Nos últimos 6 anos o euro valorizou-se cerca de 80 por cento face ao dólar. Como muitos países (como a China, por exemplo) ainda têm o dólar como moeda de referência, a desvalorização da moeda americana tem ajudado os sectores exportadores de muitos dos nossos concorrentes. Como (nas últimas décadas) Portugal tem sido tradicionalmente um país de moeda fraca, a adesão ao euro apresentaria sempre dificuldades para muitas das nossas empresas. Em vez do euro saiu-nos um super-euro, e por isso as dificuldades só têm sido ainda maiores para os nossos exportadores, o que tem levado muitos a simplesmente fecharem as portas por não conseguirem competir nos mercados internacionais. Estas são as más notícias, ou a realidade dos últimos anos. E agora, quiçá, as boas notícias. Apesar de estar a entrar em recessão, a política (implícita ou explícita) do dólar fraco parece ter os dias contados. Primeiro foi George Bush a anunciar que é apologista do dólar forte. Como Bush tem pouca credibilidade, ninguém lhe deu ouvidos. Porém, hoje foi o presidente da Fed, Ben Bernanke, que o anunciou. Bernanke afirmou categoricamente que a inflação americana estava "demasiado elevada", o que significa que as taxas de juro americanas vão começar a subir, provavelmente mais depressa do que antes se previa.
Ora, como o BCE anunciou que não prevê subir as taxas de juro até ao final do Verão (no mínimo), o diferencial entre as taxas de juros europeias e americanas vai diminuir. Consequência? O dólar vai subir e o euro descer. Boas notícias para muitos dos nossos exportadores, principalmente para aqueles que exportam para o espaço extra-comunitário.
3 comentários:
Caro Álvaro,
Existe um sentimento razoávelmente enraizado nos europeus de descontentamento relativamente ao Euro. Não sei se será a maioria ou não mas são muitos os que estão descontentes. Não sei se fundadamente ou não mas estão.
Mas penso ser legitimo ter duvidas relativamente às vantagens desta moeda. Entendo que paises como a Bélgica. Alemanha, Holanda, Austria e alguns outros possam ter uma moeda comum. Porque existe alguma harmonia entre essas economias que têm todas mais ou menos o mesmo grau de desenvolvimento. Mesmo assim note-se que algumas economias desenvolvidas não quiseram aderir ao Euro e não me parece que estejam piores por isso.
Agora incluir Portugal nesta moeda já me faz ter algumas duvidas. É como querer vestir o mesmo fato a um gordo e a um anoretico. Ou querer calçar os mesmos sapatos a pessoas de tamanho muito diferente. Um ficará a rebentar pelas costuras e o outro fica a nadar. Portugal e a Alemanha com a mesma moeda padrão?
Eu sou cada vez mais um eurocéptico. Hoje a europa tem uma enorme falta de liderança, uma enorme falta de capacidade de sonhar e está dominada por euroburocratas que só pensam em regulamentar.E claro, pensam sobretudo nas suas carreiras. E nos seus brutais previlégios.
E entretanto o Euro continua a subir.... Ao que parece a subida vai continuar.
Por isso tenho muitas duvidas...
E se descer é possivel que se pague a gasosa ainda mais cara...
Mas não tenho duvidas que a este Euro altissimo vai permitir a muitas das economias emergentes de se desenvolverem porque este Euro torna prácticamente obrigatório comprar e produzir fora da Europa.
E lentamente vão aparecendo alternativas à Europa.
Um abraço
Antonio
Olá António
Eu também acho que a curto prazo o euro é culpado pela crise. Tenho poucas dúvidas disso.
A longo prazo, poderá ser algo benéfico, pois obrigará a ganhos de produtividade para as empresas permanecerem competitivas.
O problema que temos é que, mesmo que estejamos arrependidos, mesmo se quisemos mudar, provavelmente não podíamos.
Quem sair do euro vai ter que se ver com os mercados financeiros e cambiais. Por isso, pouco mais nos resta do que nos adaptarmos.
Abraço
Alvaro
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