
No entanto, há um ponto que não está na agenda, um ponto que poderia fazer bem mais do que as largas centenas de milhões de dólares de ajuda externa que chegam a África todos os anos. Mais do que a ajuda externa (que é importante, é certo), mais do que a nossa compaixão, os africanos necessitavam que os ocidentais (os americanos, europeus e japoneses) abrissem os seus mercados aos seus produtos. Mais do que a nossa ajuda, os africanos beneficiariam muito mais se deixássemos de ser hipócritas ao prescrever o comércio livre para os outros, enquanto continuamos a proteger os nossos mercados agrícolas e dos produtos têxteis. Mais do que ajuda externa, os africanos precisavam que abrissemos as portas dos nossos mercados às suas exportações. E era principalmente isso que Bush e a União Europeia deviam ir a África discutir. A África não precisa da nossa compaixão, precisa dos nossos mercados.
3 comentários:
Nem mais.
Em relação a post anterior, boas notícias a segunda edição do seu livro já estar nas bancas. Já o vou poder obter.
Gosto imenso do blogue e acompanho quase diariamente.
Cumprimentos.
PR,
Muito obrigado pelas simpaticas palavras. Espero que tambem goste do livro. Quando o ler, se quiser mande comentarios!
Cumprimentos
Alvaro
Que África precisa dos nossos mercados é evidente. Que África precisa mais do que as nossas esmolas, de investimentos sérios no seu próprio continente, unica maneira de travar a fuga maciça de africanos para a Europa, também começa a ser evidente. Embora seja de muito dificil concretização já que a organização política de Africa foi feita contra-natura e não parece haver forma de solucionar o problema. Mas o problema mais grave e para o qual ninguém parece vislumbrar solução é que as mercadorias vindas das fragilissimas economias africanas (e não só),são transacionadas a preços incrivelmente baixos por poderosos e experientes importadores que não deixam grande margem de manobra aos negociadores desses estados.
E claro que ninguem finge ver esse problema, já que o ocidente precisa desesperadamente desses produtos a preços de miséria.(basta pensar que um Jantar para dois no centro de Paris vale o preço de uma tonelada de grão de café torrado no produtor). A miséria do terceiro mundo assegura de algum modo o nosso bem estar.
Bem estar esse que parece já ameaçado pelo crescimento de outras economias que parecem querer sair da miséria como a chinesa, fazendo com que a estabilidade do emrpego na Europa desaparecesse e que a crise social estivesse na ordem do dia.China essa que nos vai roubar África, a América do Sul e o Sudoeste Asiatico porque os seus produtos, embora de menor qualidade, são vendidos a preços muito mais acessiveis em mercados pobres que dificilmente poderão aceder aos produtos ocidentais.
Enfim, se queriamos globalização, aqui a temos com uma enorme complexidade de questões que nos pareceriam há uns anos ficção cientifica mas que vão mudar o mundo.
Enviar um comentário