25 fevereiro 2011

AFINAL, NÃO TÃO BOAS

Afinal, as notícias relativamente à evolução da nossa posição externa líquida não são assim tão "boas". Como alguns leitores do blogue mencionaram em comentários e em privado, a melhoria da nossa posição externa líquida não aconteceu pelas melhores razões. Ou seja, a redução do nosso saldo negativo deveu-se totalmente  a motivos contabilísticos e não por uma melhoria fundamental da nossa posição internacional. Eu ainda não tive oportunidade de ler as explicações do Banco de Portugal, e, por isso, simplesmente reportei a melhoria dos números agora divulgados. Por isso, agradeço as informações adicionais que me foram transmitidas.
O JMC resume bem o que se passou:
"Infelizmente, as notícias não são assim tão boas. A posição externa líquida ficou melhor, de facto, mas foi por maus motivos. Foi essencialmente devido a variações dos preços dos activos e passivos. [veja o quadro C.3.7 do BE do BdP]. Há três grandes variações a considerar:
1) A perda de valor das Obrigações do Tesouro (que são passivos da economia portuguesa e, maioritariamente, activos de não residentes). O preço das Obrigações do Tesouro diminuiu em mercado secundário (por menor procura e por pressão vendedora), o que se tem traduzido em yields mais altas. A variação foi de 9,7 mil milhões de euros (5,8 p.p. do PIB). Por absurdo, a nossa posição externa líquida melhoraria em 40% do PIB se as
Obrigações do Tesouro passassem a valer zero (numa situação de default da dívida).
2) O aumento do preço do Ouro Monetário, que é um activo do Banco Central (2 p.p. do PIB).
3) A venda da participação na VIVO pela PT deu origem a mais valias, que são variações de preço da posição externa líquida, pois os activos estavam valorizados em carteira a um valor muito inferior ao valor a que acabaram por ser vendidas (cerca de 6 mil milhões, 3,6 p.p. do PIB).
Moral da história, sem estes efeitos a posição externa líquida aumentaria na medida do défice externo, que acabou por ser quase 9% do PIB."
Por outras palavras, ainda não foi desta que se deu uma verdadeira inversão desta preocupante tendência da economia nacional.

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