07 abril 2011

BANCOS 1 - PORTUGAL 0

O editorial do Financial Times é mais uma vez sobre Portugal. Desta vez, o editoral tem o título sugestivo de "Bancos 1 -Portugal 0", e refere que o factor que fez o governo baixar os braços e aceitar o inevitável resgat do FEEF e do FMI foi a pressão dos bancos. No entanto, e como já aqui alertei várias vezes e como argumento com mais dados no meu livro, o FT também considera que nem o FEEF nem o FMI irão, por si só, resolver bem os nossos problemas principais. Bem longe disso. Nas palavras do FT:
"In any event, an EFSF rescue will not solve Portugal’s more deep-seated problems, namely its feeble growth and lack of competitiveness. The last government did too little to deal with Portugal’s over-protected labour market and its bloated public sector."

Nem mais. Se há algo que os governos dos últimos anos fizeram bem foi fingir reformar, sem que nada ou pouco tivesse mudado. O resultado está à vista.
Cabe ao próximo governo fazer o que é preciso para resgatar Portugal da complicada situação que se encontra. Esperemos que tudo seja feito com menos propaganda, mas com uma verdadeira vontade de reformar e com um verdadeiro sentido de Estado.

1 comentário:

Pedro Oliveira disse...

É óbvio que nenhum resgate irá resolver os problemas de fundo. O FEEF ou o FMI ou o que quer que seja que aí venha, apenas pode impôr medidas de redução da Despesa (aquelas que nenhum partido tem coragem de implementar). Para além da questão cultural que é um problema de fundo também nosso, os nossos problemas principais passam por sermos um Estado pouco atrativo ao investimento, tanto nacional como estrangeiro. Alguém vai mexer na Constituição? Na Justiça? Nas leis laborais? Nas regras do arrendamento (o PEC IV tinha algumas melhorias incluídas)? A Despesa consegue reduzir-se, à custa de medidas drásticas que geram recessão profunda a médio prazo. Recessão é o que mais certamente iremos ter. Basta olharmos para a Grécia "aqui ao lado" e ver o que se está a passar. O nosso caso é pior ainda, pois a Dívida também é maior. As nossas reservas de ouro, apesar do metal estar muito valorizado, mal chegam para pagar 1/18 do saldo líquido negativo, ou seja a dívida líquida ao exterior. São cerca de 220 mil milhões de Dívida! Se a recessão for muito forte e prolongada, estaremos muito mal, num retrocesso inevitável que é puro e simples a materialização do aforismo "não há almoços grátis". Andámos três décadas a dar cabo da Economia e das Finanças. O mais fantástico é que aparentemente não há responsáveis pelo crime cometido. Esqueçam as regalias, as pensões, os subsídios. E esta, hein? Pensem talvez em sair daqui para fora enquanto é tempo. Portugal não é, comprovadamente, um País a sério.