16 dezembro 2010

50 MEDIDAS

Ainda não tive oportunidade para analisar com pormenor as 50 medidas apresentadas ontem pelo governo para estimular a economia, para apaziguar os ânimos dos nossos parceiros europeus e para tentar acalmar os mercados financeiros. Ainda assim, parece-me óbvio que as medidas agora apresentadas não são mais do uma vã tentativa para mostrar aos nossos parceiros europeus que o governo tem espírito reformista e para tentar despistar as atenções dos mercados sobre nós. Espero sinceramente estar enganado, mas também me parece evidente que essa tentativa do governo será, mais cedo ou mais tarde, infrutífera. Porquê? Porque após o que aconteceu ao longo deste ano, o governo português já não tem a mínima credibilidade nem interna nem externamente. Por isso, poucos irão acreditar que estas reformas é que serão "a sério". Segundo, não são medidas mais ou menos avulsas que irão evitar aquele que será o(s) grande(s) teste(s) do próximo ano, que acontecerá quando o Estado português terá de emitir mais de 25 mil milhões de euros em dívida pública. Só então é que iremos perceber quão "credíveis" são as medidas agora anunciadas aos olhos dos mercados. 
Nota: Já agora, vale a pena ler este post de Pedro Pita Barros sobre as 50 medidas anunciadas.

5 comentários:

Guillaume Tell disse...

Está bem, obrigado pela resposta.

King ARTHUR disse...

Concordo com a sua exposição, acrescentaria porém que alguem decidiu falar também aos seus "BOYS".
São 50 medidas encapuçadas, este pacote de medidas visa também um outro interlocutor, acalmar os saltitantes BOYS, ja estamos a menos de 6 meses das eleições.
Veja-se este medida por exemplo [..
(4) - Acelerar a execução do Quadro de Referência Estratégico Nacional 2007-2013 (QREN), fixando o objectivo de execução financeira para 2011 em 40% das suas dotações, permitindo injectar na economia um investimento superior a 5.000 M€, dos quais cerca de 3.850 M€ correspondem a apoio público, através de incentivos às empresas, apoios à ciência e à qualificação e investimento em infraestruturas;" ..]

-Isto é 77% do QREN tem por obejctivo ser distribuido para apoio Publico.. ora pois muito bem, parece-me que os BOYS vao ser novamente contemplados ... "Porreiro pá !"

Guillaume Tell disse...

Se o QREN fosse mesmo para o era destinado, isso sim é que era bom...
Apoios à ciência? Tudo bem, o resto é demasiado vago.

Tiago Villanueva disse...

Uma dessas medidas consiste em "obrigar" os médicos a permanecer no SNS depois do seu internato (período de formação pós-graduada/especialização), ou em alternativa devolverem todo o dinheiro pago durante o internato (correspondente a todos os salários pagos):

http://www.rr.pt/informacao_detalhe.aspx?did=133291

Isto não é uma medida PIDESCA, mas sim uma medida ESTALINISTA, pois reza a história que o Estaline fazia o Salazar parecer um menino de côro... não é obrigando os médicos a ficar no... SNS que se vão resolver os problemas. A chave está na motivação e na criação de boas condições de trabalho. Os médicos não abandonam o SNS só porque paga mal, mas porque oferece más condições de trabalho e cada vez piores condições de desenvolvimento profissional.

Se o SNS pagasse decentemente e oferecesse boas condições de trabalho, as pessoas não abandonavam o SNS como têm feito. Aliás, a maioria dos médicos não gosta de abandonar o SNS. A maioria dos médicos tem uma perna no SNS e outra no privado porque simplesmente ganham mal no sector público. Se o SNS se tornasse atractivo, este tipo de medidas era desnecessária...

Isto tudo ainda é mais ridículo porque a formação no SNS, o único sector actualmente a oferecer formação pós-graduada (internato), tem-se vindo a degradar substancialmente, fruto da evasão dos melhores profissionais para o sector privado, que eram aqueles mais vocacionados para dar formação...nós, os jovens médicos, estamos cada vez mais entregues por nossa conta, com cada vez menos supervisão e feedback... e acho que a classe política ainda não percebeu isso...

A mobilidade dentro da Europa consagrada nas directivas comunitárias é outros dos temas-chave, e isto
só irá cortar as asas a muita gente que quer fazer carreira ...lá fora. O que poderá inclusive acontecer é haver uma grande debandada logo a seguir ao curso. Isto irá também desencorajar muitos estrangeiros em virem para cá fazer o internato...

Enfim, parece que tamos a voltar aos tempos do Salazar: queremos estar orgulhosamente sós...

antonio disse...

Caro Alvaro,

Pois eu já me dei ao trabalho de olhar para as 50 medidas saidas ontem do Conselho de Ministros. E estas medidas são exactamente aquilo que se podia esperar de um governo Sócrates/Teixeira dos Santos. Tudo não passa de um truque de ilusionismo para baralhar Bruxelas e o FMI e ganhar tempo. Exactamente na senda do que tem sido feito por cá. Ainda há dias Teixeira dos Santos dizia que precisava de 6 meses para mostrar o que vale. Porque este governo em vez de andar à procura de resolver os problemas deste país está unicamente à procura de tempo para sobreviver.