15 dezembro 2007

O CONTRA-SENSO DE BALI



Pelo que parece, as diversas delegações à conferência das Nações Unidas sobre as alterações climáticas chegaram a um acordo sobre a redução dos gases responsáveis pelo efeito de estufa. Ainda não se conhecem todos os pormenores do acordo, mas, antes de mais, vale a pena relembrar alguns factos. Realizar uma cimeira do clima em Bali, Indonésia, em que participam cerca de 10 mil delegados e suas comitivas, mais cerca de 5 mil lobistas, é para todos os efeitos um contra-senso. Segundo algumas estimativas, as emissões das viagens de todos os delegados, comitivas e lobistas, atinge cerca de 100 mil toneladas de dióxido de carbono, o equivalente às emissões anuais de países como o Chade. É certo que as emissões de CO2 do Chade são relativamente pequenas, sendo 60 mil vezes menores que as emissões dos Estados Unidos ou 6 mil vezes menores do que a do Reino Unido. É também óbvio que este tipo de cimeiras não se pode realizar por vídeo-conferência, pois grande parte das negociações é informal e pessoal. Mesmo assim, vale a pena lembrar que as emissões dos participantes na conferência de Bali são referentes a apenas 10 dias. DEZ dias. Porquê Bali então? Porquê um local tão remoto (para grande dos participantes, pelo menos)? Porque não perto da sede da ONU, em Nova Iorque? Porque, essencialmente, Bali é num país em desenvolvimento, onde as manifestações e os protestos das ONGs, sindicatos, etc, são bastante reduzidas (principalmente quando comparadas com o que se passou em Seattle em 1999). E quanto menores os protestos melhor.


ASP

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