O chumbo do plano de resgate do sistema financeiro americano por parte da Câmara de Representantes é um sério revés para a estabilidade dos mercados financeiros internacionais e ressuscita os fantasmas da Grande Depressão que se seguiu ao colapso de Wall Street em 1929.
Esta é, sem dúvida alguma, a maior crise financeira que o mundo já enfrentou desde 1929 e as ramificações far-se-ão sentir no resto da economia. Ainda assim, apesar da sua potencial magnitude e das inevitáveis semelhanças, não é crível que a crise se venha a transformar numa nova Grande Depressão, quando o mundo foi arrastado para a maior recessão económica desde o início da Revolução Industrial. Actualmente, os governos e os bancos centrais estão muito melhor preparados para lidar com crises financeiras do que em 1929. Na altura, a Fed tinha menos de duas décadas de existência e a ideologia dominante não advogava a intervenção nos mercados. Por isso, nos anos 1930, a Fed respondeu às falências dos bancos privados com uma ainda maior contracção dos fundos ao dispor da economia. Hoje em dia, os bancos centrais aprenderam as lições da Grande Depressão e têm feito tudo para injectar grandes quantidades de fundos nos mercados para que estes não tenham problemas de liquidez. Os governos são também muito mais interventores do que na década de 1930.
Esta é, sem dúvida alguma, a maior crise financeira que o mundo já enfrentou desde 1929 e as ramificações far-se-ão sentir no resto da economia. Ainda assim, apesar da sua potencial magnitude e das inevitáveis semelhanças, não é crível que a crise se venha a transformar numa nova Grande Depressão, quando o mundo foi arrastado para a maior recessão económica desde o início da Revolução Industrial. Actualmente, os governos e os bancos centrais estão muito melhor preparados para lidar com crises financeiras do que em 1929. Na altura, a Fed tinha menos de duas décadas de existência e a ideologia dominante não advogava a intervenção nos mercados. Por isso, nos anos 1930, a Fed respondeu às falências dos bancos privados com uma ainda maior contracção dos fundos ao dispor da economia. Hoje em dia, os bancos centrais aprenderam as lições da Grande Depressão e têm feito tudo para injectar grandes quantidades de fundos nos mercados para que estes não tenham problemas de liquidez. Os governos são também muito mais interventores do que na década de 1930.
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Ainda assim, os riscos de uma crise económica acentuada são bastante elevados e é patente que é necessário fazer alguma coisa para evitar o colapso dos mercados financeiros. As inevitáveis consequências para o resto da economia desta crise poderão incluir mais falências de instituições financeiras, mais nacionalizações temporárias, uma menor disponibilidade de crédito para os particulares e as empresas, crédito mais caro (que certamente terá consequências em Portugal), menor volume de negócios e um aumento do desemprego.
Por todos estes motivos e mesmo que o Congresso americano consiga chegar a um novo acordo nos próximos dias, uma recessão das principais economias mundiais parece inevitável. É difícil prever qual será a duração da crise, mas é natural que a recessão seja a mais prolongada das últimas duas décadas. Os próximos tempos o dirão. Entretanto, a enorme volatilidade dos mercados irá certamente continuar.
Ainda assim, os riscos de uma crise económica acentuada são bastante elevados e é patente que é necessário fazer alguma coisa para evitar o colapso dos mercados financeiros. As inevitáveis consequências para o resto da economia desta crise poderão incluir mais falências de instituições financeiras, mais nacionalizações temporárias, uma menor disponibilidade de crédito para os particulares e as empresas, crédito mais caro (que certamente terá consequências em Portugal), menor volume de negócios e um aumento do desemprego.
Por todos estes motivos e mesmo que o Congresso americano consiga chegar a um novo acordo nos próximos dias, uma recessão das principais economias mundiais parece inevitável. É difícil prever qual será a duração da crise, mas é natural que a recessão seja a mais prolongada das últimas duas décadas. Os próximos tempos o dirão. Entretanto, a enorme volatilidade dos mercados irá certamente continuar.
3 comentários:
Olá Álvaro,
Devo confessar que aberturas de telejornal com assuntos sobre a bolsa nas nossas televisões não costuma ser nada comum. Mas telejornais que além de abrirem o noticiário com manchetes sobre a queda dos mercados comentem em "real time" o fecho dos mercados... então aí, está tudo "virado de pantanas". Isto tudo é claro, ao mesmo tempo que TVI passa reportagens sobre assaltos, assassinatos, suicídios e tudo o que envolva pistolas e corta-unhas!
Diria que com tamanha informação acabo na cama a ter pesadelos até acordar. Mas se fosse só isto, até nem estava mal. O problema é quando damos uma vista de olhos na tabela de fundos da APFIPP e observamos que todos os fundos de obrigações estão com rendibilidades negativas a 12 meses, com excepção dos fundos geridos pela ESAF. Como investidor fico convencido que estes últimos têm uma gestão muito superior que os seus concorrentes. Porém, quando consultamos a carteira de todos eles, encontramos várias obrigações comuns. E surpresa das surpresas: damos com a mesma obrigação com preços largamente distintos em cada uma das carteiras! Estranho? Não. Apenas cada um avalia a obrigação a seu belo prazer. E o que faz a CMVM... nada! Deixa os investidores continuarem a serem enganados. Um sinal disso mesmo são os inúmeras comunicados da ESAF para a CMVM dando conta da alteração do seu modelo de avalização de obrigações.
Mas enfim, se este facto pode até passar despercebido para a maioria dos investidores, talvez o facto de alguns bancos estarem a remunerarem depósitos a prazo com taxas de 6 por cento, já deverá deixar alguns alarmados! Talvez precisem de liquidez (digo eu). Já me esquecia, parece que os nossos bancos não estão nada afectados com esta crise e nem precisem de dinheiro fresco para tapar buracos. Pelo menos é o que diz o Banco de Portugal e todos os banqueiros da praça nacional. Mas se assim é, gostaria de saber para onde foram, nos últimos 12 meses, os 5,5 mil milhões de euros injectados pelo Banco de Portugal na banca lusa, quando no ano passado esse montante não passou dos 236 milhões! Mistérios para serem descobertos brevemente... ou talvez não!
Abraço,
lmleitao
Os bancos centrais podem ter evoluído, mas em contrapartida, não temos governantes do calibre de Roosevelt que, em socorro da economia americana, em 1929, não teve problemas em relançá-la com o recurso a grandes investimentos e obras públicas, abrindo caminho à prosperidade que ainda hoje reconhecemos nos EUA.
O que as nações do mundo não podem tolerar mais no futuro, pois parece que não aprenderam nada com a crise de 1929, é deixar o mercado livre e auto-regulado. O curioso é que os defensores do neoliberalismo vêm agora exigir a intervenção dos estados e dos bancos centrais. Não têm um pingo de vergonha?! Afinal porque razão não hão-de os estados actuar desde o início por forma a evitar estes desastres financeiros? Sei que não concorda comigo, mas esta é a minha opinião (e penso que também a de muitos economistas, como Stiglitz, Nobel de economia).
Caro Luis
Muito obrigado pelo seu pertinente comentário. O que menciona sobre as obrigações é muito interessante. Já pensou escrever um artigo sobre o assunto para a Carteira?
Caro JP
Pelo contrário. Concordo inteiramente consigo. Aliás, já o tenho dito em posts anteriores. Como o JP, eu também acho muito interessante que os que apregoam a viva voz que os países subdesenvolvidos não devem fazer nada que afecte os mercados em tempos de crise, sejam os mesmos que agora defendem as nacionalizações.
Eu (e a grande maioria de economistas) sou a favor de uma maior regulamentação dos mercados. Ainda assim, mesmo se houver uma maior regulamentação dos mercados financeiros, certamente que as crises financeiras acontecerão na mesma. A vantagem é que os riscos de tal acontecer são menores. E só por isso vale a pena
Abraço aos dois
Alvaro
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