24 julho 2008

O PÉRIPLO DE OBAMA

O périplo internacional de Barack Obama destina-se mostrar ao público americano que o candidato democrata não só está à vontade na área da política externa (onde está em desvantagem perante a maior experiência de John McCain), como também pretende provar que Obama tem postura e imagem presidenciais.
As visitas ao Afeganistão e ao Iraque são bastante significativas, pois indiciam a mudança de rumo que a política externa americana irá ter caso Obama ganhe as eleições em Novembro próximo. Obama garante que, se se tornar presidente, as tropas americanas irão retirar-se do Iraque no espaço de 16 meses e concentrar-se no conflito do Afeganistão. Como na América, a decisão de invadir o Iraque é cada vez mais vista como um erro estratégico com graves custos humanos e financeiros, Obama aparece assim ao lado do(a) americano(a) médio, ao contrário de John McCain, que continua a advogar a permanência das tropas americanas no território iraquiano por tempo indeterminado. Tal posição certamente dará cartas (e votos) a Obama no confronto de Novembro.
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Se ganhar as eleições, e mesmo que a retirada do Iraque corra mais ou menos bem, os principais problemas de um presidente Obama poderão ser os imponderáveis. Há cada vez mais analistas que pensam que poderá estar por meses um ataque israelita às instalações nucleares do Irão. É quase impossível prever as consequências políticas, militares e económicas de tal ataque (para além do agravamento do choque petrolífero actual). Como reagirá Obama a tal cenário será certamente uma das questões que serão colocadas ao candidato Democrata quando visitar Israel.
Para além do mais, é visível que a situação no Afeganistão não é a mesma do que há sete anos atrás. Há sete anos havia apoio das populações e as forças da coligação controlavam quase todo o território afegão. Hoje em dia, nenhuma das condições se encontra presente. Como manter a tropas americanas (e ocidentais) num terreno cada vez mais hostil, será uma das questões que o próximo presidente americano terá de enfrentar.
Mas isso são questões para o futuro. Por enquanto, o melhor que Obama tem a fazer é continuar a parecer presidencial. O tempo das grandes decisões pode esperar.
PS: Artigo escrito para o DN

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