20 dezembro 2010

FINANÇAS SÓLIDAS

Crescemente acossada pelo rebentamento da bolha no mercado imobiliário, a Espanha tenta mostrar que o seu sistema financeiro é sólido.

1 comentário:

King ARTHUR disse...

Se o Euro eventualmente caisse, uma Praga maior que ao Farao do Egipto no Tempo de Abrão, cairia sobre os Portugueses. Cairia todo o Projecto Europeu, o Estado social, para alem da desvalorização da nossa moeda e recairiam maiores imposições sobre os contribuintes Portugueses..

A história financeira está cheia de eventos que passaram do impensável para o inevitável a uma velocidade estonteante: a Grã-Bretanha deixou o padrão ouro em 1931, a Argentina abandonou a sua indexação ao dólar em janeiro de 2002. Mas um colapso do euro iria acarretar custos técnicos, económicos e políticos sem precedentes.

Esse colapso poderia ocorrer de duas maneiras. Um ou mais membros fracos (Grécia, Irlanda, Portugal, talvez a Espanha) podiam sair, presumivelmente para desvalorizar a sua nova moeda. Ou uma Alemanha saturada, a que se juntariam possivelmente a Holanda e a Áustria, poderia decidir desembaraçar-se do euro e restaurar o marco alemão, que então se valorizaria.

Em ambos os casos, os custos seriam muito pesados. Para começar, as dificuldades técnicas de reintrodução de uma moeda nacional, a reprogramação de computadores e máquinas de venda automática, a cunhagem de moedas e a impressão de notas seriam monstruosos (foram necessários três anos de preparação para o euro). Qualquer sugestão de que um país fraco estaria prestes a sair levaria a uma corrida aos depósitos, enfraquecendo ainda mais bancos em dificuldades. Isso resultaria em controlos de capital e talvez limites para levantamentos bancários, que por sua vez estrangulariam o comércio. Os que saíssem veriam cortado o financiamento externo, talvez durante anos, privando de alimento as suas economias de fundos.

O cálculo seria apenas ligeiramente melhor se o fugitivo do euro fosse a Alemanha. Novamente, isso conduziria a falências bancárias na Europa, com os depositantes a fugirem dos países mais fracos, levando à reintrodução dos controlos de capitais. Mesmo se os bancos alemães ganhassem os depósitos, os seus grandes ativos da zona do euro seriam desvalorizados: recorde-se que a Alemanha é o maior credor do sistema. Por último, os exportadores alemães, tendo sido os grandes beneficiários de uma moeda única mais estável, rugiriam de indignação ao verem-se de novo a braços com o marco em forte subida.

Se os aspetos económicos do estraçalhar do euro parecem questionáveis, os riscos políticos da detonação de uma reação em cadeia ameaçariam a estrutura do mercado único e da própria UE. A União Europeia e o euro foram os pilares da Alemanha do pós-guerra. Se esta abandonasse a moeda, com um custo enorme, e deixasse o resto da zona euro a defender-se sozinha, graves dúvidas surgiriam relativamente ao seu empenhamento na UE.

Se um país mais fraco saísse, pondo em risco não só os bancos europeus mas também a moeda, passaria a ser considerado um pária que exportava os seus males para os vizinhos. A partir do momento em que os controlos de capital fossem instaurados, os mercados financeiros da Europa ficariam em frangalhos e seria difícil manter o comércio transfronteiriço europeu. O colapso do mercado único, que tem feito mais do que qualquer outra coisa para unir a Europa, poria em risco a própria UE.

Mesmo que haja países que agora lamentem a adesão ao euro, deixá-lo não faz sentido. Mas o facto de dever sobreviver não significa que o consiga. E se os líderes europeus não forem mais longe e mais depressa, talvez não.