15 janeiro 2008

A CHANTAGEM INEVITÁVEL

Como se esperava, começou a campanha de vitimização por parte daqueles que têm pedido excepções à Lei do Tabaco. Segundo o jornal PÚBLICO, um inquérito da Associação de Bares do Porto a 200 estabelecimentos revela que a quebra de afluência ronda entre os 30 os 70 por cento. Segundo os representantes deste sector, esta é uma quebra "alarmante", havendo já alegados casos de despedimento. Como a economia atravessa um período menos bom e o desemprego tem vindo a subir, a conclusão é óbvia: a Lei do Tabaco só aumenta a crise económica, o desemprego e o mal-estar social. Ou seja, o governo tem que recuar na aplicação desta medida.
Que disparate. Com efeito, este alegado inquérito só tem um propósito: exercer chantagem sobre o governo e levantar alarmismos. Em todos os outros países em que foram implementadas Leis do Tabaco não houve nenhuma quebra de afluência aos estabelecimentos nocturnos. Posso estar enganado, mas não é de todo crível que Portugal venha a ser uma excepção desta regra.
Se, pelo contrário, formos honestos e isentos (o que a Associação de Bares e os seus inquéritos nunca poderão ser), percebemos duas coisas. Primeiro, mais do que um inquérito levado a cabo pelos interessados pelo fim da Lei do Tabaco, interessava fazer um levantamento exaustivo do verdadeiro impacto económico da mesma lei, estudo que deveria ser feito por uma entidade idónea, sem interesses em relação à lei. Segundo, e mais importante, pensemos por um momento como economistas. A que números devemos comparar os números do inquérito da Associação de Bares do Porto? Claramente que não aos do fim do ano ou do período de festividades, o que suspeito que tenha sido feito. Para serem comparáveis, os números de Janeiro têm que ser confrontados com os números de Janeiro de 2007 e dos anos anteriores. Se isso não foi feito, os números do inquérito da Associação de Bares do Porto não merece o mínimo destaque, muito menos num jornal nacional.

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