22 março 2010

PEC E PIIGS

O Diário Económico fez-me algumas perguntas sobre o PEC e a economia dos PIIGS (Portugal, Italy, Ireland, Greece, Spain). Aqui estão as minhas respostas:
DE_ 1. As economias dos PIIGS atingiram níveis de endividamento bastante elevados colocando em causa a própria estabilidade da economia europeia. Qual o caminho mais sensato que estes países deverão tomar?
O caminho mais sensato é colocarem as suas casas em ordem. Estes países têm de atacar os problemas estruturais das suas contas públicas, cortando despesas supérfluas e aumentando a eficiência fiscal. Porém, é importante relembrar que o endividamento não se limita ao Estado, pois tanto as famílias com as empresas viram aumentar significativamente as suas dívidas a terceiros na última década. O mesmo se passou em Portugal. Qual é a solução? Consolidar e renegociar dívidas enquanto os juros estão baixos e, principalmente, fomentar o crescimento da poupança, de forma a reduzir padrões de consumo insustentáveis.
DE_ 2. Portugal apresentou recentemente um conjunto de medidas no PEC. Qual a sua análise a este documento?
Acho que é um documento que poderá ser suficiente para alcançar a redução do défice abaixo dos 3% do PIB até 2013. Isto se a economia recuperar, se o Governo conseguir arrecadar os fundos que pretende nas privatizações, e se conseguirmos obter os ganhos de eficiência no Estado que o documento promete. São, portanto, muitos “ses” para um documento só.
Porém, infelizmente, a verdade é que este PEC não ataca as verdadeiras causas dos desequilíbrios estruturais das nossas contas públicas. Por mais que o Governo nos queira convencer do contrário, este PEC preconiza a consolidação das contas públicas através de um aumento de receitas e da carga fiscal efectiva, e não se reduzem de forma significativa as principais causas do despesismo do Estado. Este PEC adia, mais uma vez, a consolidação das contas públicas portuguesas.
DE_ 3. Muitas vozes têm-se levantado a favor da ideia da Grécia abandonar o Euro. De que forma esta decisão poderia afectar os restantes Estados-membros?
Se tal acontecesse, haveria um verdadeiro risco de contágio para outros países em situações fiscais mais periclitantes (como Portugal), e que poderiam ficar numa situação muito complicada. Acho que não vamos chegar a esse ponto, pelo menos por enquanto, pois os custos da saída de um país do euro são bastante mais elevados para toda a Eurolândia do que os benefícios que poderiam advir com tal decisão.

1 comentário:

antonio disse...

Caro Álvaro,

Noticia"ipsis verbis" do telejornal da RTP das 20.00:.....o deficit publico nos primeiros 2 meses deste ano aumentou 40% relativamente a igual periodo do ano passado...e que ficou a dever-se à quebra das receitas de impostos e ao aumento das prestações sociais.

Como é posssivel conseguir a redução do deficit quando a economia continua a arrefecer gerando menos receitas e provocando o crescimento das prestações sociais?

Será que ainda há economistas que não entendem que a nossa economia está cheia de virus ( pertença à zona euro, legislação laboral, burocracia e pesadissima carga fiscal)e que não vai haver crescimento de receitas?

Abraço

Antonio