03 junho 2011

O DESASTRE EUROPEU

A Europa continua a dar passos largos em direcção ao abismo. Em vez de ter uma estratégia concertada e coerente, a Europa prefere insistir em apresentar-se dividida. Agora sabe-se que existe uma grande discordância entre o Banco Central Europeu e alguns estados membros sobre a questão grega e a eventual reestruturação da dívida de alguns países. Mais concretamente, o BCE está terminantemente contra qualquer tipo de reestruturação ou de reescalonamento da dívida grega, preferindo insistir no reforço dos mecanismos actuais. 
Infelizmente, é muito difícil antever o sucesso de mais um pacote de ajuda à Grécia. Pessoalmente, penso que será um esforço em vão e não vai dar resultado.  A verdade é que a dívida grega é insustentável e não são pacotes de ajuda externa que vão alterar esta situação.
Um disparate ainda maior seria a constituição de um Ministério das Finanças europeu, que teria poder de veto nas decisões orçamentais dos estados membros. É mais uma vez o mito de que uma Europa federada seria a solução para todos os problemas, inclusivamente a crise da dívida. Não é. E impor soluções federalistas e acabar com a soberania económica dos países em dificuldades seria meio caminho andado para o fim do euro e, quiçá, mesmo da União Europeia, pelo menos como a conhecemos.

1 comentário:

Anónimo disse...

A História não deixará de fazer-se e vai concluir, a seu tempo, que a hesitação da Alemanha na ajuda à Grécia, em finais de 2009, catapultou a crise das dívidas soberanas , pois tornou evidente aos mercados financeiros que a solidariedade europeia, que justificava spreads soberanos baixos para os países da Europa do Sul, era apenas uma ilusão nascida com o euro.

Um erro de avaliação por parte de políticos com elevadas responsabilidades que, depois do Lehman Brothers (cuja falência pretendia ter efeitos "higiénicos" e ía acabando com os mercados financeiros), não se pensava que voltasse a ser cometido tão cedo.

Hoje, a UE, comandada aos tombos por uma Alemanha ziguezagueante, recua de forma desordeira e sem qualquer Plano B. A verdade é que já não há alternativa à reestruturação das dívidas soberanas, com prorrogação dos respectivos prazos. O resto é folclore político de líderes fracos.