03 outubro 2008

A HIPOCRISIA DE TRICHET

O presidente do Banco Central Europeu afirmou ontem que a crise financeira não tem "precedentes desde a II Guerra Mundial” e "pediu uma maior cooperação dos países europeus para a enfrentar".
Concordo. A crise financeira actual é bastante grave e ameaça ficar pior. No entanto, a verdade é que o senhor Trichet diz isto e depois não faz nada. No dia em que o BCE podia ter optado por baixar as taxas de juros, a decisão do banco foi manter as taxas. Hmmmm... Se o senhor Trichet está realmente preocupado com a crise financeira, não seria natural que os juros baixassem por forma a combater a contracção do crédito que se tem espalhado pela economia europeia (e mundial)? Injectar liquidez nos mercados faz todo o sentido. No entanto, não baixar os juros numa altura em que a crise começa a punir seriamente os investidores e consumidores é um disparate. Ficar de braços cruzados quando a crise financeira começa a ter efeitos reais nas nossas economias faz tanto sentido como um médico diagnosticar uma doença grave e dizer ao doente para ele(a) esperar para os sintomas se irem embora.
Enfim, a falta de senso comum do presidente do BCE nunca deixa de surpreender.

2 comentários:

antonio disse...

rise financeira? Não Mário. A crise financeira á apenas uma mancha na pele. Só assusta.

O problema não é a mancha. O pior é o que está na sua origem. Um verdadeiro melanoma (grave forma de cancro da pele).

O cancro está na economia.
Cure-se a economia e a crise financeira desaparece num abrir e fechar de olhos.

Antonio.

Rita R. Carreira disse...

O Sr. Trichet pensa que como a crise se iniciou nos EUA, os EUA tem a responsabilidade de resolver a crise. Ora um dos contribuintes para a crise nos EUA foi a ganancia mundial, inclusive' as dos paises Europeus. Pensavam todos que iam fazer milhoes 'a custa do idiota do consumidor Americano. Mas ninguem supos que actualmente ou ganham todos ou nao ganha ninguem.

E, dado que os bancos Europeus estao em muito pior estado que os bancos Americanos (o Economist diz que, enquanto os bancos Americanos emprestaram 96 centimos por cada $1 de depositos recebidos, os bancos Europeus emprestaram 1.4 euros por cada euro de deposito recebido) e que a Europa tem pior proteccao de depositos do que os EUA, ha' a possibilidade que os EUA nao perderao assim tanto como o resto do mundo. Para mais, os EUA tem agido muito mais rapidamente e tem sido bastante criativos na procura de solucoes!