21 março 2011

DÍVIDA EXTERNA BRUTA

Alguns leitores perguntaram-me se podia disponibilizar os dados da dívida externa bruta. Por isso, aqui estão os dados trimestrais do Banco de Portugal. Já agora, o gráfico referente a estes dados já foi aqui apresentado:

Dívida Externa Bruta de Portugal, 1999-Setembro de 2010 (em milhões de euros)


Dívida Externa Bruta
31-03-1999 106282
30-06-1999 111423
30-09-1999 118680
31-12-1999 119255
31-03-2000 133076
30-06-2000 140137
30-09-2000 143952
31-12-2000 155987
31-03-2001 168316
30-06-2001 180728
30-09-2001 182739
31-12-2001 195853
31-03-2002 202685
30-06-2002 210950
30-09-2002 219494
31-12-2002 215849
31-03-2003 222977
30-06-2003 230640
30-09-2003 236315
31-12-2003 231293
31-03-2004 248690
30-06-2004 251846
30-09-2004 250614
31-12-2004 244963
31-03-2005 251948
30-06-2005 262619
30-09-2005 270656
31-12-2005 273649
31-03-2006 288909
30-06-2006 294165
30-09-2006 291468
31-12-2006 300298
31-03-2007 304628
30-06-2007 320608
30-09-2007 327846
31-12-2007 332894
31-03-2008 338388
30-06-2008 349791
30-09-2008 354148
31-12-2008 349968
31-03-2009 355465
30-06-2009 361309
30-09-2009 369554
31-12-2009 380490
31-03-2010 398832
30-06-2010 405641
30-09-2010 399910

1 comentário:

Pedro Teixeira disse...

Os holofotes estão há meses (senão anos) voltados para as contas públicas. Mas parece-me que é aqui, nas contas externas, que está o cerne do nosso falhanço. Um país hipotecado, em que as pessoas abdicaram de poupar (a poupança é usada para ensaiar uma ilusão de poder de compra de 1o mundo), em que anos a fio de incentivo ao consumo tirou recursos para o desenvolvimento de uma indústria competitiva e exportadora (como se a indústria fosse coisa do passado). Uma economia não difere muito da gestão de uma casa: se todos os anos sai mais dinheiro do que entra, em algum momento do tempo quem empresta todos os anos o dinheiro que permite à família sobreviver, irá questionar-se se essa família alguma vez irá pagar o que lhe foi emprestado. E apesar da crise desde 2008, e de uma ligeira descida do défice externo, não existe ainda uma clara inversão do nosso modo de vida. Em 15 anos apenas Portugal passou de uma situação de dívida zero para uma situação de dependência (económica e crescentemente política) face ao exterior. Cortar esta tendência, nem que seja à faca, é imperioso. Mas... pense-se o que se pensar, grande parte deste corte é feito por cada um de nós - poupar mais, maximizar a compra de produtos nacionais, empreender mais. Estou a escrever "grego" bem sei, temos infelizmente uma população maioritariamente ignorante ao nível económico. Por mais que a teoria diga que os mercados e as opções dos agentes se ajustam e se equilibram, não vejo há anos (e nem mesmo agora em que a crise chegou ao bolso com os já vários planos de austeridade) qualquer mudança de atitude e de hábitos de poupança/consumo. É imperioso sairmos da ilusão dos anos 90.

Os níveis de dívida externa bruta são aterradores, especialmente porque o país não tem um nível de activos externos que lhe permita compensar. Iremos ter, após a "década perdida", a "década de ajustamento". Teria sido preferível um 2em1 para que hoje pudéssemos ver hoje a luz ao fundo do túnel. Será que o caminho que agora se começa a percorrer é o que nos levará a ver a luz daqui a muitos anos? Talvez já não esteja por cá nessa altura para o presenciar.