13 outubro 2008

LUZ AO FUNDO DO TÚNEL?

Ainda é cedo para retirar conclusões definitivas, mas parece que finalmente estamos a ver luz ao fundo do túnel na crise financeira. Após a reúnião dos ministros das Finanças do G7 neste fim-de-semana e após o acordo entre os líderes europeus sobre as medidas a tomar para estancar a crise, parece que os mercados começam a acreditar que a turbulência excessiva das últimas semanas possa estar a abrandar. Esperemos que sim. Para bem dos mercados e da estabilidade da economia mundial.
Nomeadamente, este fim-de-semana pode ter sido importante por dois motivos. Primeiro, pela primeira vez em várias semanas, não tivemos bancos ou seguradoras a falir num sábado ou num domingo. Só isso é assinalável, pois os últimos fim-de-semanas têm sido um verdadeiro desastre para a confiança dos mercados financeiros. Segundo, as reuniões deste fim-de-semana parecem indiciar que começa a emergir algum consenso sobre o que fazer para estabilizar os mercados. Mais concretamente, o caminho a seguir parece mesmo ser a recapitalização das instituições financeiras. A promessa de recapitalização dos bancos é uma espécie de nacionalização temporária dos bancos e das instituições financeiras europeias. As autoridades americanas também já sinalizaram que irão seguir o mesmo caminho. Esta é uma medida drástica (já seguida pelo Reino Unido e que irá ser adoptada pelos restantes países), mas fundamental para conseguir dar alguma confiança aos mercados.
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Note-se que esta medida não significa o fim das economias de mercado ou dos mercados financeiros. Mesmo defensores intransigentes da economia de mercado, como Milton Friedman, acreditavam que em momentos de crise dos sistemas financeiros é preciso actuar de uma forma muito agressiva. Ben Bernanke também partilha desta crença. Uma nacionalização temporária das instuições financeiras pode ser o mal menor perante as terríveis possibilidades de um possível colapso do sistema financeiro mundial, que teria enormes consequências para os restantes sectores da economia mundial. Quando a confiança retornar aos mercados, quando os sistemas financeiros tiverem recuperado, e quando a regulamentação dos mercados tiver sido feito, os vários Estados podem voltar a vender as participações públicas nas instituições financeiras agora semi-nacionalizadas.
Obviamente, este é o primeiro passo. O que interessa agora é estabilizar os mercados financeiros e evitar o colapso dos mesmos. Quando tal objectivo for alcançado, o passo seguinte é começar a atacar de forma decisiva a recessão económica que está à porta.

1 comentário:

antonio disse...

Caro Álvaro,

A grande maioria dos economistas demonstrou fracos conhecimentos sobre as matérias que têm feito tremer o mundo nos ultimos tempos.

Parece que muitos deles só se aperceberam do que passava depois da bomba rebentar.

De cavacoa Salgueiro passando por Borges, a verdade é que ninguém se referia ao assunto.

E a bronca estalou. Andou-se às apalpadelas durante umas semanas e finalmente os mercados parecem acalmar. A reunião dos G7 e a garantia de que nenhum banco iria falir parece ter acalmado os mercados e mudado o rumo do vento.

De facto as consequências das falências em cadeia dos bancos seriam tão gravosas que não havia outra opção. E assim, num aparente golpe de prestidigitação do domingo passado parece ter acontecido um milagre.

Mas como eu não acredito em milagres aqui ficam as minhas duvidas: a curto prazo o problema parece ter ficado sob controlo.

Mas será que a médio prazo a questão ficou resolvida? Algo me diz que não. Algo me diz que isto não foi mais que um balão de oxigénio porque de facto nada mudou. A economia ocidental continua deprimida e aceita-se que ainda fique mais deprimida.

Algo me diz que este foi um adiar de um problema e que a factura terá um pesadíssimo preço.

um abraço

Antonio