O Expresso fez-me algumas perguntas sobre a descida do rating da última semana. Aqui estão as minhas respostas:
EXPRESSO: Como é que a descida do Rating de Portugal efectuada pela Fitch irá reflectir-se na carteira dos Portugueses? Quais as principais alterações para a carteira das pessoas que esta descida vai originar? Como o rating do país afecta o rating dos bancos, para quem solicitar um novo empréstimo o spread irá ser mais elevado?
É muito provável que a descida do rating provoque um aumento dos custos dos empréstimos. Ora, se nos lembrarmos que se prevê que as taxas de juros comecem a subir ainda este ano, poderemos ter a receita perfeita para que tanto o Estado, como as famílias e as empresas mais endividadas fiquem ainda mais dificuldades. No entanto, é preciso pôr as coisas em perspectiva. Nos últimos meses, todos beneficiámos com a descida pronunciada dos juros, pois as prestações dos empréstimos bancários baixaram. Por isso, por agora, a descida do rating irá ter um impacto pouco significativo. O principal efeito da subida do custo dos empréstimos nos rendimentos das famílias e das empresas deverá começar a ser sentido quando os juros começarem novamente a subir.
EXPRESSO: Com a diminuição do rating as empresas vão ver o seu custo de financiamento aumentar. Irá isto contribuir para uma menor valorização das acções e para uma diminuição dos lucros?
Tudo vai depender do nível de endividamento das empresas e do tipo de empréstimos que essas empresas têm. Em média, o aumento dos custos de financiamento poderá afectar a valorização de algumas acções e os lucros das mesmas, principalmente das empresas mais endividadas ou com menor capacidade de financiamento. Porém, tudo vai depender das circunstâncias actuais das empresas em causa. Mais uma vez, é preciso lembrar que as empresas estão igualmente a beneficiar com a descida dos juros dos últimos anos.
EXPRESSO: Com a descida do rating, a dívida pública vai ter um custo maior a refinanciar. Acredita que isto poderá levar no futuro a um aumento dos impostos?
Actualmente, todos os anos o Estado já paga mais em juros do que equivalente a um TGV Lisboa-Porto. Ainda assim, desde 2008, a descida das taxas de juros ajudou o Estado (e as famílias e as empresas) a pagar menos pelo seu financiamento. Ora, tanto a descida do rating como a subida de impostos irão alterar esta situação, pois o pagamento dos juros irá aumentar substancialmente. Será assim preciso aumentar impostos para compensar esta subida da dívida pública? Tudo depende. A resposta é sim, se o governo insistir na sua trajectória despesista, mas é não se o Estado decidir cortar verdadeiramente nas despesas públicas. É tudo uma questão de escolha.
EXPRESSO: Como é que a descida do Rating de Portugal efectuada pela Fitch irá reflectir-se na carteira dos Portugueses?
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