A última parte da entrevista ao DN:
DN. Em suma, o que nos aconteceu desde que demos novos mundo ao mundo para chegarmos ao cenário que temos hoje? Foram os nossos genes que mudaram, ou acabaram em meia dúzia de eleitos como Belmiro de Azevedo?
Não, foi o perdermos competitividade nos últimos 10-15 anos e termos levado a cabo um conjunto de políticas que nos endividou tremendamente e nos hipotecou margem de manobra na política económica.
Contudo, é preciso não esquecer que nos últimos 40 anos a economia portuguesa foi uma das que mais cresceu em toda a Europa. Nós somos um enorme caso de sucesso, um verdadeiro milagre económico de causar inveja à grande maioria dos países do mundo. Hoje somos um país transformado. O Portugal de hoje tem pouco a ver com o Portugal provinciano do tempo da ditadura salazarista.
A grande excepção desse enorme sucesso foram os últimos 10 anos. Porque é que tal aconteceu? Porque entrámos no euro com uma taxa de câmbio demasiado elevada (o que penalizou as nossas exportações), porque sofremos a concorrência do Leste europeu e de países como a China, e porque temos vindo a perder competitividade. Como é que podemos alterar este estado de coisas? Temos abandonar a aposta nas receitas mágicas do TGV ou das grandes obras públicas, temos de reformar o que há a reformar (principalmente a Justiça e a Educação) e, principalmente, temos de apoiar e investir no empreendedorismo nacional. Só assim é que teremos mais Belmiros de Azevedo, mais Jerónimos Martins, mais Gonçalos Quadros, mais Paulos Pereiras da Silva, e mais Carlos Oliveiras.
DN. Algumas - muitas - das ideias do seu livro, melhor educação, melhor justiça, mais produtividade e organização, são ovos de Colombo, ou seja, há muito que toda a gente sabe que o caminho é por aí. Porque é que ainda não fizemos nada, ou fizemos pouco nesse sentido?
Primeiro, porque, obviamente, estes temas são complexos e há opiniões muito diversas sobre como combater estes problemas. Segundo, porque pensamos que tudo se resolve com mais e mais dinheiro. E isso não é verdade. Se melhorarmos os nossos sistemas de incentivos poderemos alcançar resultados muito melhores do que se optarmos por apenas gastar mais. Terceiro, porque há grupos de interesse instalados que beneficiam com o status quo e são avessos a mudanças. Quarto, porque temos a tendência para pensar que estes sectores só melhoram se centralizarmos tudo no Estado, o que não é verdade. E finalmente, porque não tem havido uma orientação estratégica na condução das nossas políticas. Nos últimos anos, temos sido demasiado egoístas, temos andado preocupados em demasia com os nossos próprios botões e com os botões dos nossos próprios grupos de interesse, e temos deixado de lado o interesse nacional, o interesse do país. Ora, temos de alterar este estado de coisas. Temos de apostar mais na concertação social e numa maior orientação estratégica para o país. Acima de tudo, temos de perceber que a crise actual ameaça o bem-estar colectivo e que todos perdemos com lutas sociais, com a defesa intransigente dos nossos interesses pessoais, e com politiquices que servem os partidos, mas não servem os portugueses.
Não, foi o perdermos competitividade nos últimos 10-15 anos e termos levado a cabo um conjunto de políticas que nos endividou tremendamente e nos hipotecou margem de manobra na política económica.
Contudo, é preciso não esquecer que nos últimos 40 anos a economia portuguesa foi uma das que mais cresceu em toda a Europa. Nós somos um enorme caso de sucesso, um verdadeiro milagre económico de causar inveja à grande maioria dos países do mundo. Hoje somos um país transformado. O Portugal de hoje tem pouco a ver com o Portugal provinciano do tempo da ditadura salazarista.
A grande excepção desse enorme sucesso foram os últimos 10 anos. Porque é que tal aconteceu? Porque entrámos no euro com uma taxa de câmbio demasiado elevada (o que penalizou as nossas exportações), porque sofremos a concorrência do Leste europeu e de países como a China, e porque temos vindo a perder competitividade. Como é que podemos alterar este estado de coisas? Temos abandonar a aposta nas receitas mágicas do TGV ou das grandes obras públicas, temos de reformar o que há a reformar (principalmente a Justiça e a Educação) e, principalmente, temos de apoiar e investir no empreendedorismo nacional. Só assim é que teremos mais Belmiros de Azevedo, mais Jerónimos Martins, mais Gonçalos Quadros, mais Paulos Pereiras da Silva, e mais Carlos Oliveiras.
DN. Algumas - muitas - das ideias do seu livro, melhor educação, melhor justiça, mais produtividade e organização, são ovos de Colombo, ou seja, há muito que toda a gente sabe que o caminho é por aí. Porque é que ainda não fizemos nada, ou fizemos pouco nesse sentido?
Primeiro, porque, obviamente, estes temas são complexos e há opiniões muito diversas sobre como combater estes problemas. Segundo, porque pensamos que tudo se resolve com mais e mais dinheiro. E isso não é verdade. Se melhorarmos os nossos sistemas de incentivos poderemos alcançar resultados muito melhores do que se optarmos por apenas gastar mais. Terceiro, porque há grupos de interesse instalados que beneficiam com o status quo e são avessos a mudanças. Quarto, porque temos a tendência para pensar que estes sectores só melhoram se centralizarmos tudo no Estado, o que não é verdade. E finalmente, porque não tem havido uma orientação estratégica na condução das nossas políticas. Nos últimos anos, temos sido demasiado egoístas, temos andado preocupados em demasia com os nossos próprios botões e com os botões dos nossos próprios grupos de interesse, e temos deixado de lado o interesse nacional, o interesse do país. Ora, temos de alterar este estado de coisas. Temos de apostar mais na concertação social e numa maior orientação estratégica para o país. Acima de tudo, temos de perceber que a crise actual ameaça o bem-estar colectivo e que todos perdemos com lutas sociais, com a defesa intransigente dos nossos interesses pessoais, e com politiquices que servem os partidos, mas não servem os portugueses.
1 comentário:
Caro Àlvaro,
Desde o tempo de D.Sebastião que nós estamos à espera que alguem nos venha salvar. Pouco fazemos por isso. A 2ª dinastia, a tal em que demos novos mundos ao mundo acabou-se por aí.
E já agora deixe-me ser reaccionário à vontade.
Consertação social? Vivemos debaixo de um complexo de esquerda neste país. O mérito é algo que causa inveja. A legislação laboral e os CCT são um estimulo à mediocridade.
E agora lá vai a reaccionarice.
A nossa grande central sindical é suspeita de próxima do PCP. Quem é o seu dirigennte máximo? Um membro preominente do PCP? PCP que continua ainda com o Marxismo leninismo e a ditadura do proletariado no seu programa. Para o PCP, e quem leu Lenine sabe que assim é, tudo isto faz parte da luta política que levará ao derrube da democracia e à implantação da ditadura. Meu caro Álvaro, está na sua(deles) ideologia. Escrito branco no preto.
Ao pontrário de outros partidos comunistas europeus o PCP nunca abdicou dos seus principios É coerente e não esconde. Eu limito-me a citar factos indesmentiveis.
DITADURA BDO PROLETARIADO.
Concertação social? O PCP não quer os trabalhadores aburguesados e a viver bem. Porque esse seria o seu fim. Perderia a capacidade de mobilização.
Porque é que as pessoas não vêem aquilo que o PCP nunca escondeu?
Quero com isto dizer que a CGTP fará sempre tudo parea que os trabalhadores vivam revoltados e zangados. A CGTP nunca aceitará nenhuma medida que faça o país sair do buraco em que se encontra. Porque a CGTP quer manter para sempre o tom de vitima e de revolta. Como todos sabemos nem Lenine nem Mao se preocuparam muito com a sorte dos trabalhadores. Pela ideologia sacrificaram milhares de pessoas.
É assim a ideologia marxista-leninista. O fim do PCP é, e continuará a ser, a tomada do poder e o derrube da democarcia.
E o complexo de esquerda é tal neste país, que o PS sem nunca se aliar ao PCP pois sabe bem o que é o PCP vai fazendo aquela conversa da esquerda quando na verdade o PS é muito mais próximo do PSD e até há quem diga que o PS está a fazer a tarefa que caberia ao PSD.
Com este complexo de esquerda e falta de coragem para falar claro e com uma Inter a fazer o trabalho do PCP (porque certamente que ninguem acredita que o sr.Carvalho da Silva seja à 2ª,4ª e 6ª do PC e à 3ª, 5ª e Sab da Inter) não iremos a lado nenhum.
Porque é que as pessoas fingem não reparar nisto?
Um abraço
Antonio
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