09 fevereiro 2011

EXPORTAÇÕES E BALANÇA COMERCIAL

É obviamente uma óptima notícia que as exportações cresceram 15,7% em 2010, enquanto as importações "só" subiram 10,2%. Ainda assim, é preciso perceber o que é que está em causa. Como o nosso défice externo é elevado (as exportações são apenas 64,8% das importações), esta diferença de crescimento não foi suficiente para fazer melhorar o défice comercial português. Bem pelo contrário. O défice comercial agravou-se em 2,1% em 2010, e assim a nossa posição externa continuou a deteriorar-se.
Para que tal não aconteça, é preciso que as exportações continuem a crescer bem mais rapidamente do que as importações nos próximos anos. De acordo com os cálculos de Francesco Franco, se as exportações e as importações continuassem a expandir-se a este ritmo, somente em 2012 é que o valor absoluto do défice comercial parava de aumentar, e só em 2019 é que as exportações se tornariam mais elevadas do que as importações, ajudando finalmente a colmatar o défice da balança corrente. Por outras palavras, a este ritmo, precisamos de quase uma década para que o défice comercial se torne num excedente comercial. Ou seja, o caminho a percorrer para atingirmos o equilíbrio externo é longo, muito longo mesmo. E, ainda por isso, temos contra nós o peso da história, pois o último excedente comercial aconteceu há cerca de 70 anos, em plena Segunda Guerra Mundial. 
Por isso, e apesar de devermos saudar o bom comportamento das nossas exportações (em linha, aliás, do que aconteceu na Europa e recuperando parte da descida abrupta do comércio internacional em 2009), é bom que mantenhamos os pés bem assentes na terra e percebamos de uma vez por todas que vão ser precisos muitos anos como 2010 para que o défice externo seja finalmente debelado.

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