29 janeiro 2008

O I3S E O IPATIMUP

O Primeiro-Ministro e o Ministro da Cíência apadrinharam a fusão dos três institutos de investigação da Universidade do Porto, o INEB (Engenharia Biomédica), o IBMC (Biologia Molecular e Celular) e o Ipatimup (Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto. Alguns destes institutos fazem da melhor investigação na área da Ciência em Portugal e, por isso, esta fusão é significativa. O objectivo a médio prazo é passar de um contrato de cooperação para uma eventual fusão, criando o Instituto de Inovação e Investigação em Saúde (I3S). Sinceramente, acho que esta é uma boa ideia e é o primeiro passo no sentido de uma maior racionalização do sector da investigação. Durante anos, universidades e institutos propagaram-se um pouco por todo o lado, como se a qualidade educativa aumentasse com a quantidade de instituições. Como se o progresso do país estivesse dependente do aparecimento de mais uma faculdade, de mais uma universidade, de mais um instituto politécnico. Não é. Nunca foi e nunca será. Nesse sentido, a fusão de universidades e de institutos é uma inevitabilidade, que irá acontecer no nosso país. E ainda bem, digo eu.
Dito isto, o que eu tenho dúvidas é que uma instituição com quase 700 investigadores (!) possa trabalhar eficientemente. Afinal, como afirma Alberto Amaral, antigo reitor da Universidade do Porto: "Não há nenhum sítio em Portugal, nem há muitos sítios na Europa, que reúna num instituto de investigação cerca de 600 investigadores altamente qualificados" Pois não. E porque será? Será porque não faz sentido agregar tantos investigadores numa só instituição? Será que porque uma tal instituição poderá ser mais uma fonte de burocracia do que de excelência? Será porque existe o risco de existirem rendimentos decrescentes? Ou será que nós, portugueses, é que descobrimos a pólvora e inventámos uma supra-instituição investigadora capaz de rivalizar como o próprio MIT (tão admirado pelos nossos governantes)?
Acima de tudo, o que lamento é a escolha de nomenclatura. IPATIMUP é tão mais sui generis, tão mais singular, tão mais atraente do que I3S. I3S? I3S?? Que nome tão desadequado a instituição tão nobre, tão promissora, a um sonho tão bem sonhado. Parece mais uma designação de robots de um livro de ficção científica do que o nome daquele que pretende ser o instituto médico mais importante de Portugal.

Sem comentários: