18 janeiro 2008

A MADEIRA VISTA PELOS LEITORES (2)

O Rolando Almeida, autor do blog Filosofia no Ensino Secundário, diz o seguinte sobre a questão da independência madeirense:
"Numa análise muito pessoal e num comentário informal, creio que a Madeira até possui condições para avançar para a independência. Claro está que os recursos económicos da Madeira não satisfazem as necessidades de equilíbrio de uma balança comercial. A RAM, além do turismo, tem pouco para oferecer. Nem o bordado madeira, nem o vinho madeira constituem recursos viáveis para sustentar uma Madeira Independente. Poder-se-ia pensar no mercado das pescas, conservas e congelados, mas, inexplicavelmente, em Portugal e na ilha da Madeira também, não existe um investimento sério e consistente no sector das pescas. Na Madeira come-se mais carne que peixe, provavelmente, não sei, fruto de acordos externos que faz com que a carne chegue à ilha a preços mais acessíveis. Se todos estes factores não contribuem para o auto sustento madeirense, o que me faz pensar que, do ponto de vista económico, seria viável a independência da Madeira? O offshore é a saída. Sabemos bem que as zonas onde se vive em maior luxo no mundo não são as zonas com mais recursos e mais matérias primas. E hoje em dia, uma das formas mais eficazes de criar riqueza é especular o dinheiro. Não estou aqui a manifestar uma preferência pessoal. Não sei se gostaria de viver numa ilha à custa de um offshore. Mas o certo é que há outras regiões no mundo cujos paraísos fiscais sustentam príncipes e as suas vidas luxuosas. A Madeira poderia afirmar-se como uma espécie de Mónaco português.
Mas, por outro lado, creio que a Madeira se tem como possibilidade a sua independência, na prática, nunca será independente. E isto porquê? A cultura da Madeira é, essencialmente, uma cultura portuguesa e fortemente marcada pela nacionalidade. Numa análise completamente empírica, quando há anos cheguei à Madeira, achei espantoso que os madeirenses em matéria futebolística sejam, quase sempre, ou benfiquistas, sportinguistas ou portistas e somente depois, são maritimistas ou nacionalistas. Interpelei muitos madeirenses colocando o seguinte dilema: e se estivesse em causa o campeonato, que clube defenderiam? E mesmo assim é espantoso o número de respostas que relegam os clubes regionais a futebolar na 1ª liga, Marítimo e Nacional da Madeira, para segundo lugar. Este pode constituir um indicador da forte identidade nacional da madeira do ponto de vista cultural.
Existe com efeito uma circunstância actualmente na Madeira que deixa qualquer um admirado. Se comprarmos uma viagem aérea para Londres, por exemplo, ida e volta, conseguimos pagar qualquer coisa como 100? (mas consegue-se até mais barato). Mas se desejarmos ir ao continente, pagamos cerca de 250?, ida e volta. Esta realidade é incompreensível e constitui um pilar do desenvolvimento futuro da Madeira, a saber, flexibilizar por completo as viagens aéreas"
Penso que estes são comentários muito pertinentes, e que vincam bem o passado comum que existe entre nós. A questão das preferências clubísticas é muito interessante e revelador, se bem que mesmo em Angola e Moçambique as pessoas continuam a seguir o futebol português (mas talvez prefiram os seus clubes aos portugueses).
Em relação à questão dos preços de avião, a resposta é simples: menos concorrência e menor mercado. Seria interessante que se estimulasse a oferta das companhias low-costs para a Madeira. Alías, acho que é uma inevitabilidade que isso aconteça muito brevemente numa escala significativa. A Madeira (aliás, como os Açores) é uma das pérolas da Europa e poder-se-à tornar num destino turístico ainda maior.

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