13 junho 2011

ESCALÕES DE RENDIMENTO

A tabela abaixo apresenta os dados do total de declarações fiscais por escalões de rendimentos que nos são fornecidos pela Direcção-Geral dos Impostos. Mais concretamente, a primeira coluna dá-nos o escalão de rendimento bruto (declarado às Finanças), a segunda coluna dá-nos a percentagem das declarações de um determinado escalão no total das declarações apresentadas, e a terceira coluna indica-nos o total acumulado dos sucessivos escalões de rendimentos. Como podemos ver, mais de 50% das declarações entregues referem-se a rendimentos brutos inferiores a €13.500 (pouco menos de mil euros por mês, se contabilizarmos 12 salários, bem como os subsídios de férias e de Natal), e 83,2% dos rendimentos declarados pertencem a trabalhadores com rendimentos brutos inferiores a €27.500 por ano. Só 5,9% das delarações referem-se a rendimentos brutos acima dos €50.000 euros.
Ou seja, metade dos trabalhadores portugueses aufere rendimentos brutos abaixo dos €10.000, e cerca de 4 em cada 5 portugueses recebe menos de 2000 euros por mês. Em contrapartida, só 1,1% dos trabalhadores portugueses auferem mais de 100.000 euros por ano. Por outras palavras, e como as estatísticas da OCDE (que já aqui falei várias vezes) demonstram, Portugal permanece um país extrememente desigual. E as políticas dos últimos anos pouco ou nada fizeram para contrariar esta tendência.


Escalão de Rend. Bruto (euros) % do total de declarações Acumulado
€0 0.7% 0.7%
€1-€5000 13.0% 13.8%
€5000-€10.000 28.8% 42.6%
€10.000-€13.500 14.2% 56.7%
€13.500-€19.000 14.5% 71.3%
€19.000-€27.500 11.9% 83.2%
€27.500-€32.500 3.8% 87.0%
€32.500-€40.000 3.9% 90.9%
€40.000-€50.000 3.2% 94.1%
€50-000-€100.000 4.8% 98.9%
€100.000-€250.000 1.0% 99.9%
> €250.000 0.1% 100.0%

9 comentários:

Manuel Vilarinho Pires disse...

Indivíduos ou agregados familiares em que 500€ por mês + 500€ por mês = 1.000€ por mês??

alfacinha disse...

não vai melhorar com os seguinte governo

Rolando Almeida disse...

Sou professor efectivo há 15 anos e tenho um salário líquido de cerca de 1280€ + subsidio de refeição. Com os cortes calculo que já devo andar a perder cerca de 500€ mensais. Há muitos anos que cá em casa nos regulamos com um plano de finanças muito bem elaborado e temos cerca de 1700€ de despesas fixas (alimentação, transportes, escola do filho) fora saúde, vestuário, seguro do carro, etc... Somos os 2 licenciados e em Portugal temos empregos acima da média. Como vivemos? Temos uma casa ajustada às nossas capacidades, só um carro e temos de fazer muitas contas para dar uma melhor educação ao único filho que temos (sem poder ter mais). Tenho insistido aqui em casa para uma eventual emigração para Angola, já que no meu caso não terei melhores possibilidades em outros países.

Carlos Melo disse...

Suponhamos um contribuinte que declare um rendimento bruto de 51000 euros. Metade referindo-se a rendimentos seus, a outra metade a rendimentos do conjuge. Em que escalão se considera nesta estatística: dos 50 a 100 mil ou nos 19 a 27,5 mil?
Caso de tratem de rendimentos do agregado, não faz então sentido dizer que "metade dos trabalhadores portuguses aufere rendimentos brutos abaixo dos 10.000 euros", pois estamos a falar de agregados que poderão ter 2, 3 ou mais elementos a contribuir para o montante declarado. Ou seja mais de metade.
Será que este é um raciocínio correcto

Miguel Pina Gil disse...

Caro Alvaro,
Efectivamente, poderemos olhar para os rendimentos e... ficar a pensar o quão mal estamos...!!!
No entanto, teremos de verificar a evasão fiscal e, até mesma a "evasão fiscal" permitida por Lei. Bastará ver as empresas familiares, como restaurantes, clinicas médicas, ateliers de arquitetura e engenharia, cafés, farmacia, etc, cujas despesas permitidas são mais que muitas, em beneficio dos próprios. Casas em nome da empresa, carros, combustivél, colégios dos filhos, empregadas domésticas, férias, tudo despesas que são imputadas á empresa e, que não são tributadas.. no entanto são rendimentos que os proprios auferem e, que não são declarados!!!
Enquanto não se fizer uma reforma fiscal séria, os dados publicados serão sempre desvirtualizadores da nossa triste realidade!!!
Espero que com este governo, se comece a pôr a casa em ordem!!!
Um abraço,
Miguel Pina Gil

Nico Schella disse...

Gostaria de saber que impacto poderia ter, quer na economia, quer na tesouraria do Estado, uma medida que passasse pela eliminação da retenção na fonte e pelo aumento do imposto sobre o consumo.

Até que ponto poderia esta medida permitir um pequeno aumento da actividade económica e, simultaneamente, manter a receita fiscal.

Nuno Santos

O betinho.. disse...

Agora sim, veremos do que o Sr. é capaz..chegou a sua vez de mostrar o seu valor e o seu profissionalismo, irei aguardar com grande expectativa e sentado, não vá o diabo tecê-las!

Anónimo disse...

GOSTO

Anónimo disse...

flat rate, ou apenas máximo de 3 escalões

porque vou eu matar-me que nem um doido, a quase ter um divorcio pelos meus investimentos financeiros que praticamente não tinha(nem para pagar a empresas de projectos ou luvinhas para apoios "estatais" pois bancos não emprestam a quem não tem algo para compensar) e tempo com filhos a desenvolver algo que finalmente ao fim de 5 anos já me permite exportar para alguns PALOPS

para depois, por ter tido esforço, por não ter ido de férias durante anos, por não ter podido sequer fazer um jantar romântico com a esposa, ou levar os filhos pelo menos uma vês por mês ao cinema,... agora que consigo ter um income decente,... tenho/estou (n)um país que cobra mais IRS para quem ganha mais. (afinal vou ganhar mais para quê??? mais vale canalizar o trabalho para fora do país eda UE, aí depois as finanças que se desempastem com as trocas documentais para as "duplas tributações" de algo que jamais vão saber se foi ou não tributado no Camboja ou no fundo do poço dum país qualquer da treta)

o IVA é igual para todos, porque não é o IRS também?, 10% de 100 é 10, 10% de 1000 é 100, 10% de 10.000 é 1000€ percentagem de IRS igual para todos é o JUSTO, quem mais ganha sempre mais paga.

mania dos países armarem-se em "Robin Hoods", quando nestes dados vê-se que os que ganham mais nem são por aí além, aos quais ter uma offshore é peanuts(custo mínimo) pois sentem que não existe justiça para quem mais ganha.... e quem mais perde com este pensamento é as finanças Portuguesas.

mais IVA (mais uns 2% para os 25%)
manter IRC (talves aumentar 1,5%)
menos TSU (menos uns 10% mínimo)
IRS FLAT ou apenas 3 escalões, com o máximo a não passar dos 20%
aumentar IMI
aumentar IMT

apoios para desempregados à mais de 24 meses poderem sair do país facilmente para empregos fora de Portugal (isto é exportação, pois 24 meses sem trabalho cá, com certeza lá fora sempre mandam algum para cá... e com certeza não são quadros técnicos especializados com necessidade no país)

prioridade na entrada de imigrantes com filhos com menos de 12 anos (já que para os tugas ter um filho ou não ter é kool, porque ninguém pode dispensar a escolinha privada de 500 euros por mês) para tentarmos rejuvenescer a demografia para o futuro

e o mesmo apoio de descontos nas empresas que se faz para o primeiro emprego, aplicar-se a pessoa nos últimos 5 anos antes de entrarem na idade oficial de reforma, se for aos 65 todos com 60 a trabalhar tem o mesmo desconto de IRS e afins dos jovens no primeiro emprego


E para os que acham mal as familias "empresariais" meterem despesas nas empresas que abriram, o que vocês preferem? que eles fechem as empresas? acham que os incentivos para se criar "empresas"/emprego são bons em Portugal? Qual o prémio em Portugal por se ser empreendedor e criar-se valor e conseguir criar emprego? As famílias com empresas que fazem esse tipo de "evasão" em sede de IRS são Microempresas, com uns 3 ou até 10 empregados, que sobrevivem com dificuldades, e têm mais é que abater tudo o que puderem pelo Favor Que Fazem à Sociedade(não ao estado) por fazerem compras a outros fornecedores, por venderem por vezes para o estrangeiro por tirarem pessoas dos subsidios de desemprego e afins... sem contar que todo o dinheiro que alguém nest e perfil parece "poupar" em impostos, acaba por entrar no circuito económico de qualquer maneira com a aquisição de produtos, e bens com IVA, de empresas que depois pagam IRC, IRS, TSU... manquem-se.

Quem trabalha por conta de outrem tem de deixar de ser invejoso pelos que alcançam a "independencia", pois é graças a esses que os países andam para a frente, porque empregados são sempre subsituiveis, empreendedores que se tornam empresarios é uma espécie rara que tem de se dar todo o apoio possível, e deixar poder ter alguma liberdade no encaixe financeiro.