Fernando Ulrich, presidente do BPI, afirmou hoje que "Esta é a crise mais séria com que me deparei durante toda a minha vida profissional." Não, não estava a falar sobre a crise da economia nacional, mas sim sobre a crise financeira que se tem abatido sobre a economia mundial. É mais um aviso, desta vez interno, do quão grave e danosa pode ser a crise dos mercados financeiros mundiais, conjugada com a crise da sub-prime e do crédito nos Estados Unidos, e ainda com o impacto que esta está a ter no mercado imobiliário americano. Os sinais de crise sucedem-se quase diariamente. Sem dúvida que muito do que se vê e ouve nas notícias é especulação. Afinal, é sabido os media gostam de empolar as coisas. No entanto, há sintomas preocupantes em vários quadrantes da economia americana (e mundial). É a contracção do crédito. É o rebentar da bolha especulativa do mercado imobiliário. É o défice orçamental desmesurado. É uma administração fundamentalista que só tem uma receita para combater as crises (os cortes de impostos). É o preço do petróleo a atingir valores nunca dantes vistos.
Parecem estar reunidos todos os ingredientes para uma crise grave e com contornos globais. Será que esta se irá materializar? Ninguém tem a certeza. Um abrandamento é inevitável e, pelo que parece, uma recessão também. O que resta saber é quão longa, quão extensa e quão profunda será esta recessão. Por um lado, estamos, sem dúvida alguma, mais bem preparados para combater uma recessão global do que nos anos 70 (quando o preço do petróleo triplicou em poucos meses). Por outro lado, a economia mundial também está bem mais integrada do que então, o que quer dizer que um choque numa economia como os Estados Unidos terá maior impacto e maiores ramificações. No entanto, temos que levar em linha de conta um factor que não existia nos anos 70, que é a entrada da China e de outros importantes países subdesenvolvidos no processo económico internacional. Nunca os países subdesenvolvidos cresceram tanto como actualmente e nunca a economia mundial esteve tão dependente destes mesmos países. Pelo menos na era moderna. Por isso, apesar dos sinais de alarme se repetirem um pouco por todo o mundo ocidental, não carreguemos já no botão de pânico à espera da maior recessão mundial desde os deprimentes anos 30. Ainda não estamos lá (bem longe disso) e é provável que lá não cheguemos. Nem que não seja porque actualmente estamos muito mais bem equipados para lidar com este tipo de ameaças.
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