21 março 2009

ENTREVISTA AO DN (1)

Aqui estão alguns excertos da minha entrevista a Catarina Carvalho do Diário de Notícias:

DN. Porque é que devíamos ser todos do Sporting e o que é que isso tem a ver com economia?

Cada um de nós tem o seu clube de eleição. Porém, há uma característica comum a todos nós: mesmo quando o nosso clube perde ou quando fica anos e anos sem ganhar o campeonato (como aconteceu com o Sporting durante 18 anos), nós não perdemos a fé e não alteramos as nossas preferências clubísticas. E se é assim com os nossos clubes, por que é que procedemos de forma distinta com o nosso país? Por que é que deixamos de acreditar na nossa economia e em Portugal quando temos 7 ou 8 anos de menor sucesso? Por que é que teimamos em esquecer o extraordinário sucesso que alcançámos nas últimas 4 décadas?

Isto tem tudo a ver com a Economia, porque o nosso estado de descrença actual tem um impacto muito significativo nas expectativas dos agentes económicos. E é sabido que as expectativas são uma das variáveis fundamentais na Macroeconomia. Quando as expectativas são baixas, quando a confiança anda pelas ruas da amargura, como acontece actualmente, o consumo retrai-se, o investimento diminui, e o desempenho económico é afectado. Ora, se queremos inverter a estagnação dos últimos anos, uma das coisas que temos de fazer é alterar as expectativas dos portugueses, tornando-os mais confiantes sobre o futuro do país e da economia.

DN. O seu livro chama-se O Medo do Insucesso Nacional. É um título pela negativa. Mas depois de lê-lo não podemos se não ficar mesmo com medo – somos pequenos, desorganizados, não empreendedores, pouco corajosos e cultos e ainda por cima chegamos sempre atrasados... Não é deprimente?

Acho que não. A minha intenção era exactamente a oposta. A principal mensagem do livro é que apesar de todos estes nossos problemas, apesar de todas as nossas insuficiências, as últimas décadas demonstram inequivocamente que Portugal é um país de sucesso e que certamente teremos um futuro promissor à nossa frente. Porém, para que tal aconteça, para que retomemos a senda do progresso, teremos que efectuar uma série de reformas que atenuem as nossas insuficiências organizativas, educacionais, entre outras.

DN. O que é que chegar atrasado tem a ver com a economia?

Os nossos atrasos são um sintoma da nossa falta de organização. Chegar atrasado é uma prática que penaliza a eficiência económica e afecta a produtividade. Por isso, tem tudo a ver com a Economia. Para além do mais, para quem lida com clientes ou fornecedores estrangeiros ou até com turistas, chegar atrasado é um péssimo cartão-de-visita. Por isso, se ambicionamos reformar a economia nacional e tornarmo-nos mais produtivos temos de acabar ou, pelo menos, de atenuar este nosso terrível hábito, bem como outros tais como fazer tudo em cima do joelho e não planear adequadamente.

1 comentário:

Gi disse...

Viva o Sporting hehehe...