01 abril 2011

REESTRUTURAÇÃO OU NÃO, EIS A QUESTÃO (10)

Mais um artigo no Financial Times sobre Portugal e a Irlanda. Desta vez, o autor faz críticas à Europa e ao FMI sobre a estratégia de "resolução" dos problemas da dívida soberana europeia. Segundo o autor, os problemas que Portugal, a Irlanda e a Grécia enfrentam são de solvência e não de liquidez. Ou seja, independentemente do recurso ou não ao FEEF e ao FMI, mais cedo ou mais tarde estes países terão de enfrentar a realidade e perceber que as suas dívidas são insustentáveis. Aqui está um excerto do artigo no FT:

"One has to wonder how much deeper the economic recessions in Greece, Ireland, and Portugal will have to become for the IMF and the EU to recognize that the countries in the periphery suffer from solvency rather than liquidity problems, that are not amenable to correction by fiscal retrenchment alone in a fixed exchange rate system.
The risk is that, before they do, the electorates in Greece, Ireland, and Portugal will revolt against seemingly endless economic hardship to which they are being subjected for the sake of keeping them current on their debt obligations to foreign financial institutions."

2 comentários:

AG disse...

Dentro da gaiola do FEEF, teremos um periodo para fazer as reformas e medidas de austeridade para colocar o Estado e a economia num caminho sustentável. Mas o peso da dívida é algo que tem que reposto para 70% do PIB (ou algo parecido) para que o país possa andar pelos os seus próprios pés. Entendi que em 2013 deixaríamos de recorrer ao FEEF e passaríamos a utilizar o ESM que implica haircuts aos credores. No entanto, fico com a sensação que por essa altura o BCE (se continuar a intervir no mercado secundário como tem feito nos últimos 10 meses) será dono de 40% da nossa dívida.

Mas se bem entendi depois das recentes alterações acerca do funcionamento do FEEF, um país que recorre ao fundo pode usar parte das verbas para intervir no mercado primário. Em teoria um país não poderia financiar-se desta forma para depois poder ir ao mercado secundário e recomprar dívida das emissões mais recentes (as de 2011 e 2010, que tem taxas elevadíssimas)? O país estaria a comprar essa dívida a preço de desconto e ainda a reduzir os encargos com os juros.

J. Ferraz disse...

Gostei muito que tenha sido escolhido para a economia. Desejo-lhe muitas felicidades.