14 fevereiro 2011

ABRA UMA CONTA E SALVE O PAÍS

Ainda a propósito da necessidade de aumentar a poupança, aqui está um artigo que escrevi há alguns meses:
"Está preocupado(a) com uma possível insolvência de Portugal? Quer ajudar o seu país? Se sim, há uma pequena grande coisa que pode fazer. Se puder, pegue em 10, 20 ou mesmo 50 euros e vá abrir uma conta de poupança, um depósito a prazo ou faça uma outra aplicação financeira. Depois, nos próximos meses, faça exactamente o mesmo: pegue em 10, 20 ou 50 euros do seu ordenado e deposite-os no seu banco. Ao fazê-lo, estará a estimular a poupança interna, ajudando a limitar o financiamento externo da economia portuguesa, que é um dos nossos grandes desafios actuais.
Eu sei, eu sei. Hoje em dia, a rentabilidade dos depósitos é fraca, pois as taxas de juros estão historicamente baixas. Mas não se preocupe. As taxas não vão ficar baixas para sempre. Aliás, é até natural que nos próximos meses comecemos a ver os juros a subir. Quando tal acontecer, a rentabilidade das suas poupanças aumentará.
Aliás, a situação nacional chegou a tal ponto que nem é preciso esperar que o BCE suba as taxas de juros. Com efeito, os bancos estão hoje a oferecer juros cada vez mais vantajosos para os depositantes. Porquê? Porque os bancos nacionais têm tido uma dificuldade enorme em se financiarem no exterior. Por isso, os bancos têm procurado encontrar no mercado interno os fundos que não conseguem lá fora. E é assim que há actualmente uma enorme apetência pelo dinheiro de todos nós. Assim, tem mais um motivo para pegar nos tais 10, 20 ou 50 euros, e ir a um banco depositá-los. Ganha o país, ganham os bancos, e as suas poupanças permitir-lhe-ão um futuro com mais opções." 
Notícias Magazine, Setembro de 2010.

4 comentários:

Anónimo disse...

Aproveito para completar o apelo à poupança do Prof. A. S. Pereira com uma informação prática.
Os Certificados do Tesouro, que se podem subscrever em qualquer estação dos CTT, estão neste mês de Fevereiro a oferecer taxas muito atractivas, e podem ser levantados a qualquer momento; é como se o dinheiro estivesse à ordem, apenas com o inconveniente da perda dos juros do período entre a data do último vencimento e o momento desse levantamento (o vencimento do juros é anual); não há outras penalizações, taxas, etc. sobre os levantamentos antecipados. Até 4 anos dão 1,55% ao ano, ao 5.º o juro passa para 5,80% (sobre os 5 anos, recebendo-se a diferença entre 1,55% recebidos e 5,80%) e ao 10.º passa para 6,65% (acontecendo um acerto semelhante). O inconveniente principal é a exigência de 1000 euros de investimento mínimo.
Ainda assim, aqui fica a informação
Manuel Henrique Figueira

Anónimo disse...

Portugal é um país onde, na essência, não se respeita a propriedade privada.
Por isso, o melhor meio de ajudar o país é pegar nas suas poupanças e investir lá fora. Assim perceberão, numa linguagem que entendem bem - penso mesmo que é a única que entendem - que estamos fartos de tanta irresponsabilidade.

Anónimo disse...

É difícil falar com anónimos.
Contudo, lembro o seguinte:
1.º - Em relação a quem desiste do país e se vai de vez embora, não tenho nada contra. Levam as receitas e as despesas.
2.º - Em relação a quem desiste do país e fica cá dentro, isto é, lá fora põe as receitas, cá dentro continua a exigir as despesas (pensões e subsídios, polícia, tribunais, hospitais, manutenção de ruas e de estradas, etc. etc.), abstenho-me de os classificar, pois o adjectivo teria de ser muito desagradável, e eu continuo a prezar a educação nas relações sociais.
É também por haver muitas pessoas a pensar e a agir assim é que estamos como estamos.
Manuel Henrique Figueira

António Carlos disse...

Caro Prof.,
abrir uma conta é realmente salvar o país ou apenas contribuir para manter por mais algum tempo a irresponsabilidade do sistema bancário e dos agentes políticos?

Senão vejamos.
O que fará o banco com o depósito? Garante o capital, garante o pagamento de juros, e compra dívida pública ou injecta o dinheiro na economia (empréstimos para habitação, financiamento das empresas, ...) sob pressão do poder político. Só que isso, como se vê agora, tem riscos que não são "passados" para o aforrador, incluindo o de um default do Estado face à sua dívida. Já para não falar do "tradicional" crédito malparado.

Assim os riscos são mais uma vez assumidos pelo sistema bancário. E se "o pior" acontecer como é que os bancos vão cumprir as obrigações a que se comprometeram? Mais uma vez, para evitar riscos sistémicos, o Estado terá de injectar dinheiro dos contribuintes ou aumentar a dívida pública (externa) para que os bancos honrem os seus compromissos. Só que no contexto actual isso deixará de ser possível.

Qual a alternativa? Investir directamente em acções ou num fundo de investimento e assumir os riscos do nosso investimento sem esperar por "almoços grátis" como "capital garantido", "taxas de juro atraentes e garantidas", ...

Desta forma deixa que seja o mercado a "decidir" onde aplicar as suas poupanças (limitado pelo tipo de fundo que escolher) e não agentes políticos com ideias grandiosas.