economia espanhola assuma uma crescente importância para a economia nacional.
ENTREVISTA À REVISTA SÁBADO
A necessidade de alertar contra as constantes deturpações que se fazem sobre a economia nacional, tais como sejam a nossa relação com Espanha, a nossa baixa produtividade, ou a ideia que a Educação será a nossa tábua de salvação, entre outras. Muitos dos temas do livro têm sido por mim abordados há vários anos na imprensa portuguesa. Quando há uns meses atrás o Manuel Fonseca, então editor da Guerra e Paz, me incitou a escrever um livro de economia num estilo mais descontraído, considerei que esta era a oportunidade ideal para disputar e esclarecer algumas das ideias pré-concebidas (e erróneas) que existem sobre a economia nacional.
2. Compara as previsões dos economistas com as dos empregados de limpeza. Considera que os economistas vivem desligados da realidade? E que deveriam investir mais em análises de curto prazo?
Os economistas ainda são os profissionais mais preparados para efectuar previsões económicas. Mesmo assim, temos que perceber que a economia é como a vida. Sabemos mais ou menos a tendência das nossas vidas, mas por vezes surgem surpresas. Por isso, mesmo com os melhores modelos do mundo é impossível prever com certeza absoluta a evolução da economia. É verdade que existem alguns economistas desligados da realidade, para quem os modelos têm um interesse intrínseco e próprio. Todavia, cada vez mais os economistas têm modificado as suas hipóteses de trabalho e melhorado os seus modelos e previsões, tentando-os tornar mais “reais” e “realistas”, tanto a curto como a longo prazo. Tem havido grande progresso nesta área.
3. Diz que não existem receitas mágicas para acabar com os males nacionais. Acha que os nossos governantes andam a curar doenças graves, como o défice (apontado como um dos cancros da nossa economia), com placebos (como o TGV e a OTA, que diz serem ilusões)?
Os nossos governos têm muitas vezes a tendência para curar cancros com aspirinas, ou seja, com instrumentos manifestamente desadequados às necessidades da economia. Se o défice é realmente uma doença crónica (o que certamente não é linear), então é preciso ter realmente coragem para atacar as suas componentes estruturais. Se queremos mudar o nosso modelo económico, temos que criar os incentivos necessários para efectuar as mudanças estruturais o mais cedo possível. O TGV e a OTA são ilusões, porque nunca poderão ser a catapulta de uma retoma sustentada. Nem o TGV nem a OTA resolvem os problemas estruturais da nossa economia, que se devem mais às insuficiências produtivas das nossas empresas do que às nossas (aliás, boas) infra-estruturas.
4. Se a OTA e o TGV não contribuem para o desenvolvimento nacional, que soluções propõe?
Devido aos montantes em questão, tanto o TGV como a OTA até podem contribuir a curto prazo para uma pequena recuperação económica. Com tanto dinheiro investido, mal seria se assim não fosse. No entanto, tendo em conta os elevadíssimos valores de investimento projectados, interessa perguntar: será que não conseguiríamos utilizar o dinheiro de uma forma mais eficiente? Não haveria alternativas menos dispendiosas, com benefícios mais visíveis e com resultados mais garantidos? Eu penso que sim. E se a OTA (ou Alcochete) é necessária a longo prazo para o crescimento do tráfego aéreo, o TGV é um projecto faraónico e megalómano, com uma rentabilidade muito duvidosa e que pouco contribuirá para diminuir as desvantagens da nossa situação geográfica. Estamos a pôr em risco a estabilidade e a saúde financeira do Estado e da economia nacional pelo capricho de querer ter a todo custo um comboio de alta velocidade como os nossos vizinhos espanhóis. Eu não acredito em receitas mágicas. Não sou, nem pretendo ser um economista curandeiro. No entanto, é evidente que deveríamos apostar na melhoria das nossas estruturas organizativas, na reforma da Administração Pública e no aumento da qualidade educativa. Uma fiscalidade mais atractiva também ajudaria.
PRENDAS DA NATAL (6)
PRENDAS DE NATAL (5)
PRENDAS DE NATAL (4)
Andrei Makine é uma das vozes mais inovadoras da literatura russa contemporânea. Escreve em francês, mas todos os cenários, todas as personagens, todo o ambiente é russo. Frio. Misterioso. Longínquo. The Woman Who Waited passa-se na Rússia remota. A prosa é simplesmente fascinante. A história comovente. Um pequeno grande livro. A ler. Não esquecerá a solidão, a tristeza, a beleza desta mulher que esperou. E esperou. E esperou. E esperou.
ASP
PRENDAS DE NATAL (3)
18 dezembro 2007
PRENDAS DE NATAL (2)
PRENDAS DE NATAL
17 dezembro 2007
PORQUE É QUE O PAPÃO ESPANHOL AINDA É UM MITO
BOAS NOTÍCIAS NAS EXPORTAÇÕES
O HOMEM MAIS VELHO DO MUNDO
16 dezembro 2007
LIVROS
Hosseini é um óptimo contador de histórias e uma história de amor afegã (contada por ele) é inesquecível. Triste e poderosa.
MITOS nos tops
Livraria Martins Fontes – Portugal
2-Ir Prò Maneta - Vasco Pulido Valente
3-Mitos da Economia Portuguesa - Álvaro Santos Pereira
4-A Arte da Guerra - Edição Ilustrada - Sun Tzu
5-As Crónicas do Eirozinho - Nuno Eiró
15 dezembro 2007
O CONTRA-SENSO DE BALI
ASP
Entrevista na RR
13 dezembro 2007
ANTI-FUTEBOL
Com efeito, quem já viveu fora do país e observou atentamente os hábitos desses povos sabe perfeitamente que o nosso fervor futebolístico não é, de modo algum, excepcional. Tanto no Reino Unido, como no Canadá e Estados Unidos, existem variadíssimas estações de rádio inteiramente dedicadas ao desporto (as chamadas Talk Sports Radios), nas quais, para além da cobertura de eventos desportivos, se dissecam durante horas e horas a fio assuntos tão importantes como se aquele ou aqueloutro jogador merecia mesmo o cartão amarelo, se as novas camisolas respeitam o espírito e tradição da nossa equipa, se a namorada do jogador X é mais bonita que a mulher de Y, ou mesmo se o novo penteado do treinador nos irá trazer má sorte à equipa. Comparadas estas rádios, os nossos debates radiofónicos dedicados ao futebol são umas meras brincadeiras de amadores.
O fanatismo futebolístico (e desportivo) noutros países é tão grande que frequentemente se perde toda a noção de razoabilidade e bom senso. Por exemplo, em todos os Europeus (não no próximo) e Mundiais de futebol existe um verdadeiro clima de euforia na Inglaterra, com contornos extremamente nacionalistas, tendo, por vezes, mesmo laivos xenófobos. Quando Portugal bateu a Inglaterra nos penalties em 2006, dizer que se era português era praticamente um crime. Havia um palpável ressentimento contra os portugueses, mesmo em lugares habitualmente insuspeitos e multiculturais, como sejam as universidades e empresas multinacionais. Nessa altura, a campanha contra o Cristiano Ronaldo atingiu proporções desmesuradas, com ameaças de morte e ataques à sua casa. Um dos tablóides ingleses, sempre tão isentos e zelosos, deu o número do telemóvel de Ronaldo aos seus leitores, juntamente com frases em português “apropriadas”.
E nem se pense que este fervor desportivo é um mal europeu. No Canadá e nos Estados Unidos (para já não falar na Índia com o cricket, a Nova Zelândia com o rugby, etc.), o fenómeno desportivo é tão ou mais acentuado que na Europa. Pensarmos que a febre futebolística nacional é só um sintoma do nosso alegado subdesenvolvimento é simplesmente um mito.
ASP
12 dezembro 2007
PORQUE É QUE DEVÍAMOS QUERER MAIS UCRANIANOS
Esta é uma boa notícia, principalmente se se enquadrar num conjunto de medidas que visem fomentar a imigração qualificada no país. Como é debatido no Mitos da Economia Portuguesa, Portugal tem tudo a ganhar com um aumento da imigração. A imigração é uma necessidade devido à nossa baixa natalidade e tem um efeito positivo sobre a produtividade nacional.
Por isso, interessa sobretudo melhorar as condições de integração dos imigrantes, bem como combater a imigração ilegal. A nova portaria está em linha do que tem sido adoptado noutros países receptores de imigrantes e é mais um passo para a necessária introdução de quotas de imigração anuais.
ASP
O QUE MATOU OS MAMUTES?
Existe um certo consenso na comunidade científica internacional que a extinção de um elevado número de espécies de largo porte 10,000 atrás foi devida principalmente à invenção de armas mais poderosas por parte dos humanos, bem como à chegada dos nossos antepassados a regiões anteriormente inexploradas, como sejam as Américas.
O timing das extinções e os achados arqueolólicos batem certo e, por isso, parecia não haver dúvidas sobre os culpados.
Para grande surpresa de muitos cientistas, surgiram recentemente novos dados que poderão fazer re-equacionar a história sobre o destino dos mamutes e outros animais de largo porte. Terão sido alterações climáticas igualmente responsáveis? Quiçá mesmo um cataclismo vindo do espaço?
Provavelmente, os humanos serão ainda os culpados, mas talvez estes mamíferos tivessem estado já numa trajectória descendente antes de serem acoçados pelos nossos antepassados. Para ler em http://news.bbc.co.uk/2/hi/science/nature/7130014.stm
ASP
11 dezembro 2007
A OBSESSÃO DO DÉFICE
É de assinalar que o pequeno aumento da carga fiscal e a redução da dívida pública acontecem num cenário de crescimento do PIB de 3 por cento ao ano. Bem mais do que temos actualmente. Num cenário em que as exportações continuam a bom ritmo (o que não é linear) e o investimento recupera para níveis não registados há mais de 10 anos. Ou seja, só não há um agravamento da carga fiscal ou da dívida pública porque se prevê que haja um maior crescimento económico (e, assim, maiores receitas fiscais).
Assim, vale a pena perguntar: para quê tanta obsessão com o défice? Porque não reduzir impostos (como o IVA ou o IRC) em vez de tentarmos agradar Bruxelas com uma inexplicável obsessão orçamental? Porque não aumentar a competitividade da nossa carga fiscal (e da nossa economia) em vez de retirarmos umas décimas adicionais ao défice? Como queremos fomentar o crescimento económico quando damos prioridade ao défice em vez fornecermos um alívio fiscal aos contribuintes?
Se estas opções do governo se confirmarem (esperemos que não), não tenhamos dúvidas que estamos perante um grave erro estratégico. Uma autêntica oportunidade perdida. O governo deveria estar preocupado com a promoção da retoma económica e não com Bruxelas ou mais algumas décimas do défice. A França certamente não está.
ASP
10 dezembro 2007
OS PROGRESSOS DO ATRASO
O Ministério da Saúde anunciou hoje que a taxa de mortalidade infantil atingiu o valor mais baixo de sempre, com uma taxa de 3,3 mortes por cada 1,000 nascimentos. Este é um facto a saudar e em linha com a pronunciada tendência de descida das últimas décadas. Portugal tem hoje uma das taxas de mortalidade infantil mais baixas do mundo. Para aqueles obcecados com os "rankings" relativos dos países (e que desvalorizam os grandes progressos das últimas décadas) interessa referir que a nível da mortalidade infantil Portugal está bem à frente de países como os Estados Unidos ou o Reino Unido.
Interessa também lembrar que há duas ou três décadas atrás, Portugal era um dos países da OCDE com as mais altas taxas de mortalidade infantil. Há 20 anos atrás, os nossos indicadores de mortalidade infantil eram terceiro-mundistas. Hoje são do melhor que existe.
Como sempre, certamente que muitos irão minimizar este feito. Afinal, é sempre popular ser-se pessimista e derrotista.
Contudo, muitos são os nossos progressos do atraso (na expressão feliz de Pedro Lains) e muitos avanços foram conseguidos nas últimas décadas. As baixíssimas taxas de mortalidade infantil são somente mais um indicador de que o mito do país dos coitadinhos é apenas isso, um mito. Mais nada.
PS. Foto retirada do site http://antoniocruz.net/mostrar/eventos/2005/burros/
09 dezembro 2007
TGV É UM ERRO FINANCEIRO _ Entrevista no PUBLICO
Entrevista no PUBLICO de hoje.
"O comboio de alta velocidade (TGV) é "um erro financeiro e estratégico do Governo, pois vai sair demasiado caro para um país que está em dificuldades financeiras", afirma Álvaro Santos Pereira. O economista português de 35 anos, que lançou recentemente o livro Os Mitos da Economia Portuguesa, defende que encurtar a viagem Lisboa-Madrid em uma ou duas horas não é a maneira mais eficiente de gastar os sete mil milhões de euros investidos no TGV. Álvaro Pereira contesta também o projecto do novo aeroporto da Ota, garantindo que não vai impulsionar nenhuma retoma económica. "A Portela + 1 não deveria ter sido descartada tão levianamente como foi", salienta.Para o professor da Universidade de York, o investimento prioritário deveria ser, não no TGV e no novo aeroporto, mas na melhoria das capacidades organizativas, tanto no sector privado como no público. "O problema da produtividade portuguesa está principalmente associado ao sector dos serviços, que são maus e não têm a boa educação por regra", sublinha. A reforma da administração é, por isso, "crucial", mas também "é importante dar ao sector privado os incentivos necessários para reformar as suas organizações".Segundo Álvaro Santos Pereira, é falsa a ideia de que a produtividade nacional seja baixa, visto que "os índices produtivos se encontram num nível médio". O mito da produtividade é, aliás, um dos 16 mitos que o escritor se propõe desmontar. "Alertar o público para as concepções erradas sobre a economia portuguesa" é o objectivo do autor, que desmistifica também o mito do perigo espanhol."A Espanha não tem sido o maior investidor estrangeiro no território nacional, mas sim o quarto ou quinto", assegura o economista. "Quando a Espanha espirrar, os portugueses vão constipar-se", mas isso não constitui problema aos olhos de Álvaro Pereira. "Precisamos claramente do investimento directo estrangeiro espanhol", afirma, desde logo devido à condição periférica do território nacional. Um investidor alemão vai mais facilmente para a República Checa do que para Portugal, exemplifica.O caminho da imitação "Quando vou à Inglaterra, ao Canadá ou aos Estados Unidos, encontro os vinhos portugueses de pior qualidade", refere Álvaro Pereira, alertando para o desperdício do sector dos vinhos portugueses. "Falta em Portugal marketing agressivo que mostre a qualidade dos produtos", contrariamente às grandes empresas espanholas como a Zara e a Cortefiel. "Se conseguimos ter no estrangeiro fadistas de qualidade, como a Mariza, ou futebolistas, como Cristiano Ronaldo, é porque eles têm óptimas campanhas de marketing, e é isso que precisamos também nas empresas", salienta. "Organização, formação e dinamismo."Para Álvaro Santos Pereira, o desenvolvimento económico passa também por Portugal encontrar as suas vantagens comparativas, ou seja, aquilo que produz melhor. "Se esses produtos são futebolistas, fado, vinho ou carros, não interessa", explica, aludindo a um trocadilho inglês: não interessa se uma pessoa produz "chips" (batatas fritas) ou "chips" (dos computadores), mas sim que consiga fazê-lo bem, para aumentar o dinamismo da economia, assim como os níveis de vida da população.Daí, ser "inovador" ou "bom imitador" é um ponto de partida para a expansão da economia. Taiwan começou a produzir bicicletas e só depois computadores, exemplifica, realçando, no entanto, que no caso português o caminho do desenvolvimento passa mais pela imitação do que pela inovação. "Portugal pode ter as suas Critical Software ou YDreams [empresas tecnológicas], mas tem de se cingir à realidade e perceber que o que interessa é ser óptimo imitador", conclui.Embora considere fundamental ao crescimento económico a aposta na educação, Álvaro Santos Pereira alerta que o ensino não pode ser uma "receita mágica" para o desenvolvimento. "O grande problema, [em Portugal] ao nível da educação, não é gastarmos pouco, mas é gastarmos mal", diz. Por outro lado, a "permissividade", o "imobilismo" e o "compadrio" dominam nas escolas e universidades portuguesas, considera o antigo professor da Universidade de British Columbia, no Canadá. "Os concursos públicos são uma farsa e os reitores das instituições de ensino superior não têm desempenhado o papel que deviam para reformar as suas universidades, com algumas excepções nas faculdades de Economia", afirma, referindo-se a Portugal. Álvaro Pereira critica as universidades portuguesas por serem "demasiado estáticas e Estado Novo" para conseguirem produzir "alunos críticos e dinâmicos". Se a fadista Mariza e Cristiano Ronaldo têm sucesso é também devido ao marketing, diz o economista "
08 dezembro 2007
Um livro a ler
06 dezembro 2007
PORQUE É QUE O GOVERNO FICOU ENSACADO
O governo tinha a intenção de cobrar 5 cêntimos por saco de plástico, mas agora recuou. Porque será? O pagamento de taxas sobre os sacos de plástico é uma medida que começa a ser implementada em vários países, devido aos elevados custos ambientais que estes convenientes sacos comportam. Todos os anos gastamos uns largos milhões de euros a enterrar os biliões de sacos que utilizamos. Para além do mais, o plástico não é biodegradável, permanecendo nos aterros sanitários durante centenas, se não milhares de anos. O que quer dizer que se não os queimarmos (o que polui seriamente o ambiente), os biliões de sacos de plásticos contribuem para diminuir o espaço (já exíguo) dos nossos aterros. Vários países, estados e províncias um pouco por todo o mundo têm aplicado taxas e/ou banido os sacos de plástico, tanto por razões ambientais como económicas. Por todos estes motivos, a aplicação de taxas aos sacos de plástico faz todo o sentido. E se é assim, porque é que o governo falhou (pelo menos por enquanto)?
Porque não só geriu mal a questão mediaticamente, mas também porque haverá uma oposição velada das grandes superfícies. Mas há mais. Porque os portugueses vêm esta medida como mais uma desculpa para o governo lhes “meter a mão no bolso”. Como mais uma oportunidade para combater o défice público. Como mais um imposto ao consumo. Uma taxa sobre os sacos de plástico não poderá ter sucesso enquanto for vista mais como uma fonte de receita fiscal em vez de ser uma forma de eliminarmos este elevado custo ambiental.
04 dezembro 2007
PORQUE É QUE SOMOS UNS MAL-EDUCADOS (1)
ASP
02 dezembro 2007
Eleições Americanas
A pouco mais de um mês do início das Primárias, existem dois claros candidatos que se destacam tanto no campo Democrático como no Republicano: Hillary Clinton e Rudy Giuliani.
Em quase todas as sondagens de opinião, Hillary tem cerca de 20 pontos percentuais sobre Barak Obama e 30 pontos percentuais sobre John Eduards. Com esta margem de vantagem, só mesmo um cataclismo, um escândala inesperado ou um desempenho desastroso nas primárias de Janeiro e Fevereiro poderão destronar Hillary Clinton da nomeação Democrata.
A situação no campo republicano não é tão clara, mas Giuliani possui um vantagem de 10 a 15 pontos percentuais sobre os seus principais rivais Republicanos (John McCain e Fred Thompson). Permanecem muitas incertezas (principalmente em relação a Giuliani, pois é natural que a direita religiosa não vai aceitar pacificamente a sua candidatura).
Um confronto Hillary-Giuliani parece assim estar iminente. Veremos se os próximos dois meses (decisivos para os candidatos) confirmarão essa tendência.
Esta é considerada a mais longa campanha eleitoral na história dos Estados Unidos. Resta saber se o eleitorado continuará motivado durante os onze meses que ainda faltam até às eleições de Novembro, em que se decidirá quem finalmente substituirá George Bush na presidência americana.
PS. Um bom site para seguir as sondagens da campanha americana é:
http://www.pollingreport.com/2008.htm
ASP
30 novembro 2007
VPV vs. MST
Para além do mais, lá por os romances de MST venderem bem acima do que é normal entre nós não é nenhum defeito. Muito pelo contrário. Sendo Portugal um dos países com alguns dos piores índices de leitura na Europa, o sucesso editorial de MST (e de José Rodrigues dos Santos) é um facto que devemos saudar.
"O, beware, my lord, of jealousy;
It is the green-ey'd monster which doth mock
The meat it feeds on.Spoken by Iago (3.3.189-91)" Othello, Shakespeare
ASP
28 novembro 2007
GORDON BROWN, DURÃO BARROSO E SÓCRATES
Mesmo assim, e apesar de todas as possíveis hipocrisias, interessa realçar que a recusa de Brown em conviver com o ditador de um regime que tem sistematicamente levado a cabo práticas de tortura e assassinato políticos é um passo em frente nas relações internacionais. Às vezes, a ética e a integridade dos nossos líderes deveriam sobrepor-se a meros interesses estratégicos e económicos.
Esta é uma lição que Sócrates e Durão Barroso deviam aprender.
ASP
26 novembro 2007
O MITO DA AJUDA EXTERNA E A ERRADICAÇÃO DA POBREZA
Depois do magistral The Elusive Quest for Growth, William Easterly volta ao tema da ajuda externa como instrumento de ajuda aos países subdesenvolvidos no seu novo livro The White Man's Burden. O livro é principalmente um ataque aos Planificadores (os “Planners” na terminologia de Easterly) e às influentes ideias de Jeffrey Sachs, que tem servido de base às iniciativas do G8 e de Gordon Brown no âmbito da redução da pobreza mundial. No seu livro The End of Poverty, Sachs defende um aumento substancial da ajuda externa bem como o perdão da dívida externa dos países mais pobres. Sachs acredita e tem o sonho de erradicar a pobreza extrema até 2025, bem como acabar com a desnecessária e prevenível mortalidade de doença como a malária, a tuberculose e a disenteria. Com ideais tão nobres, não é de espantar que as ideias de Sachs tenham sido recebidas com um enorme entusiasmo por parte da comunidade internacional, desde o Papa a Gordon Brown, que recentemente anunciou o dobrar da ajuda externa aos países africanos. Segundo Sachs e seus adeptos, o que o mundo precisa é de um Grande Empurrão (Big Push) para erradicarmos de vez a pobreza extrema.
Contrariamente, Easterly argumenta que a estratégia do Grande Empurrão é simplesmente mais-do-mesmo que temos tido nos últimos 50 anos: mais ajuda externa, mais perdão da dívida externa, mais e mais e mais. Nos últimos 50 anos, o mundo (principalmente o Ocidente) despendeu 2.3 triliões de dólares (sim, leu bem, triliões) em vários pacotes de ajuda aos países subdesenvolvidos. Resultados? Nulos, ou quase nulos. Os países a quem perdoámos as dívidas são uma vez mais os mais endividados do mundo e os países que mais receberam ajuda externa (por habitante e em termos do PIB) são os mesmos a clamar por ainda mais ajuda externa. Por outro lado, os países que saíram das suas armadilhas de pobreza (poverty traps) e de uma situação de pobreza extrema (a Coreia do Sul, o Botswana, Singapura, Hong Kong, Taiwan, e, mais recentemente, a China e a Índia) alcançaram taxas de desenvolvimento económico apreciáveis com pouca ajuda externa (por habitante e em termos do PIB). Pelo contrário, toda a estratégia de crescimento destes países centrou-se no desenvolvimento doméstico (homegrown development).
Porque é que a ajuda externa não resultou? Porque, segundo Easterly, não só porque os países doadores nem sempre canalizaram a sua ajuda para os fins do desenvolvimento (mas sim para fins militares ou estratégicos), mas também porque a ajuda externa foi muitas vezes dada a países com maus governos, administrações corruptas e não levaram em linha de conta os incentivos das pessoas (e os pobres) dos países subdesenvolvidos. Segundo Easterly, o Grande Empurrão planeado pelos G8 e por Sachs está condenado ao fracasso, pois é mais uma estratégia que “vem de cima” (Top-down approach), não sendo desenhada pelos actores no terreno (Bottom-up approach). Qual é a solução? Mais desenvolvimento doméstico, ajuda externa menos sexy e grandiosa, mas mais direccionada a projectos locais, “vouchers” para o desenvolvimento, e uma menor interferência do Ocidente, do FMI e do Banco Mundial.
Quem tem razão? Sachs ou Easterly? Não há uma resposta clara. Um intermédio talvez seja a melhor estratégia. O Grande Empurrão de Sachs não é certamente ideal, mas o Quase Fazer Nada de Easterly é demasiado insuficiente e pouco satisfatório. É exactamente esta a opinião de Paul Collier, cujo livro The Bottom Billion será analisado numa próxima ocasião.