24 novembro 2007

PORQUE É QUE DEVÍAMOS REGRESSAR AO FADO, FUTEBOL E FÁTIMA






Extracto do livro “Os Mitos da Economia Portuguesa”, que será lançado na próxima terça-feira às 18:30, na livraria Almedina do Saldanha. Já nas bancas.

“No tempo da ditadura bolorenta e provinciana do Estado Novo, havia uma máxima que nos distinguia do resto do mundo. Portugal seria o país dos três F’s, do Fado, Futebol e Fátima. A conotação do país dos três F’s era manifestamente negativa, sendo associada ao tradicionalismo e à falta de instrução que caracterizava a população portuguesa nessa época. O Fado era visto como uma forma de expressão de um país subdesenvolvido, o arreigado apego ao Futebol era semelhante ao de outros países subdesenvolvidos como o Brasil, e Fátima era o reflexo de um país acorrentado por um catolicismo conservador e inculto. Não mais. Hoje em dia orgulhamo-nos do estatuto de estrela internacional de Mariza e dos Madredeus, dos feitos de Cristiano Ronaldo e até o Papa e católicos de várias proveniências rezam à Senhora de Fátima. Ou seja, o Fado, o futebol e Fátima estão na moda, não só a nível nacional, mas também internacionalmente. Ora, se é assim, se mesmo os 3 F’s conseguem inovar num mundo crescentemente globalizado, porque não investir mais nestas nossas vantagens comparativas?
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[De facto,] o que será melhor? Produzir chips para computadores ou produzir batatas fritas (também chamadas “chips” em inglês)? É obvio que chips para computadores têm um maior valor acrescentado. Contudo, se produzir batatas fritas de qualidade para exportação nos pode fazer ricos, porquê negligenciar esta avenida de crescimento? De forma similar, se os outros países gostam dos nossos futebolistas, apreciam a beleza do fado, e gostam de vir a Fátima para se renovarem espiritualmente, porque é que nos devemos inibir de apostar nestes sectores? Porque é que teremos que ter pudor em investir nos 3 F’s? Não há razão nenhuma para não nos orgulharmos do novo Portugal dos 3 F’s.”

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