O governo anunciou hoje que o próximo orçamento de Estado irá, mais uma vez, dar prioridade à Educação e à Ciência. Aí vem mais dinheiro para essas áreas. Não sou contra, mas vale sempre a pena lembrar que já não gastamos pouco com a Educação. Em percentagem do PIB, gastamos tanto como a média da OCDE, o clube dos países ricos e mais do que a Coreia do Sul, a Alemanha ou a Espanha. Fundos adicionais podem ajudar, mas não é o que mais precisamos. No ensino superior, vale a pena recordar que há gente a mais em muitas universidades, não a menos. O problema é que uma parte dos professores e investigadores não faz nada ou muito pouco.
Se queremos mesmo tornar Portugal num país com qualidade educativa, num país que recompensa a investigação, o mais importante é mudar as regras dentro das instituições, não necessariamente contratar mais gente ou arranjar mais fundos. Entre as medidas que fariam muito mais pela qualidade de ensino do que uns milhões de euros adicionais incluem-se:
- Acabar com os numerus clausus dos diversos graus da carreira docente
- promover a concorrência entre as universidades,
- acabar com o compadrio escandaloso nos concursos de recrutamento de docentes, promover a meritocracia (em que os professores são recompensados pela investigação e pela qualidade da docência que fazem),
- acabar com alguns dos privilégios medievais dos professores,
- acabar com a excessiva permissividade das épocas de exames
- avaliação dos professores
Ou seja, para alcançarmos a tão almejada qualidade na Educação é mais importante alterar os incentivos da docência dos alunos e dos professores do que injectar centenas de milhares de euros adicionais para o sector.
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