14 julho 2008

INTERVENCIONISMO DISFARÇADO

É sempre assim. Os que mais pregam as doutrinas liberais para os outros, os que exigem que os outros privatizem tudo sem condições, são quase sempre os primeiros a não o fazer quando o têm ou deviam fazer. Já foi assim no Reino Unido aquando da quase-nacionalização do Northern Rock (uma instituição financeira à beira do colapso) e é agora assim nos Estados Unidos. Como as duas principais operadoras financeiras da área imobiliária estão em graves dificuldades de liquidez, o governo americano já apresentou um plano para as resgatar que equivale a uma quase-nacionalização dessas empresas financeiras. Em causa está um enorme portfólio de empréstimos à habitação (na ordem dos 5 triliões de dólares), correspondendo a quase metade do total dos empréstimos à habitação. Note-se que não estou contra a tal intervenção. O que estou contra é a duplicidade de critérios. Se fosse em Portugal, se fosse o BES ou o BCP em crise, certamente que cairia o Carmo e a Trindade em Bruxelas se o Estado português decidisse fazer o mesmo. Se o fizéssemos seríamos certamente acusados de proteccionismo ou nacionalismo económicos alegadamente incompatíveis com os ditames do mercado único europeu. É a nossa sina de país pequeno...

3 comentários:

Tiago Moreira Ramalho disse...

É um problema. A UE dá-nos muitos benefícios, mas a perda de soberania e aqueles regulamentos tão estranhos como se isto fosse uma corrida entre países tornam problemas solúveis em completas catástrofes...

Eurico disse...

O mais grave aqui, é que estas politicas de liberalização forçadas pelos EUA através do FMI e do World Bank destruiram a vida a milhões de cidadãos dos países que pediram ajuda a estas instituições. O presidente dos EUA deveria ser elegido com votos do mundo inteiro.

Alvaro Santos Pereira disse...

Eurico e Tiago

Obrigado pelos comentarios
o FMI e o Banco Mundial erraram bastantes vezes nos últimos anos. Aliás, eles próprios o admitem. Ainda assim, são isntituições imprescindíveis para a arquitectura financeira mundial. O que é preciso é que se continuem a reformar.

Abraço

Alvaro