Perguntas do PUBLICO sobre o impacto económico da vitória de Obama:
- Quais os principais desafios que Barack Obama enfrenta, enquanto presidente dos EUA, no domínio económico?
ASP: A primeira tarefa é claramente garantir a estabilidade dos mercados financeiros.
O segundo grande desafio será o combate à recessão. Como a economia americana (e mundial) foi atingida por dois enormes choques nos últimos meses (primeiro um choque petrolífero e a maior crise financeira desde os anos 1930), é muito provável que esta seja a recessão mais severa das últimas duas décadas. Este será assim o principal desafio do novo presidente americano.
Finalmente, a nova administração americana terá que lidar com o impacto da crise imobiliária que grassa em todo o país.
- Que propostas já apresentou para enfrentar cada um desses desafios? Como avalia essas propostas? Serão todas realistas?
ASP: Em relação à estabilização dos mercados financeiros não haverá grande disputa. É provável que quanto tomar posse, a 20 de Janeiro, Obama irá trabalhar com o novo Congresso para aumentar a regulamentação e a supervisão dos mercados financeiros. Igualmente, se necessário, Obama apresentará um novo pacote de medidas destinado a reforçar a estabilidade das instituições financeiras nacionais.
Certamente que a nova administração irá ser bastante agressiva no combate à recessão, por forma a minimizar os efeitos económicos, principalmente no que diz respeito ao desemprego. Como é que o fará? Quer através do corte de impostos para a grande maioria dos americanos, quer através da introdução do maior pacote de construção infra-estruturas e outras obras públicas das últimas décadas. Obama já prometeu que isso irá acontecer. O défice orçamental e a dívida pública aumentarão, mas isso não constituirá problema de maior. Contrariamente à Comissão Europeia, Obama não é um fundamentalista do défice orçamental.
Finalmente, a crise imobiliária (que está na origem da crise financeira) será atacada quer através de uma moratória de 90 dias nos processos de falência imobiliária (já prometida), quer através da ajuda temporária aos particulares mais afectados.
ASP: A primeira tarefa é claramente garantir a estabilidade dos mercados financeiros.
O segundo grande desafio será o combate à recessão. Como a economia americana (e mundial) foi atingida por dois enormes choques nos últimos meses (primeiro um choque petrolífero e a maior crise financeira desde os anos 1930), é muito provável que esta seja a recessão mais severa das últimas duas décadas. Este será assim o principal desafio do novo presidente americano.
Finalmente, a nova administração americana terá que lidar com o impacto da crise imobiliária que grassa em todo o país.
- Que propostas já apresentou para enfrentar cada um desses desafios? Como avalia essas propostas? Serão todas realistas?
ASP: Em relação à estabilização dos mercados financeiros não haverá grande disputa. É provável que quanto tomar posse, a 20 de Janeiro, Obama irá trabalhar com o novo Congresso para aumentar a regulamentação e a supervisão dos mercados financeiros. Igualmente, se necessário, Obama apresentará um novo pacote de medidas destinado a reforçar a estabilidade das instituições financeiras nacionais.
Certamente que a nova administração irá ser bastante agressiva no combate à recessão, por forma a minimizar os efeitos económicos, principalmente no que diz respeito ao desemprego. Como é que o fará? Quer através do corte de impostos para a grande maioria dos americanos, quer através da introdução do maior pacote de construção infra-estruturas e outras obras públicas das últimas décadas. Obama já prometeu que isso irá acontecer. O défice orçamental e a dívida pública aumentarão, mas isso não constituirá problema de maior. Contrariamente à Comissão Europeia, Obama não é um fundamentalista do défice orçamental.
Finalmente, a crise imobiliária (que está na origem da crise financeira) será atacada quer através de uma moratória de 90 dias nos processos de falência imobiliária (já prometida), quer através da ajuda temporária aos particulares mais afectados.
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- Considera que Obama está preparado para combater a turbulência financeira que se instalou nos EUA e no mundo?
ASP: Penso que sim, mas tudo dependerá da equipa económica com que Obama se vai rodear. Avalizando pela sua equipa de conselheiros económicos, considero que é bastante provável que a nova administração irá ser suficientemente competente para combater a turbulência financeira (em claro contraste com a administração Bush).
- Como avalia a reacção do senador quando a crise despoletou?
Obama teve a reacção mais sensata, a reacção que era preciso ter num momento de tanta volatilidade. Isto é, ouvir os seus conselheiros económicos e não se precipitar num momento tão instável. Aliás, se há dois momentos decisivos nestas eleições são exactamente a escolha de Sarah Palin por McCain (que se revelou desastrosa), e a reacção dos dois candidatos perante a crise financeira. Em todo este processo, Obama manteve uma calma e uma prudência admirável, enquanto McCain disparou para todos os lados e para lado nenhum. McCain foi errático enquanto Obama foi consistente e coerente. E isso foi um dos factores que deu a vitória a Obama.
- Obama desde cedo se rodeou de conselheiros para a área da economia. Numa das primeiras reuniões de emergência para lidar com a crise, foram 12 os especialistas convocados. Terá sido esta uma das armas mais importantes do senador?
ASP: Sem dúvida. Obama tem demonstrado em toda a sua vida pública que valoriza imenso o diálogo, bem como a necessidade de se rodear de especialistas das diversas matérias. Ouvir os outros é uma das suas qualidades e uma das suas armas mais importantes. Mais do que uma ideologia cega e obstinada (como Bush), Obama é um pragmático incorrigível.
- De entre esses especialistas, contava-se Paul Volcker, antigo chairman da Reserva Federal norte-americana. Os jornais dão conta de uma grande ligação entre as ideias de Volcker e as políticas de Obama. Concorda?
É verdade que existe uma ligação entre as ideias de Volker e as políticas expressas por Obama. Porém, a idade de Volker (71 anos) poderá ser um impedimento para que ele se torne Secretário de Estado. Como também existe uma boa ligação entre Larry Summers (o último Secretário do Tesouro de Bill Clinton) e Obama, é muito provável que a equipa de transição económica inclua esses dois conselheiros e que um deles (provavelmente Summers) seja nomeado o novo Secretário do Tesouro
- Considera que Obama está preparado para combater a turbulência financeira que se instalou nos EUA e no mundo?
ASP: Penso que sim, mas tudo dependerá da equipa económica com que Obama se vai rodear. Avalizando pela sua equipa de conselheiros económicos, considero que é bastante provável que a nova administração irá ser suficientemente competente para combater a turbulência financeira (em claro contraste com a administração Bush).
- Como avalia a reacção do senador quando a crise despoletou?
Obama teve a reacção mais sensata, a reacção que era preciso ter num momento de tanta volatilidade. Isto é, ouvir os seus conselheiros económicos e não se precipitar num momento tão instável. Aliás, se há dois momentos decisivos nestas eleições são exactamente a escolha de Sarah Palin por McCain (que se revelou desastrosa), e a reacção dos dois candidatos perante a crise financeira. Em todo este processo, Obama manteve uma calma e uma prudência admirável, enquanto McCain disparou para todos os lados e para lado nenhum. McCain foi errático enquanto Obama foi consistente e coerente. E isso foi um dos factores que deu a vitória a Obama.
- Obama desde cedo se rodeou de conselheiros para a área da economia. Numa das primeiras reuniões de emergência para lidar com a crise, foram 12 os especialistas convocados. Terá sido esta uma das armas mais importantes do senador?
ASP: Sem dúvida. Obama tem demonstrado em toda a sua vida pública que valoriza imenso o diálogo, bem como a necessidade de se rodear de especialistas das diversas matérias. Ouvir os outros é uma das suas qualidades e uma das suas armas mais importantes. Mais do que uma ideologia cega e obstinada (como Bush), Obama é um pragmático incorrigível.
- De entre esses especialistas, contava-se Paul Volcker, antigo chairman da Reserva Federal norte-americana. Os jornais dão conta de uma grande ligação entre as ideias de Volcker e as políticas de Obama. Concorda?
É verdade que existe uma ligação entre as ideias de Volker e as políticas expressas por Obama. Porém, a idade de Volker (71 anos) poderá ser um impedimento para que ele se torne Secretário de Estado. Como também existe uma boa ligação entre Larry Summers (o último Secretário do Tesouro de Bill Clinton) e Obama, é muito provável que a equipa de transição económica inclua esses dois conselheiros e que um deles (provavelmente Summers) seja nomeado o novo Secretário do Tesouro
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- Também Warren Buffet fazia parte desse grupo. Até que ponto foi importante para Obama incluir o multimilionário norte-americano no mapa de conselheiros económicos?
ASP: A inclusão de Buffet foi importante não só pelas suas qualidades como conselheiro económico, mas também para mostrar que Obama tinha ao seu lado alguns dos gestores mais ricos e influentes (como Bufett e o CEO da Google) do país.
- Acredita que um desses conselheiros (poderá vir a ser nomeado secretário do Tesouro norte-americano? Se sim, qual e porquê?
ASP: Sim, Larry Summers, porque não só partilha da ideologia económica de Obama (quiçá com a excepção da necessidade de um maior proteccionismo económico defendido pelo novo presidente), mas também tem um bem precioso nos tempos que correm: experiência. Summers conhece bem os corredores do poder e, por isso, poderá ser a opção ideal para a situação actual.
- Que tipo de pessoa deverá escolher Obama para esse cargo?
ASP: Penso que Obama deve escolher um especialista com alguma experiência de governação e com sentido pragmático. É por isso que Summers faz tanto sentido.
- Também Warren Buffet fazia parte desse grupo. Até que ponto foi importante para Obama incluir o multimilionário norte-americano no mapa de conselheiros económicos?
ASP: A inclusão de Buffet foi importante não só pelas suas qualidades como conselheiro económico, mas também para mostrar que Obama tinha ao seu lado alguns dos gestores mais ricos e influentes (como Bufett e o CEO da Google) do país.
- Acredita que um desses conselheiros (poderá vir a ser nomeado secretário do Tesouro norte-americano? Se sim, qual e porquê?
ASP: Sim, Larry Summers, porque não só partilha da ideologia económica de Obama (quiçá com a excepção da necessidade de um maior proteccionismo económico defendido pelo novo presidente), mas também tem um bem precioso nos tempos que correm: experiência. Summers conhece bem os corredores do poder e, por isso, poderá ser a opção ideal para a situação actual.
- Que tipo de pessoa deverá escolher Obama para esse cargo?
ASP: Penso que Obama deve escolher um especialista com alguma experiência de governação e com sentido pragmático. É por isso que Summers faz tanto sentido.
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