19 fevereiro 2008

AS INVERDADES DOS NÚMEROS

O DN anuncia hoje com destaque: "Desemprego cai 12,4% com professores à frente". O mesmo jornal revela que: "O número de inscritos nos centros de emprego caiu 12,4% em Janeiro, face ao mesmo mês do ano passado, o que representa menos 57 mil desempregados, para um total de 399,6 mil." e que "Relativamente às ofertas de trabalho recebidas pelos centros do IEFP, o mês de Janeiro totalizou 10655, um valor que traduz um aumento de 8,8% face a Janeiro de 2007".
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Ora aí está um óptimo exemplo de como não fazer jornalismo económico. A notícia não está bem redigida, pois faz crer aos leitores que o desemprego decresceu mais de 12 por cento. Isso não é verdade. Pelo menos não necessariamente. O que os jornalistas deviam dizer era que o número de inscritos nos centros de emprego desceu 12 por cento, não que o desemprego decresceu esse valor.
Qual é a diferença? Muito simples: só contam para os números do desemprego os(as) desempregados(as) que estão activamente à procura de emprego. Quem não estiver registado e não andar à procura de trabalho simplesmente não conta para as contas do desemprego. Ou seja, a descida dos números não revela nem os desempregados desencorajados nem sequer as pessoas que optaram por emigrar.
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Aliás, a própria notícia contradiz-se ao revelar que somente se criaram 10,600 mil novos empregos. E assim vale a pena perguntar: o que é que se passou com os outros 47 mil?
Assim, o que os jornalistas queriam dizer (mas não disseram) era que os números das pessoas inscritas nos centros de emprego baixaram. Ponto final. Em seguida, o que deviam informar era qual a percentagem da descida que corresponde tanto aos desempregados desencorajados e a percentagem de novos empregos. O que a notícia nunca devia afirmar era que o desemprego baixou 12.4 por cento. Até podia ser verdade, mas não é.

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