O caso Freeport continua a dar que falar. Independentemente das nossas preferências políticas pessoais, há dois princípios que me parecem evidentes. Primeiro, mesmo que as investigações em curso o ilibem de qualquer culpa, dificilmente José Sócrates livrar-se-à do clima de suspeição em redor da sua pessoa. É mais ou menos natural que assim o seja, principalmente após o lamentável episódio da licenciatura que o envolveu.
Segundo, ninguém ganhará com todo este imbróglio. Se José Sócrates for considerado culpado, Portugal perde, pois nenhum país ganha quando o seu primeiro-ministro é acusado de corrupção. O PS perderá, certamente, mas também é difícil pensar que o PSD será o grande beneficiário. Sinceramente não sei se o principal partido da oposição estará preparado para que o poder lhe caia de bandeja nas mãos. Posso estar enganado, mas penso que não está. Além do mais, num cenário semelhante, um governo do PSD seria sempre acossado pela ideia que o poder não foi ganho pelo mérito, mas por sorte. Que força teria tal governo para reformar perante estas condições?
Acima de tudo, seria verdadeiramente lamentável se este caso resolvesse os destinos da governação, que devem ser resolvidos nas urnas e não nos tribunais. Sinceramente não sei o que pensar sobre o caso, pois não temos a informação completa sobre o que se passou. O que sei é que esta tremenda distracção não nos serve de muito. Numa altura em que devíamos estar a efectuar um debate sobre as medidas mais adequadas de combate à crise, permanecemos imobilizados por este folhetim político que nos ameaça arrastar para um mal-estar ainda maior do que o actual.
Segundo, ninguém ganhará com todo este imbróglio. Se José Sócrates for considerado culpado, Portugal perde, pois nenhum país ganha quando o seu primeiro-ministro é acusado de corrupção. O PS perderá, certamente, mas também é difícil pensar que o PSD será o grande beneficiário. Sinceramente não sei se o principal partido da oposição estará preparado para que o poder lhe caia de bandeja nas mãos. Posso estar enganado, mas penso que não está. Além do mais, num cenário semelhante, um governo do PSD seria sempre acossado pela ideia que o poder não foi ganho pelo mérito, mas por sorte. Que força teria tal governo para reformar perante estas condições?
Acima de tudo, seria verdadeiramente lamentável se este caso resolvesse os destinos da governação, que devem ser resolvidos nas urnas e não nos tribunais. Sinceramente não sei o que pensar sobre o caso, pois não temos a informação completa sobre o que se passou. O que sei é que esta tremenda distracção não nos serve de muito. Numa altura em que devíamos estar a efectuar um debate sobre as medidas mais adequadas de combate à crise, permanecemos imobilizados por este folhetim político que nos ameaça arrastar para um mal-estar ainda maior do que o actual.
5 comentários:
Olá Álvaro,
Nem sempre me manifesto, mas continuo leitor do Desmitos :-) Não estou de acordo com a análise feita neste pequeno post por uma razão especial. O poder quando caiu nas mãos do PS estava o PS preparado para governar? Bem, nem José Sócrates era uma figura de relevo dentro do partido e entrou aquando da súbita morte de Sousa Franco. As pessoas em Portugal por regra não votam porque a oposição tem um bom programa, mas porque se cansam dos que lá estão e tem sido assim pelo menos das duas últimas décadas. Agora, considerando isto que escrevi, até estou de acordo que a oposição não inspira qualquer confiança. É o que disseste em relação à crise: do mal o menos!
Abraço e bom trabalho
E se o actual PM Sócrates for o "bode expiatório" dum negócio (hoje seria um PIN) que envolveu muitas trafulhices e golpes financeiros entre os intervenientes ingleses?
Seja como for, todo este “diz-que-diz-que...” não traz nada de bom para Portugal, tanto no plano interno como internacionalmente.
Há que deixar as investigações decorrerem, com serenidade e respeito pela Presunção de Inocência, mesmo quando (ou se) houver acusados portugueses.
Entretanto há que trabalhar - todos, muito e bem - para sairmos do atoleiro (vulgo "crise") em que nos encontramos.
Um abraço do Algarve (fustigado pelo temporal),
JAM
A atitude de Sócrates perante este problema não é a de uma pessoa inocente.
Se estivesse afastado de qualquer responsabilidade no caso, o que ele faria, perante a forte suspeita de que houve pagamentos de luvas e comissões, era manifestar a sua indignação e consternação.
De facto, tal eventualidade significaria que, apesar dos seus esforços para que isso não acontecesse, uma vez que foi avisado pelo tio, afinal alguém próximo dele lhe teria feito o ninho atrás da orelha.
E, a par da consternação, Sócrates apenas teria de se declarar à disposição das autoridades judiciais para esclarecer o assunto e conseguir a punição dos responsáveis. Mais nada.
Ora o que Sócrates tem vindo a fazer não é nada disto. A insistência dele e de pessoas que lhe são próximas, ao tentarem demonstrar, a todo o custo, que não houve ilegalidades no licenciamento do projecto, agrava a suspeita de que ele será conivente num processo de corrupção.
Qualquer investidor que se preze, para além de conseguir a autorização para o seu projecto, procura garantir a legalidade do licenciamento, para que mais tarde, com outro governo, não venha a ter problemas.
O pagamento de luvas e comissões destina-se também a cobrir os aspectos formais, caso se torne necessário alterar o que quer que seja para criar as condições legais favoráveis.
No processo do Freeport, tanto quanto parece, verificaram-se alterações dos condicionamentos legais que permitiram o licenciamento do projecto. Portanto, não é pela via da legalidade que Sócrates se vê livre de suspeitas.
Não gosto de Sócrates. Acho-o um arrogante que dá a impressão que faz mas não faz. Senão vejamos: equilibrou as Finanças Publicas pelo lado mais facil. Mas errado. Pelo lado da receita e não pelo da despesa. Significa isto que o Estado ainda está mais despesista. O que significa que cada vez mais vai necessitar de overdoses de impostos. Estamos lixados. O Serv. Nac. de Saude estava péssimo. Sócrates atacou-o mas não criou nada melhor. O Ensino, estava péssimo. Mas está caótico. Saber liderar é saber conduzir o barco a bom porto. Não apenas criar ondas.
Existem na sua vida privada coisas menos claras. Quando ainda nem sequer era aprendiz de politico meteu-se em negócios que terminaram em falências . E que levantaram muitas suspeitas.
Depois aquela questão da Independente. Cheirou tudo muito mal. Quando me licenciei, ia às aulas, fazia exames ao lado dos colegas, conhecia os professores e eles conheciam-me a mim. Era tudo muito claro. No caso de Sócrates nada foi claro. No caso dos projectos de arquitectura, trata-se de pura corrupção. Eu já perdi anos de vida por não alinhar no truque mais velho das Câmaras deste país. O truque é encomendar o projecto a um técnico da Câmara. O que dá a garantia de que o projecto é aprovado. Claro que os técnicos das Câmaras pedem a terceiros para lhes assinar os projectos já que eles não o podem fazer. Assim aconteceu.E esses projectos valem ouro. Porque têm o selo de garantia. É rápido, é fácil e dá milhões. E cobram-se muito bem.
Freeport. A celeridade do processo. Uma alteração da lei com um unico benificiário. A familia metida ao barulho. A saida de um modesto apartamento da Calçada Eng.Miguel Pais em Lisboa aonde eu tantas vezes o via para o edificio naquela altura mais caro de Lisboa.Na esquina da Brancaamp com a Castilho. Um lindissimo edificio ArtDeco. Onde o espalhafatoso Herman José vive. E que por sinal coincidiu com a época do Freeport.
E aonde a sua mãezinha também comprou um apartamentozinho. Não sei se estão a entender. Na época era a construção de maior prestigio em Lisboa. E quem é que terá conselhado a mãezinha a comprar o apartamento através de uma off-shore? Pelos vistos o dinheiro não era problema.
E há uns tempos li um artigo sobre um costureiro de Hollywood que tem como clientes as Estrelas tipo Brad Pitt e que também tinha como cliente Sócrates. Não é por acaso que Sócrates foi classificado como a 6ª personalidade masculina mais bem vestida. Quem atribui essas votações sabe onde as pessoas se vestem. Ninguém vota em gente que se veste em pronto-a-vestir. Como eu.
E aquela história daqueles avaliadores da OCDE que acharam que o Governo português era um bom exemplo na educação. Depois já não eram bem da OCDE. E para quem sabe que o grande sucesso escolar teve como base o baixar do patamar da exigência, não acredita nestes bluffs.
E se for verdade uma história que veio publicada no 24 horas em que se dizia que Sócrates tinha gasto umas largas centenas de milhares d Euros em PÓpós nos ultimos 4 anos então eu não sei donde vem tanto dinheiro.
Por muito menos já cruxificaram o Santana. A esse ao menos nunca ninguem levantou a suspeita de ter tirado o curso na independente ou de ter andado a receber luvas.
È muito interessante como os critérios de apreciação das pessoas variam tanto conforme as simpatias politicas. refiro-me a pessoas que se dizem intelectualmente honestas.
Por isso eu tive o cuidado de avisar que não gostpo do Sócrates. Porque é fundamental expressarmos os nossos sentimentos antes de produzirmos apreciações. Para não andarmos a brincar às pessoas sérias a fingir.
Antonio
Enviar um comentário