04 abril 2011

DÍVIDA EXTERNA CONTINUA A CRESCER

Foram agora publicados os dados mais recentes da dívida externa bruta portuguesa (a dívida total da economia nacional ao exterior, e que inclui a dívida do Estado, das empresas, e das famílias ao estrangeiro). Há "boas" e más notícias. As "boas" notícias é que o crescimento exponencial da nossa dívida externa parece ter abrandado. Assim, entre 30 de Setembro e 31 de Dezembro de 2010, a dívida externa bruta de Portugal diminuiu cerca de 3,4 mil milhões de euros.
Todavia, e infelizmente, tal não ocorreu pelas melhores razões, mas sim devido às crescentes restrições de financiamento à economia nacional. (Vale a pena relembrar que o grande crescimento do endividamento externo ocorreu antes e não depois da crise financeira internacional).
Este decréscimo do ritmo do endividamento externo explica-se ainda por motivos contabilísticos e não devido a uma verdadeira melhoria da nossa posição internacional. Para além do mais, se compararmos o final de 2009 com o final de 2010, verificamos que a dívida externa bruta continua a aumentar. Assim, em 2010 a nossa dívida externa bruta aumentou cerca de 16 mil milhões de euros em relação a 2009.
Em 31 de Dezembro de 2010, a dívida externa bruta portuguesa era igual a 396,5 mil milhões de euros, ou cerca de 229,4% do PIB nacional. Em 2009, o valor da dívida externa era de 226% do PIB português.
Só para nos apercebermos quão astronómicos são estes números, vale a pena referir que a dívida externa bruta da Grécia é de "apenas" 187% do PIB helénico. Ou seja, o nosso endividamento externo é substantialmente mais elevado do que o dos gregos. Por outras palavras, o ajustamento que terá de ser feito nos próximos anos para diminuir o elevadíssimo endividamento nacional será, no mínimo, dramático. Mas, como é óbvio, a culpa disto tudo não é nossa. É que, como todos sabemos, foram os estrangeiros que nos convenceram a endividarmo-nos acima de tudo o que era aceitável e razoável. Como é evidente.
Já agora, para quem esteja interessado(a), aqui está o gráfico da dívida externa bruta em percentagem do PIB desde 1998:

Dívida externa bruta em percentagem do PIB, 1998-2010
Fonte: Banco de Portugal

7 comentários:

Rita disse...

'Mas, como é óbvio, a culpa disto tudo não é nossa.É que, como todos sabemos, foram os estrangeiros que nos convenceram a endividarmo-nos acima de tudo o que era aceitável e razoável. Como é evidente.'

Não pude evitar questionar:
Há ironia no comentário?

andrecruzzzz disse...

Caro asp. Antes de mais parabens pelos duches turcos de realidade que t servido com regularidade no seu blog. Deste assunto, gostaria de ver a divida total dividida nos seguintes parametros:
Publica
Empresas publicas
Estimativa de obrigacoes contratualizadas c ppp
C
Empresas do psi 20
Divida aderente ao sector umobiliario: total de credito
Habitacao, empresas do sector


O meu ponto é q a decomposicao da divida total
Nestes pontos e mais alguns eventualmente
Ajudaria e muito a tornar mais claro os reais problemas de
Portugal enquanto pequena economia controlada de modo
Oligarca por alguns sectores.
Nao deixei tambem de reparar no volume absurdo de divida publica detido pelo fundo seg-social.. É padrão deste governo reflectido na opção de em vez de reduzir nominalmente reformas e salarios FP cria taxinhas e aumento das mesmas.. Este governo ao contrario d q anuncia antexcipou o estoiro da SS ..

fernando caria disse...

Caro Álvaro

No início do Post deve querer referir 2010 e não 2011, certo?

Alvaro Santos Pereira disse...

Rita,

Sim, estava a ser irónico. Como é evidente, somos nós os grandes culpados(as) pelas nossas dívidas.

Obrigado.

Alvaro

Alvaro Santos Pereira disse...

Caro andrecruzzzz

Obrigado. Alguns destes cálculos estarão no meu novo livro, onde apresento dados novos sobre o endividamento.
Abraço

Alvaro

Alvaro Santos Pereira disse...

Caro Fernando Caria

Muito obrigado. Sim, tem razão. Já está corrigido

Abraço

Alvaro

andrecruzzzz disse...

Fico entao a espera de comprar o seu novo livro. O meu ponto é o seguinte: o endiividamento da economia real, excluindo o sector bolha d imobiliário nao será asim tão grande justamente pq os recursos d credito disponiveis tem sido alocados p os outros